PARALISAÇÃO NA RECEITA FEDERAL

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Servidores de carreiras típicas de Estado que não fecharam acordo salarial com o governo, no ano passado, intensificam a mobilização para obter reajustes e outros benefícios. Analistas tributários cruzam os braços por dois dias

 

As negociações salariais com servidores públicos não concretizadas em 2015 continuam assombrando o governo. Neste ano, protestos e paralisações batem mais cedo às portas do Ministério do Planejamento. São cobranças de antigos acordos que, à primeira, vista foram desprezados. Os auditores fiscais do trabalho estão em estado de greve desde agosto. Os analistas tributários da Receita Federal, que lidam diretamente com o contribuinte pessoa física, cruzarão os braços hoje e amanhã. Os advogados públicos federais e os analistas e especialistas em infraestrutura ameaçam seguir o mesmo caminho até o fim do mês.

A situação na Receita Federal é a mais grave, devido à disputa interna entre analistas e auditores. De acordo com a presidente do Sindireceita (que representa os analistas), Sílvia Alencar, a categoria — que recusou a proposta de reajuste de 27,9%, divididos em quatro anos — fará dois “Dias de Vigília”, para demonstrar indignação com o discurso do secretário Jorge Rachid. Segundo ela, o secretário defende apenas a classe a que pertence, a dos auditores.

Ele não levou em conta as melhorias nas relações remuneratórias. Ganhávamos o equivalente a 70% do que recebiam os auditores. Hoje, estamos entre 56% a 59%, o que não podemos aceitar”, afirmou Sílvia. De acordo com ela, Rachid contradisse conversas anteriores e aceitou, sem debate, o reconhecimento do auditor como autoridade tributária e aduaneira, além da alteração do regimento interno da Receita, 30 dias após o acordo. Faz parte da “Vigília”, ainda, uma reunião para a analisar a proposta que o Planejamento enviará hoje aos auditores.

Protestos

Para Claudio Damasceno, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco), na última reunião com o secretário de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Sérgio Mendonça, “houve avanço de pontos importantes, como valorização do cargo, garantias e prerrogativas”. Na semana passada, o governo ofereceu à categoria reajuste de 21,3%, em quatro anos, e bônus de eficiência de R$ 3 mil mensais, a partir de agosto, para equiparar os ganhos ao dos advogados federais, que receberam honorários de sucumbência no mesmo valor.

Foi a partir do acordo com os advogados que a luz amarela foi acesa entre as carreiras de Estado. Porém, eles ainda não estão totalmente satisfeitos, mantêm estado de mobilização permanente e não descartam novos protestos, segundo Roberto Mota, presidente da União dos Advogados Públicos Federais do Brasil (Unafe). “A pauta financeira foi só um dos itens. Os prédios continuam inabitáveis, falta gasolina, as diárias continuam insuficientes e não há perspectiva de melhora”, enumerou Mota.

Os advogados querem também que os procuradores-gerais e os procuradores chefes nos estados sejam escolhidos por lista tríplice apresentada pela categoria. Rodolpho Salomão, presidente da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura (Aneinfra), garante que a categoria também está mobilizada. Hoje, haverá assembleia para organizar o calendário de paralisações e manifestações.