Correio Econômico: Nomeação suspeita no Ministério do Trabalho

Publicado em Economia

ANTONIO  TEMÓTEO

 

As trapalhadas no Ministério do Trabalho continuam de vento em popa. Após ser flagrado circulando com o carro oficial da pasta — enquanto há uma crise no governo sobre a indicação da deputada Cristiane Brasil para comandar a pasta —, o ministro interino, Helton Yomura, voltou a aprontar. Nomeou, em 2 de janeiro de 2018, Géssika Tessarolo Balbino para o cargo de assessora da Secretaria de Inspeção do Trabalho, com um DAS 4, e recebeu recomendação do procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, e da vice-procuradora-chefe da Procuradoria da Regional do Trabalho no Distrito Federal, Heloísa Siqueira de Jesus, de revogar a decisão.

 

Os integrantes do Ministério Público do Trabalho (MPT) informaram que Géssika não é auditora-fiscal do Trabalho, nem sequer é servidora de carreira e que o regimento interno da pasta prevê que os cargos e funções comissionadas da Secretaria de Inspeção sejam providos, exclusivamente, por auditores.

 

Os procuradores explicaram que o ocupante do cargo possui acesso a informações sigilosas e estratégicas, e ressaltaram que o sistema de inspeção do trabalho, como uma atividade de Estado, não pode ser confundida com qualquer atuação política.

 

Após o alerta dos procuradores, Yomura exonerou Géssika do cargo, mas a acomodou como assessora do gabinete do ministro, também com um DAS 4. Chama atenção o fato de o ministro interino não conhecer as normas da pasta. Vale lembrar que ele foi indicado para o posto pela deputada federal Cristiane Brasil.

 

Os problemas não param por aí. A jovem é filha da prefeita de Cuparaque (MG), Mônica Tessarolo (PTB), integrante do partido que comanda o Ministério do Trabalho. Além disso, o pai é Ronaldo Balbino, ex-vice-prefeito da cidade. Balbino foi cassado em outubro de 2009, após decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), por compra de votos na eleição.

 

Imbróglio

 

O caso chegou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2011. No recurso apresentado, o político tentava retornar ao cargo e suspender a decisão do TRE que convocou novas eleições no município. Ele e prefeito foram acusados pela coligação adversária A Vez do Povo (PMDB/PDT/PSB) de captação ilícita de votos.

 

A coligação alegou que eles teriam ofertado dinheiro e feito algumas promessas a determinados eleitores, como conserto de telhado e entrega de uma bicicleta, em troca de votos. Testemunhas também teriam declarado que, em 5 de outubro de 2008, dia das eleições, vários jovens que votariam pela primeira vez receberam R$ 50 para escolher os candidatos a prefeito e vice.

 

Na página eletrônica da Prefeitura de Cuparaque, Balbino aparece identificado em algumas notícias como secretário de Administração do município. Além disso, quando está em Brasília, é acompanhado pela filha quando visita gabinetes de deputados federais em busca de recursos para a cidade.

 

Brasília, 06h57min