Bolsa cai mais de 2,5% e dólar vai a R$ 3,95 em meio à desarticulação do governo

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

A falta de articulação do governo Jair Bolsonaro com o Congresso já está se refletindo nos mercados, que abriram a quarta-feira, 27 de março, de mau humor, após várias notícias negativas em relação à agenda econômica de ajuste fiscal. Há sinais de que a principal reforma, a da Previdência, deverá levar um longo caminho de tramitação no Legislativo.

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) está derretendo nesta quarta-feira (27/03). Pouco antes das 12h, registrava queda de 2,54% em relação à véspera, a 92,8 mil pontos. O dólar está em ritmo de alta, cotado a R$ 3,95 para a venda, com valorização de 2,17%.

 

A falta de comunicação interna e externa e a ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) para defender a reforma da Previdência, ontem, aumentaram o desconforto dentro da base aliada ainda difusa.

 

Além disso, a derrota governista com a aprovação relâmpago, em dois turnos, da PEC do Orçamento Impositivo, de 2015, pelos deputados na noite de ontem, foi outro ponto negativo. Até o filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo (PSL-SP), votou a favor em meio ao clima de derrota, deixando especialistas de cabelo em pé.

 

A medida engessa ainda mais o Orçamento com a obrigatoriedade de execução de emendas impositivas que, provavelmente, seriam contingenciadas neste ano, com a tesourada de R$ 29,7 bilhões anunciada no último dia 22.

 

Diante desse revés, a equipe econômica enfrentará um desafio enorme para conseguir equilibrar as contas que estão no vermelho desde 2014. Resta saber como Guedes vai se explicar nesta quarta-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, onde ele é aguardado às 14h.

 

O clima não está favorável também no mercado externo para os países emergentes devido às previsões de desaceleração global. Algo que, se concretizado, reduz ainda mais as perspectivas de recuperação da economia em um ritmo acima de 2% neste ano.