O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, diz que o Brasil está pagando o preço das políticas equivocadas adotadas pelos governos dos últimos anos. Por isso, as dificuldades de reação da economia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,2% ante os últimos três meses de 2018.
“Tal resultado deixa claro que a economia brasileira se depara com importantes desafios”, frisa o secretário. Segundo ele, o país se encontra em um ambiente de crise fiscal, desemprego elevado e produtividade estagnada, resultados perversos de políticas equivocadas adotadas na última década.
Ele é enfático: “O problema de misallocation (má alocação de recursos) promovido por políticas de estímulos a setores específicos e a deterioração das contas públicas resultaram no aumento da incerteza econômica, na queda da produtividade e dos investimentos e no aumento do desemprego na presente década”.
Para Sachsida, o quadro atual ainda é resultado desse ambiente construído por muitos anos, e sua reversão requer elevado esforço por parte do governo e da sociedade brasileira. Ele diz ainda que, além das restrições de caráter estrutural ao crescimento da economia brasileira, diversos choques de curto prazo se refletiram negativamente no resultado do PIB no primeiro trimestre.
“O ambiente externo caracterizou-se por incertezas e crescimento relativamente lento, reduzindo o potencial tanto do comércio exterior quanto dos fluxos de investimentos. Com isso, projetos foram adiados e a recuperação da economia revelou-se mais lenta do que o esperado no início do ano”, diz.
Efeito de Brumadinho
Na avaliação do secretário, a agropecuária teve reflexos de intempéries climáticas no início do ano. “Todavia, as estimativas mais recentes apontam para recuperação da safra ao longo do ano, o que deverá contribuir para a retomada do PIB do setor agropecuário”, afirma.
No caso da indústria, acrescenta Sachsida, houve impacto da tragédia de Brumadinho com reflexos na produção extrativa mineral. “Para a indústria de transformação, a crise na Argentina gerou reflexos nas exportações brasileiras de manufaturados. Constata-se desempenho positivo do comércio no 1º trimestre de .2019, gerando carry over (efeito carregamento) de 2% para o ano de 2019, o que contribuirá para o resultado do PIB de serviços”, acrescenta.
Segundo o secretário, para recuperar o crescimento, o Brasil tem dois desafios principais: quadro fiscal deteriorado e baixa produtividade. “A Nova Previdência representa o primeiro e crucial passo rumo à sustentabilidade das finanças públicas, reduzindo incertezas quanto ao quadro macroeconômico futuro para que possa haver novos investimentos”.
Ele afirma que, com o intuito de elevar a produtividade do país, um amplo conjunto de políticas pró-mercado está em elaboração ou implementação pelo governo com o objetivo de reduzir ineficiências alocativas e gerar diminuição de custos no setor produtivo.
“Dentre essas medidas, destacam-se a reforma tributária, a abertura comercial, o aperfeiçoamento do mercado financeiro e de capitais, os programas de concessão e a privatização na área de infraestrutura, o choque de energia barata, o combate à corrupção e aos desperdícios no setor público e a eliminação de gastos tributários e subsídios financeiros e creditícios ineficientes”, ressalta.
Brasília, 12h36min