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Julia Konrad, a Raimunda de O sétimo guardião, fala sobre a novela, sobre religião e sobre cinema. Leia!

Publicado em Entrevista

Atriz Julia Konrad defende que a personagem Raimunda, de O sétimo guardião, se liberte e viva a própria vida

O mundo de Raimunda, personagem de Julia Konrad em O sétimo guardião, tem pouco dela mesma. Ela vive à sombra da mãe, Socorro (Inês Peixoto), e da irmã, Lourdes Maria (Bruna Linzmeyer). A expectativa de Julia é que Raimunda encontre o próprio caminho.

“Raimunda se preocupa muito com a irmã e a mãe e vive quase que exclusivamente para tentar manter a paz dentro de casa, nunca se colocando em primeiro lugar e sempre embaixo da asa da mãe. Eu torço, sim, para que ela se liberte e vá lutar pelos próprios sonhos e anseios”, afirma a atriz, em entrevista ao Próximo Capítulo.

Julia não é uma figurinha fácil em novelas ー parece mais afeita a filmes e séries, programas de duração mais curta. “A diferença maior está na duração ー numa série ou longa, você trabalha uns 3 meses no projeto, e depois se despede. Na novela você acaba ficando um ano com a mesma personagem. O desafio está mais em sempre tentar manter o frescor em cena”, compara.

Na entrevista a seguir, Julia fala sobre O sétimo guardião, o filme Kardec e redes sociais. Confira!

Entrevista// Julia Konrad

Atriz Julia Konrad
Crédito: Globo/Cesar Alves. Em ‘O sétimo guardião’, Julia Konrad vive Raimunda

Você ficou algum tempo se dedicando ao cinema e a séries da TV fechada antes de voltar como a Raimunda, de O sétimo guardião. A repercussão de um trabalho na TV aberta é muito diferente?
Com certeza. A repercussão é maior e os públicos são diferentes. Séries e cinema têm um público mais “específico”, digamos, que tende a se interessar mais por esse formato. Já a televisão aberta atinge mais pessoas e o público é bem variado, com interesses e gostos diversos.

Estava com saudades de fazer novela?
Novela é obra aberta. A gente vai descobrindo aos poucos o que vai acontecer, o arco do personagem, e claro, tudo pode mudar. Isso tem seus prós e seus contras. Ao mesmo tempo que o trabalho de construção fica mais difícil sem saber o arco completo do personagem, é gostoso poder compor e brincar e ir mudando junto com a obra.

Em O sétimo guardião, a Raimunda vive numa espécie de bolha criada pela mãe, uma beata. Ela vai se libertar? Você torce por isso?
Raimunda se preocupa muito com a irmã e a mãe e vive quase que exclusivamente para tentar manter a paz dentro de casa, nunca se colocando em primeiro lugar e sempre embaixo da asa da mãe. Eu torço, sim, para que ela se liberte e vá lutar pelos próprios sonhos e anseios.

A Raimunda entra em conflito com a irmã por dar mais valor ao intelectual do que à beleza. Sente que o mundo hoje pensa como a Lourdes Maria (Bruna Linzmeyer), dando mais importância às aparências?
Acho que dá. A aparência acaba sendo o primeiro ponto de contato entre as pessoas. Mas acho que estamos diante de uma mudança de padrões, se fala muito mais sobre beleza natural, o movimento body-positive, e acredito que essas mudanças acabam transformando um pouco a visão, dando mais importância para o pensamento, o posicionamento de uma pessoa, do que à aparência em si.

A pressão de estar numa trama das 21h é maior? Isso chega de que forma a vocês, atores?
É uma intensidade a mais, digamos. Querendo ou não, uma novela das 21h tem visibilidade e alcance maiores. Mas não vejo isso como pressão. Acho que a diferença maior está na duração ー numa série ou longa, você trabalha uns 3 meses no projeto, e depois se despede. A novela dura 8 meses e, contando com o período de preparação, você acaba ficando um ano em um mesmo trabalho, com uma mesma personagem. Então acho que o desafio está mais em sempre tentar manter o frescor em cena.

Em seu instagram você costuma postar algumas coisas referentes à vida pessoal. Como vê a necessidade de dar limite a esse tipo de postagem? Não tem medo de acabar se expondo demais?
Acho que esse limite já existe. Não costumo postar tudo que acontece durante meu dia, mas também não vejo problema em compartilhar alguns momentos.

Este ano você poderá ser vista no longa Kardec. Como será esse trabalho?
É um filme biográfico. Tentamos focar nisso, em contar a história de um homem que existiu e deixou um legado e as pessoas que o ajudaram (ou não) nessa tarefa.

É um longa que tem forte relação com a religião. Como é a sua relação com a fé?
Não sigo nenhuma religião específica, mas sou espiritualizada, de certa forma. Acredito em energias, em que tudo que a gente faz um dia volta, (causa e efeito) e que estamos aqui para evoluir.

Sua personagem é considerada a encarnação prévia de Chico Xavier. Como é viver uma mulher que existiu? A responsabilidade aumenta?
Não existe muita informação sobre a Ruth-Céline, não se sabe muito sobre ela, além da época na qual ela viveu e como ela contribuiu para a história de Kardec. Foi um processo de pesquisa e construção como qualquer outra personagem.

A música está presente em vários de seus trabalhos como atriz. Você diria que é uma atriz que canta ou uma cantora que atua?
Eu diria que sou uma artista (risos). Não vejo necessidade de categorizar ou rotular. A música sempre fez parte da minha carreira de atriz e vice-versa.