Contra Ciro, Palácio do Planalto deixou Meirelles à deriva

Publicado em Economia

Para inviabilizar a aliança entre o Centrão (PR, PP, DEM e PRB) e Ciro Gomes (PDT), o Palácio do Planalto deixou seu candidato oficial à deriva. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles terá que fazer voo solo na disputa pela Presidência da República. O que todos estão se perguntando é: até onde irá o apoio do MDB a Meirelles.

 

Nos últimos dias, o presidente Michel Temer agiu nos bastidores para  barrar a parceria do Centrão com Ciro. Ameaçou tirar os cargos de todos os aliados que decidissem caminhar nas eleições ao lado do pedetista. Temer não perdoa Ciro, que o chamou de “quadrilheiro” e disse que o presidente “será preso assim que sair do governo”.

 

Meirelles nunca esperou uma aliança com o Centrão. Mas, com esse grupo migrando para os lados de Geraldo Alckmin (PSDB), ficará mais difícil atrair os votos mais moderados. Alckmin ganhou muita musculatura. Sua exposição, sobretudo quando começar a campanha na tevê, será enorme. Além disso, o tucano terá amplos palanques estaduais.

 

Meirelles, que está estagnado entre 1% e 2% nas pesquisas de intenção de voto, dependerá muito do empenho dos diretórios nacionais do MDB. O problema é que, dentro do partido, há grupos que não aceitam sua candidatura. É o caso da ala chefiada pelo senador Renan Calheiros, de Alagoas, que passou a atacar o correligionário publicamente.

 

Será que Meirelles conseguirá superar as desavenças até as convenções do MDB, marcada para 2 de agosto? Até lá, terá que gastar muito dinheiro e saliva para convencer um partido fisiológico de que é o melhor nome para disputar o comando do país. Ele garante que já tem a maioria dos votos dos diretórios.

 

Meirelles tem um trunfo a seu favor: ninguém quer aliança com o MDB, devido à enorme rejeição a Temer. Isso afasta possíveis aliados. Todas as pesquisas mostram que ninguém aceita votar no candidato apoiado por Temer. O ex-ministro acredita que pode se descolar do ex-chefe, por ter uma imagem de técnico e por ter atuado no governo Lula. É muita confiança.

 

Brasília, 20h45min