2020. Crédito: HBO/Divulgação. Cultura. Cenas da série Missões de vida. 2020. Crédito: HBO/Divulgação. Cultura. Cenas da série Missões de vida.

Missões de vida aborda histórias de pessoas comuns com propósitos

Publicado em Séries

Série documental Missões de vida conta história de brasileiros que encontraram propósitos dentro das profissões e dos locais onde vivem

O dia a dia de pessoas como a parteira Maria dos Prazeres e a médica Ana Claudia Quintana Arantes inspiraram a dupla de cineastas Ana Cláudia Streva e o Bruno Modolo, que criou a série documental Missões de vida, que estreou no último dia 6 no canal Cinemax e no serviço on-demand da HBO (HBO GO). Ao todo, a produção tem 10 episódios exibidos sempre às segundas, a partir de amanhã no horário de 18h55.

O episódio de estreia mostra as histórias de Maria dos Prazeres, parteira do município pernambucano de Jaboatão dos Guararapes, e de Ana Claudia Quintana Arantes, médica geriatra paulista especialista em cuidados paliativos. As personagens trabalham para mostrar que o carinho e o cuidado com os preparos do nascimento também podem ser proporcionados a quem está chegando ao fim da vida. “Maria dos Prazeres é uma parteira que tem 79 anos e já fez mais de 5 mil partos, com nenhum óbito. A história da doutora Claudia fala de morte humanizada. Quisemos criar essa narrativa intercalada ao longo dos episódios”, explica Ana Cláudia Streva em entrevista ao Correio.

O segundo episódio tem como tema “Nova chance” e acompanha Marcia Dias, fundadora da ONG Santa Fé, e Gianfranco Melillo, coordenador do Arsenal da Esperança, que trabalham diariamente no resgate de pessoas que se encontram em situações extremas.

Ao longo da temporada, o público poderá assistir a enredos que vão desde o resgate de pessoas em situação de rua e à busca por familiares desaparecidos, passando por soluções urgentes para a preservação ambiental e sobre como o esporte pode mudar a vida de jovens em contato com a criminalidade. “Em todas as áreas da nossa sociedade, encontramos histórias de ressignificação”, adianta Bruno.

Para contar essas histórias, a dupla passou por cidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Belo Horizonte e em Pernambuco. “Foi muito bom, porque a gente via as realidades bem de perto. Ir para essas outras realidades, como Jaboatão dos Guararapes, que é um lugar muito humilde, ou como Ilhéus, nos fez ter noção do dia a dia das pessoas. Essas pessoas que salvam, que trazem um impacto. Eu e Ana crescemos demais ao ter contato com essas pessoas. Elas trazem um outro olhar do mundo que a gente nem sabia que era possível”, afirma.

Inspiração e processo

“A ideia inicial veio de fazer um projeto que falasse de propósito. A gente descobriu esses personagens, que são exemplos de pessoas que sabem exatamente a sua missão no mundo, o que estão buscando aqui na Terra. Queríamos fazer um projeto que inspirasse alguma transformação social”, explica Ana sobre a inspiração para o projeto.

2020. Crédito: HBO/Divulgação. Cultura. Cenas da série Missões de vida.

Para encontrar essas histórias, a dupla passou um ano e meio pesquisando o conteúdo antes de apresentar a série para a Grifa Filmes, coprodutora ao lado da Nós Filmes, que é a realizadora. Esse processo foi longo, inclusive, porque as narrativas são diferenciadas. “A gente passou muito tempo para achar os personagens, porque tem mais a ver com saber o sentido de estar no mundo. E também pensamos em um recorte específico para a série, em que, a cada episódio, haja um casamento nas histórias. São sempre duas pessoas que têm um tema em comum, apesar das missões serem diferentes”, revela Ana.

O processo como um todo teve quatro etapas, sendo três de pré-produção até a última de pós-produção. A dupla buscou diversas histórias e personagens e chegou a 50 nomes para avaliação. Depois, foi feito um filtro até chegar às 20 pessoas que integram os 10 episódios da primeira temporada. “Fomos filtrando e indo a fundo nas histórias. Fizemos essa combinação de quais missões poderiam conversar. E, por fim, fomos a campo para conviver um pouco com esses personagens e a rotina deles. Realmente foi um ano e pouco antes para ter essa produção toda organizada”, analisa Bruno Modolo.

Duas perguntas // Ana Cláudia Streva e Bruno Modolo, de Missões de vida

Missões de vida estreia num momento complicado para as pessoas em meio à crise pandêmica de coronavírus. Como vocês veem isso?
Ana Cláudia Streva: São histórias que ressignificam a vida das pessoas. Queríamos trazer a esperança de volta. Hoje estamos falando muito de resiliência e empatia. Essa série é um exemplo disso, pessoas que trabalham dessa forma. Então é um momento muito bacana de colocar essa série no ar, de certa maneira a gente pode se espelhar e se inspirar neles, mesmo nesse momento difícil.

Bruno Modolo: É um momento muito propício para a estreia dessa série. Todo mundo está se perguntando: “e agora, como vai ser?” Ter essas missões inspiradores pode mostrar para todo mundo que, dentro do seu próprio ambiente, do seu círculo, você pode achar sua missão e fazer diferença. Não foi por acaso que essa estreia ocorre neste momento.

Vocês são duas pessoas da área do audiovisual, que será impactada nessa crise. O que vocês têm pensado sobre esse cenário?
Ana Cláudia Streva: Eu acredito muito na importância do audiovisual. Não é à toa que trabalho há quase 20 anos. É porque acredito nas histórias e, acima de tudo, no poder de trazer consciência e conhecimento. Quero muito que a sociedade como um todo reconheça a importância do nosso trabalho. Tem muita coisa acontecendo. A gente está sofrendo um pouco, mas acredito que, agora, por as pessoas estarem confinadas e estarem consumindo mais o audiovisual, é um bom momento para olhar para isso e ver a importância do nosso trabalho.

Bruno Modolo: Assino embaixo!