Os 107 mil brasileiros que recebem bolsas de estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) poderão ficar sem ajuda de custos nos próximos meses, avisa o presidente da instituição, Abílio Baeta Neves. Para que o suporte aos estudantes não seja suspenso, a Capes precisa receber, urgentemente, cerca de R$ 300 milhões.
Em entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio e a Tevê Brasília, o professor Abílio diz que o orçamento da Capes vem diminuindo ano após ano. Ele explica que, por causa das restrições de caixa, o valor da ajuda de custos vem caindo sistematicamente. Já chegou a representar 20% da bolsa. Agora, equivale a apenas 8%.
Segundo Baeta Neves, desde o momento em que o governo decidiu cortar o programa Ciência sem Fronteiras, cujo orçamento estava entrelaçado ao da Capes, as verbas da instituição começaram a minguar. A situação atual, acrescenta, é dramática e pode ficar ainda pior a partir de 2019, se houver redução no orçamento da educação.
O presidente da Capes afirma que o Ciência sem Fronteiras tinha tudo para ser um bom programa, mas acabou se perdendo por total falta de controle. Mais de 60% dos alunos que fizeram graduação fora do país não conseguiram aprovar os créditos quando retornaram às universidades locais. Por uma simples razão: não houve um acerto do governo com as instituições de ensino.
No total, o Ciência sem Fronteiras já consumiu US$ 4,3 bilhões (R$ 16,2 bilhões, pela cotação desta quinta feira, 28/07). Desse montantes, US$ 1,3 bilhão foi pago às universidades dos Estados Unidos por meio de taxas de matrículas e de mensalidades. O país de Donald Trump foi o maior ganhador com o Ciência sem Fronteiras.
O fiasco do programa contribuiu para deixar o país muito atrás em termos de produção científica, fundamental para ampliar a competitividade da economia. Para Baeta Neves, está na hora de o país fazer uma grande revolução no ensino. Só isso fará o Brasil a tirar dos dois pés do atraso.
Brasília, 18h17min