Ingerências políticas agravaram problemas da Geap

Publicado em Economia

ANTONIO TEMÓTEO

 

Em áudio ao qual o Blog teve acesso, o novo diretor executivo da Geap Saúde, Roberto Sérgio Fontenele, deixa claro que ingerências políticas ajudaram a agravar a situação financeira da empresa, que precisa de uma injeção de capital de R$ 130 milhões até junho deste ano para não quebrar. “Infelizmente, a Geap tem um componente político muito forte. Então, não vamos ser bestas, não vamos tapar o sol com a peneira, porque a gente vai ter que lidar com duas situações: trabalhar seriamente e tentar conversar com os políticos para não tentarem destruir a Geap, porque a grande maioria que passou (pelo diretoria) só fez isso com a empresa”, diz.

 

O executivo destaca, em conversa com funcionários da Geap, que a proposta dele, se deixarem, é de fazer um trabalho técnico. “Não sou político. Aliás, sou anti-politico. Não estou falando em nomes, não estou falando em partidos, não estou falando de políticos. Nada disso. Estou falando da realidade que a gente encontrou”, afirma. “Não sei se fico aqui uma semana, um mês, um ano ou 10 anos. Tanto importa. Sou aposentado, tenho dinheiro para viver, tenho uma consultoria que está suspensa, pois não faço duas coisas ao mesmo tempo. Estou aqui porque fui convidado para uma missão, que é a de ajudá-los a salvar a Geap” destaca.

 

Fontenele ressalta que, há muitos anos, convive com pessoas da Geap. “Mas a Geap de hoje me deixa tonto. Todo dia é uma novidade. Estava dizendo ontem para alguns amigos que, se tivessem me contado metade do que estou sabendo em três semanas, não teria aceitado. Já entro na Geap com meus bens indisponíveis. Que loucura. Em troca de uma salário de R$ 36 mil, me desculpem, não preciso desse salário para viver. Isso é um salário enorme, mas condizente com a missão que me foi dada.”

 

Ele assinala que arrumar os R$ 130 milhões que a empresa precisa até o fim de junho não será fácil. “Primeiro, porque estamos perdendo vidas (clientes), não estão entrando recursos novos. Segundo, porque, em duas semanas, não dá para montar esquema nenhum. Nem diretores eu tenho ainda, porque estão brigando para ver se aceitam ou não os nomes que estou indicando”, frisa.

 

Fontenele conta que já conversou com um diretor do Conselho de Administração da Geap e deu um xeque-mate: se não aprovarem logo os nomes dos diretores que indicou, estará fora. Pelo site da empresa, quase todos os cargos de direção estão vagos. Ele indicou Luciana Teixeira Carvalho, atual diretora de Controle e Qualidade, para assumir a diretoria de Saúde. A área de controle deve ficar com Gilton Paiva Lima; a financeira, com Adriano Suzarte; e a administrativa, com Marcos Vinícius.

 

O Blog tentou entrar em contato com a Geap para comentar as declarações de Fontenele, mas não encontrou ninguém.

 

Brasília, 13h09min