Ibre prevê queda de até 2% no PIB de 2020, mas “com viés de baixa”

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) prevê queda de até 2% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, devido aos impactos econômicos da pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, no Brasil. No cenário otimista, a variação do PIB deveria ser zero e, no básico, a retração seria 0,9%. Essas projeções fazem parte do mais recente Boletim Macro divulgado nesta quarta-feira (25/03).

 

O cenário pessimista já é considerado como o mais provável para a economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Ibre, em função da evolução rápida da epidemia no país nos últimos dias. “A tendência é de baixa na projeção, porque o índice de condições financeiras não contempla todo o choque do confinamento das pessoas. Dependendo da duração do lockdown, a queda pode ser muito maior”, afirmou a especialista ao Blog

 

As últimas projeções do Ibre foram muito próximas do resultado do PIB brasileiro divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No cenário pessimista, que caminha para ser o mais provável, a previsão de retração do PIB no segundo trimestre é de queda de até 10%.

 

De acordo com o relatório, a crise atual é o maior desafio mundial desde a Segunda Guerra Mundial.  “Poucas vezes no passado houve um nível tão alto de incerteza, só comparável à apreensão com que a sociedade vê a crise de saúde pública se aprofundar. A velocidade com que o vírus se espalha, aqui e lá fora, é incomparavelmente maior que a capacidade de se produzirem indicadores de seus impactos sobre a economia”, informou o documento. “A dificuldade de prever o tamanho da epidemia, e de aferir o seu impacto sobre a economia, torna quase impossível projetar para onde vão o nível de atividade e outros indicadores econômicos este ano”, adicionou o texto.

 

Antes da proliferação da epidemia, a estimativa do Ibre para o crescimento do PIB brasileiro neste ano era de 2,2%. Mas, logo depois do avanço do coronavírus na China, o Instituto havia reduzido para 2%, em fevereiro, e, agora, para -0,9%. “Dar um número fechado agora e dizer que este é o cenário mais provável é impossível”, explicou Silvia.

 

O estudo mostra ainda que os trabalhadores informais, em 2019, respondiam por 45,7% de toda força de trabalho e a renda média, de R$ 1,5 mil ao mês, correspondeu a 66% do rendimento médio de toda a população ocupada. Com isso, os informais responderam por 30% do total, quase um terço. Os dois últimos cenários projetam quedas mais significativas, além de um cenário de não estabilização da renda por todo ano, de acordo com o documento.