Bolsa chega a cair 14% na reabertura do pregão, mas diminui perda

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) reabriu o pregão desta segunda-feira (16/03) em queda após a interrupção por 30 minutos, chegando a  cair 14%, mas diminuiu as perdas no início da tarde.

O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, registrava queda de quase 10% por volta do meio dia, a 74.659 pontos. Contudo, o clima de incertezas continua nos mercados, que registram queda generalizada no mundo diante da ameaça de uma recessão global.

 

As companhias áreas e do setor de turismo lideram as quedas no IBovespa. As ações ordinárias da Smiles, programa de fidelização da Gol, despencavam mais de 30% liderando as baixas da B3. As preferenciais da Azul, depois de caírem perto de 30% por volta das 11h30, registravam queda de 20%, por volta das 12h. As ações PN da Gol recuavam 17% no mesmo horário.

 

Logo no início do pregão, o circuit breaker foi acionado por volta das 10h25, quando a B3 registrava queda de 12,53%.  Esse mecanismo é uma forma de tentar controlar a volatilidade da bolsa. Se ela cair mais de 15%, ocorre uma paralisação de uma hora. Mas, se a queda acabar superando 20%, a terceira interrupção é por tempo indeterminado.

 

O dólar continuava subindo neste início de tarde. Depois de ultrapassar R$ 4,95 pela manhã, a divisa norte-americana deu uma recuada e estava cotada a R$ 2,925, com alta de 2,45.%

 

Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York também acionou o circuit breaker logo no início do pregão, após o S&P 500 desabar mais de 7% em meio ao aumento das incertezas em relação ao novo coronvírus. A paralisação foi de 15 minutos. Os indicadores continuam no vermelho no momento. O Índice Dow Jones caia 9,88% e o Nasdaq recuava 9,30%.

 

Ajustes do mercado

 

Diante da piora nas expectativas em relação aos impactos da Covid-19, pandemia provocada pelo novo coronavírus, o mercado ajustou as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nesta segunda-feira e espera redução da taxa básica de juros (Selic) neste ano, atualmente em 4,25% ao ano, para 3,75%. Conforme os dados do Relatório Focus, divulgado o Banco Central, a mediana das projeções de crescimento do PIB neste ano passou de 1,99% para 1,68%. A mediana das estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 passou de 3,20% para 3,10%.

 

A ação coordenada dos bancos centrais das principais economias como forma de conter impactos da Covid-19, pode não ser suficiente, segundo analistas.  Em reunião extraordinária, o Federa Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) reduziu sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual, para o intervalo de zero a 0,25%.

 

Hoje, mais cedo, o BC da Coreia do Sul levou seu juro básico para a mínima histórica, de 0,75% anuais. “De fato, a paralisação temporária das atividades em vários países por conta da disseminação do coronavírus deve afetar o crescimento da economia global neste primeiro semestre, sendo esse esforço global, portanto, importante para a suavização dos impactos econômicos da pandemia. No Brasil, por ora, esperamos a taxa Selic em 3,75% no final do ano, a depender da evolução deste quadro e dos resultados dos indicadores correntes”, informou o Bradesco.