À espera do STF, Bolsa desaba e dólar vai a R$ 3,355

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

Como era de esperar, o mercado financeiro iniciou a quarta-feira, 4, mergulhado no nervosismo. De olho do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os investidores pressionaram as ordens de vendas de ações. Com isso, o Ibovespa, que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), caia 2,01% às 11h12. O dólar, com alta de 0,52%, atingiu R$ 3,355, cotação que não se vê há quase um ano.

 

A tensão no mercado aumentou diante das mensagens do general Eduardo Villas Bôas, de que o Exército repudia a impunidade. A manifestação por meio de rede social estimulou suspeitas de que o Exército estaria pronto para uma intervenção militar a depender da decisão do Supremo. Generais trataram, porém, de afastar essa possibilidade, alegando que o Exército está se pronunciando como qualquer outra entidade. Afirmaram ainda  que não se pode interpretar mensagens do Exército com os olhos do passado.

 

A torcida do mercado é pela negativa do habeas corpus pelo Supremo. Com isso, Lula poderia ser preso pois já foi condenado em segunda instância. Mas tudo pode acontecer. Inclusive o STF suspender o julgamento do habeas corpus para votar antes duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs), que podem derrubar a prisão em segunda instância, abrindo espaço para a impunidade. Os criminosos ricos poderiam protelar ao máximo suas sentenças. Por isso, tanta indignação nas ruas.

 

O clima de tensão tenderá a se estender por todo dia e pode se prolongar para quinta-feira, 5, uma vez os ministros prometem votos longos. Ou seja, nem todos teriam tempo para expor suas posições. Também dentro do governo a expectativa é grande. Todos os movimentos do STF estão sendo acompanhados com lupa. O Palácio do Planalto tem muito interesse no assunto, pois, caso o STF conceda o habeas corpus a Lula e ainda derrube a prisão em segunda instância, vários aliados tenderão a se beneficiar, escapando da prisão.

 

Brasília, 11h18 min