Julgamento de Lula eleva a tensão no Supremo Tribunal

Publicado em Economia

DENISE ROTHENBURG

 

O PT prepara uma vigília em frente do Supremo Tribunal Federal para esta terça-feira (26/06), quando a 2ª Turma julgará um novo pedido de liberdade do ex-presidente Lula com suspensão dos efeitos da sentença, ou seja, a inelegibilidade. A ansiedade impera porque, até dentro do Supremo, há ministros preocupados com a possibilidade de os integrantes da 2ª Turma optarem por um meio termo: deixar Lula aguardar fora da prisão o julgamento nas demais instâncias, mas não acolher o pedido de suspensão dos efeitos da pena, ou seja, a inelegibilidade.

 

Afinal, uma coisa é suspender a execução da pena, algo possível. Porém, não dá para o Supremo dizer desde já que o presidente pode ser candidato, uma vez que essa questão tem que passar primeiro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Enquanto alguns ministros deixam transparecer suas preocupações, outros consideram que o PT pode fazer barulho, mas não conseguirá soltar Lula. É que, na prática, conforme avaliam juristas, não há diferença entre esse pedido feito por medida cautelar e os habeas Corpus já julgados pelo STF, como aquele de 10 de maio, quando a 2ª Turma optou pela manutenção da prisão do ex-presidente.

 

Na dúvida, os petistas vão fazer coro para dizer que o caso de Gleisi Hoffmann, absolvida num dos processos de corrupção, e o de Lula, já condenado, são iguais, mas não são. Gleisi é senadora e seu processo se baseava apenas em uma delação premiada. O caso do triplex no Guarujá não ficou apenas na palavra do delator contra a do ex-presidente. Na avaliação da Justiça, havia provas. É nesse clima de confronto que a 2ª turma analisará mais uma vez o destino de Lula.

 

Onde mora o perigo

 

Os partidos à esquerda não querem nem cogitar a hipótese de o STF soltar Lula, mas não lhe garantir a candidatura. É que, nesse caso, o petista prontamente percorreria o país nessa fase “apagando” os adversários de esquerda. Porém, não passaria a garantia da candidatura, considerada condição primordial para atrair aliados. Logo, o debate continuará travado e com o não candidato no papel de favorito.

 

Onde mora a tática

 

Lula não está nem aí para a preocupação dos partidos de esquerda. Ele sabe que apenas um milagre fará dele candidato, mas vai jogar com o tempo. Como a campanha só começa em agosto, ele tem até lá para ver qual o melhor nome do PT para substituí-lo.

 

Brasília, 06h43min