Capital Economics prevê alta de 0,5% do PIB em 2020

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A consultoria britânica Capital Economics fez um alerta para os efeitos catastróficos da pandemia do novo coronavírus combinada com a queda nos preços de petróleo na América Latina. E, com isso, as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano ficaram abaixo de 1% em função do “limitado espaço de resposta” do governo.

 

Em menos de uma semana, a consultoria reduziu de 1,3% para 0,5% a expectativa de expansão do PIB brasileiro, enquanto a equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes aposta que o país poderá crescer 2,1%. A Capital ainda prevê retração de 0,5% para o México, conforme relatório divulgado para clientes assinado pelo economista William Jackson. Na semana passada, a previsão era de alta de 0,3%. 

 

No documento, Jackson  destacou a falta de espaço fiscal uma resposta política à crise, especialmente, porque as moedas latino-americanas tiveram as piores performances na semana. “As quedas acentuadas nas moedas, provavelmente, tiraram da mesa os cortes de juros que havíamos antecipado nas próximas semanas. Os governos têm pouco espaço para afrouxar a política fiscal”, apontou.

 

O relatório ainda reforçou que o governo brasileiro quer adotar medidas de estímulos sejam fiscalmente neutras e tem enfatizado a importância das reformas estruturais, apesar de os benefícios ocorrem a longo prazo. “ Isso reflete as restrições impostas pelas quadro de finanças públicas desequilibrado”, escreveu.

 

Diante da piora do cenário para a economia brasileira e o aumento da desconfiança dos agentes econômicos, crescem as apostas de que o Banco Central deverá manter a taxa básica de juros (Selic) em 4,25% em vez de cortá-la, destacou o economista da Capital. Contudo, ele aposta em uma redução de 0,25 ponto percentual, para 4% até dezembro, mas voltando a subir em 2021, para 4,50% anuais. As previsões da Capital são de um câmbio valorizado, com o dólar a R$ 4,50 até o fim do ano.

 

A Capital Economics vem acertando nas projeções de crescimento global e do Brasil. Na semana passada, o economista-chefe da consultoria, Neil Shearing, reduziu de 5% para 2% a expectativa de expansão do PIB da China. Esse cenário é considerado bastante provável por especialistas em crises, apesar de o governo chinês afirmar que está conseguindo controlar a doença. Eles ressaltam que não é possível ter 100% de certeza de que os dados estão refletindo a realidade de um país que não é uma democracia.