Dinheiro do governo acaba em agosto. Nova meta sai na semana que vem

Publicado em Economia

A falta de recursos na Esplanada é total. Técnicos que acompanham o dia a dia do caixa do Tesouro Nacional afirmam que, na melhor das hipóteses, só há recursos para movimentar a máquina até o fim de agosto. O único jeito de o governo evitar o colapso será liberar parte dos R$ 45 bilhões que estão bloqueados para o ajuste fiscal.

O quadro está tão complicado, que, para liberar parte do Orçamento para despesas triviais, o governo deve antecipar, para a próxima semana, o anúncio da mudança nas metas ficais deste ano e de 2018. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, diz que o comunicado sobre as novas metas será feito somente no fim do mês, com o envio, para o Congresso, da proposta de Orçamento do ano que vem. Mas a máquina não aguentará esperar tanto tempo.

 

Um técnico explica que a mudança nas metas fiscais e a liberação de recursos do Orçamento estão ligadas. “Se o governo descontingencia recursos, a previsão de deficit nas contas públicas aumenta imediatamente, pois não há como repôr as verbas. As perspectivas com receitas extras se mostraram inviáveis”, diz. “Então, para ampliar as gastos, só com deficit fiscal maior.”

 

A grande preocupação do governo é de não politizar o assunto, considerado sensível por seus impactos no mercado financeiro. “É natural que o governo queira dar um tratamento estritamente técnico às mudanças nas metas fiscais. Mas é importante que a revisão dos números ocorra rápido. O dinheiro para bancar a máquina está acabando”, reforça outro integrante da equipe econômica.

 

Nesta terça-feira, 1º de agosto, os ministros da Fazenda e do Planejamento, Dyogo Oliveira, tomaram café da manhã com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o senador Romero Jucá, defensor da mudança nas metas fiscais. Ele garante que, neste momento, em vez de parar a máquina pública, o governo deve ampliar os gastos. É questão de sobrevivência para uma administração tão impopular.

 

O presidente Michel Temer já deu o aval para a fixação de novas metas fiscais. A deste ano, de deficit de até R$ 139 bilhões, pode chegar a R$ 155 bilhões. A de 2018, de R$ 129 bilhões, tende a saltar para R$ 140 bilhões. Os números estão sendo fechados. Os mais pessimistas falam em rombo de até R$ 159 bilhões neste ano.

 

Brasília, 11h35min