Incerteza política leva investidores a apostarem em crescimento menor

Publicado em Economia

A euforia dos investidores em relação à economia brasileira está se esvaindo. Diante das incertezas políticas cada vez maiores, por causa das eleições, muitos estão botando o pé no freio e suspendendo operações, sobretudo as que envolvem ampliação de fábricas e contratação de pessoal. A aposta, agora, é de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano ficará, na melhor das hipóteses, entre 2% e 2,5%. Os 3% estimados pelo governo passaram a ser um teto.

 

Na avaliação dos investidores, o quadro político brasileiro está incerto demais e totalmente judicializado. A dúvida se Lula será ou não candidato atormenta a todos. É grande a apreensão em relação ao julgamento marcado para esta quarta-feira, 4, do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Muitos acreditam que a mais alta Corte do país livrará o petista da cadeia, mesmo tendo sido condenado em segunda instância.

 

Para os investidores, livre da prisão, Lula tocará fogo nas eleições, radicalizando o debate, a despeito de ter a candidatura vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa. Nesse clima de radicalização, que favorece o deputado Jair Bolsonaro, da extrema direita, as oscilações dos ativos vão aumentar, provocando perdas, sobretudo, aos pequenos poupadores.

 

Olhando para o  atual quadro eleitoral, os investidores não veem nenhum candidato de centro-direita capaz de atrair a atenção do eleitorado. É isso o que mais aflige os donos do dinheiro. Mantida a atual tendência, é muito possível ter um segundo turno entre Bolsonaro um candidato de esquerda apoiado pelo PT de Lula. No entender dos investidores, será como empurrar o país para a beira do abismo.

 

É por isso que todos estão pisando no freio e revendo as projeções para este ano. Como diz um banqueiro, é melhor deixar o dinheiro parado rendendo pouco, já que a taxa básica de juros (Selic) está no nível mais baixo da história, de 6,50%, do que correr o risco de levar um baita prejuízo num país radicalizado, dominado ou pela extrema esquerda ou pela extrema direita.

 

Segundo os investidores, a situação está tão turva que, nem mesmo com a Selic baixa, os investimentos produtivos e o consumo estão acelerando o passo. No início do ano, até se acreditou que o PIB engataria de vez um crescimento mais forte. Contudo, dadas às incertezas que só aumentam, a política voltou a contaminar a economia.

 

Brasília, 19h14min