Dólar dispara e atinge a maior cotação em nove meses

Publicado em Economia

O clima beligerante na política mexeu com os nervos do mercado financeiro. Tanto que o dólar encerrou as negociações desta terça-feira, 3, cotado a R$ 3,339 para venda, o nível mais elevado desde junho do ano passado, com alta de 0,72%. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) cedeu 0,05%, para os 84.623 pontos, e as taxas de juros futuros aumentaram, refletindo as incertezas em Brasília.

 

Segundo analistas, há um quadro de comoção no mercado financeiro diante do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do habeas corpus impetrado pela defesa do es-presidente Lula. Teme-se que, além de se livrar da cadeia, mesmo tendo sido condenado em segunda instância, o petista possa disputar a Presidência da República em outubro próximo.

 

Na visão do mercado, não haverá trégua por parte de Lula e do PT. A expectativa é de que o processo eleitoral seja tumultuado, sem chances de um candidato reformista conseguir emplacar o seu discurso. O maior medo dos analistas é o de que o país passe a ser comandado por um grupo radical, de esquerda ou de direita, a partir de 2019.

 

Nenhum dos candidatos de centro-direita anima o mercado. O quase ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se filiou ao MDB nesta terça-feira, mas não conseguiu empolgar. Por mais que considerem Meirelles o candidato ideal, capaz de conduzir o país por um caminho sem turbulências, são quase remotas as chances de ele vencer a disputa.

 

Na verdade, dizem os analistas, a filiação de Meirelles sequer garante a candidatura dele ao Palácio do Planalto. Apesar de bombardeado pela prisão de seus amigos, o presidente Michel Temer continua com sérias intenções de ser o candidato do MDB, tendo, possivelmente, Meirelles como vice.

 

Para integrantes do mercado, o melhor seria que Lula fosse preso logo, saindo do jogo eleitoral, abrindo espaço para que candidatos mais comprometidos com as mudanças estruturais do país possam emergir. O problema é que os analistas acreditam que o STF tenderá, por seis votos a cinco, a manter o petista livre das grades. Nesse ambiente complicado, os investidores estão preferindo buscar proteção no dólar.

 

Brasília,  18h36min