Inquietação do mercado leva dólar a quase R$ 3,80

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

A inquietação do mercado com os cenários interno e externo não teve interrupção nesta sexta-feira (18/5). Em menos de dez dias a moeda norte-americana superou as barreiras psicológicas de R$ 3,60 e R$ 3,70 e, agora, se aproxima dos R$ 3,80. Nesta manhã, a cotação chegou a R$ 3,77, registrando a sexta alta consecutiva.

 

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), também sofre com os reflexos das turbulências, atingindo uma queda de quase 2%. Às 13h, a ações recuavam 1,49%, aos 82.376 pontos. Já o dólar subia 1,16%, cotado a R$ 3,747.

 

Os investidores estão afoitos quanto a elevação dos juros americanos pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano). O cenário externo que até meses atrás era favorável para países emergentes, como o Brasil, sofreu uma reversão, diminuindo a atratividade pelos ativos de risco.

 

Tanto é que a dívida dessas nações avançou para US$ 19,3 trilhões. De acordo com a agência de classificação de risco Fitch Rating, os emergentes terão uma fase “desafiadora” com a alta dos juros americanos, porque estarão mais vulneráveis.

 

Alguns analistas afirmam que, por conta do ambiente de incertezas, a essa volatilidade do dólar deve se manter forte, podendo levar o câmbio a R$ 4 ou mais. Os agentes também testam o Banco Central (BC), que nesta semana decidiu não reduzir a taxa Selic, mantendo o nível a 6,5% ao ano.

 

O mercado estava “vendido”, segundo analistas, e foi surpreendido pela comunicação do BC, que sinalizava mais um corte nos juros. Essa “falta de comunicação” fez com que as taxas futuras com vencimento em janeiro de 2019 disparassem 36 pontos-base, atingindo 6,68%. A alta é mais expressiva para os contratos de 2021: avançaram 50 pontos-base, cotados a 8,86%.

 

Thiago Figueiredo, gestor de fundos da GGR Investimentos, declarou que a curva de juros está “explodindo”. “Não tem porta de saída para todo mundo. O mercado inteiro estava apostando em queda da Selic”, disse. “Os que compraram não estão achando vendedor. É muita oferta para pouca demanda”, completou o analista.

 

Apesar do movimento, a alta do dólar é um movimento internacional, que ocorre com praticamente todas as moedas de países emergentes. Mesmo assim, há uma insegurança geral quanto ao cenário político do país no próximo ano. As eleições se aproximam sem um candidato competitivo que entrega as expectativas do mercado, como as reformas que ainda não foram implementadas.

 

Brasília 13h08min