Bolsa tem a maior queda desde a delação da JBS

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

O clima é de enorme tensão no mercado financeiro. Nesta quinta-feira (17/05), a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve o pior dia desde 18 de maio de 2017, quando reagiu às revelações sobre as delações da JBS (baixa de 8,8%). O Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, tombou 3,37%, para os 83.622 pontos.

 

Foi um dia terrível, diz um operador. Tanto que, dos 67 papéis que compõem o Ibovespa, somente quatro registraram alta: Cosan (+0,85%), Eletrobras ON (+1,28%), EDP Energias do Brasil (+0,96%) e Fibria (0,03%). “Estamos em meio a uma grande onda de incerteza”, frisa “No exterior, está tudo muito nebuloso. Aqui, não se sabe o que será da economia a partir de 2019”, emenda.

 

O derretimento do Ibovespa foi puxado pelas ações da Petrobras. Os investidores que haviam corrido para os papéis da estatal nos últimos dias aproveitaram o nervosismo para vender parte de suas posições e embolsaram os lucros. Nem mesmo o barril do petróleo acima dos US$ 80 conseguiu segurar as ações da empresa.

 

Sobe e desce

 

Na opinião dos analistas, os investidores deverão se acostumar com o sobe e desce da Bolsa, que chegou a superar os 86 mil pontos. Primeiro, porque não se sabe qual será o tamanho da alta dos juros nos Estados Unidos. Segundo, há muitas dúvidas sobre como se desenrolarão as eleições brasileiras. Nenhum dos candidatos com perfil adequado ao mercado está entre os três primeiros lugares nas pesquisas de intenção de votos.

 

“Será preciso muito sangue-frio”, afirma outro operador. Para ele, o Brasil está em uma situação melhor do que em outras crises, mas isso em nada diminui a tensão entre os investidores, que temem pela vitória de um candidato radical no pleito presidencial marcado para outubro próximo. “Se o centro-direita não encontrar um candidato viável até agosto, quando começa a campanha, a Bolsa vai apanhar muito”, acrescenta.

 

O governo está acompanhando de perto os movimentos do mercado. Por enquanto, dizem integrantes do Palácio do Planalto, mas não há nada que se possa fazer. O importante, segundo eles, é que o Brasil está no rumo certo, com inflação e juros nos menores níveis em mais de duas décadas e com crescimento, ainda que mais lento que o esperado.

 

Brasília, 18h15min