O Outro Lado do Paraiso Estela ( Juliana Caldas). Crédito: Globo/João Cotta

Juliana Caldas: “É a primeira vez que o nanismo é abordado de uma forma que não seja caricata”

Publicado em Entrevista, Novela

Atriz Juliana Caldas está no ar na novela O outro lado do paraíso. Na pele de Estela, a artista traz o debate em torno do preconceito contra pessoas com nanismo

Juliana Caldas ficou conhecida do grande público assim que foi anunciada no elenco da novela O outro lado do paraíso, de Walcyr Carrasco. A escalação da atriz chamou atenção para um assunto pouco debatido: a falta de representatividade de pessoas com nanismo na televisão.

“É a primeira vez que o nanismo é abordado no horário nobre e, na tevê, de uma forma que não seja caricata nem pejorativa”, analisa a artista em entrevista ao Próximo Capítulo ao falar da representatividade de Estela no folhetim.

Estela (Juliana Caldas) e  Amaro (Pedro Carvalho). Crédito: Globo/Estevam Avellar
Estela (Juliana Caldas) e Amaro (Pedro Carvalho). Crédito: Globo/Estevam Avellar

Esse é o primeiro trabalho da carreira de Juliana Caldas na televisão, que começou nas artes cênicas aos 16. Ela espera que, com a ajuda de sua personagem, a situação mude no audiovisual: “Estar na tevê era um sonho distante, ainda mais em uma novela das 21h. Mas estou aqui. Espero que tenha sido uma porta que se abriu para mim, todos os pequenos e outros deficientes”.

Ao Próximo Capítulo, a atriz fala sobre a carreira, a novela e quais são seus planos futuros. Confira!

Entrevista / Juliana Caldas

O que a motivou a seguir a carreira de atriz? E quais foram as dificuldades no começo?
Eu tive outros trabalhos fora da dramaturgia, mas, aos 16 anos, uma amiga me chamou para fazer um freela como atriz e o bichinho da arte me mordeu. Desde então, não parei mais. Fiz muitas peças infantis e musicais, mas quando saía desses gêneros, as oportunidades eram escassas. Cheguei a ir a testes em que eu sabia que não me enquadrava no perfil físico pedido, só para ser vista. Quem sabe, não é? Nós temos que cavar as oportunidades, nada vem nas mãos. Até que surgiu a oportunidade em O outro lado do paraíso. Estar na tevê era um sonho distante, ainda mais em uma novela das 21h. Mas estou aqui. Espero que tenha sido uma porta que se abriu para mim, todos os pequenos e outros deficientes.

Como tem sido para você retratar a rotina e também as dificuldades de uma pessoa com nanismo através da personagem Estela?
Tem sido uma honra e uma responsabilidade. É a primeira vez que o nanismo é abordado no horário nobre e, na tevê, de uma forma que não seja caricata nem pejorativa. Estou muito satisfeita por contribuir para a visibilidade da nossa condição e ajudar a despertar e essa reflexão na sociedade.

Anderson di Rizzi e Juliana Caldas em cena. Crédito: Globo/Marília Cabral
Anderson di Rizzi e Juliana Caldas em cena. Crédito: Globo/Marília Cabral

O que você acha que tem em comum com a Estela?
Em comum, acho que a disposição para proteger e defender quem eu amo. A Estela aceitou se mudar para proteger a Rosalinda e está sempre consolando o irmão Gael, apesar dos erros dele, por exemplo. Na atual fase, ela também está demonstrando força de vontade para criar um lugar seu na sociedade, correr atrás de um objetivo, criar um projeto. Me identifico com essa garra e persistência, não abaixo a cabeça.

Estela tem vivido um momento interessante na trama. Como você tem visto o enredo da personagem e o que espera para os próximos capítulos?
Ela tem mostrado o seu lado humano, ajudando pessoas sem pedir nada em troca. Ela tem um coração muito generoso. Podem achá-la boba, mas ela não se importa com isso. O que podemos esperar dos próximos capítulos é um momento de felicidade na vida dela. E ainda muitas surpresas. (risos)

Além da novela, você está com outros projetos (tanto atuais quanto futuros)?
No momento, estou me dedicando inteiramente à Estela, mas quero muito continuar trabalhando e representar papéis cujas tramas não sejam necessariamente relacionadas ao nanismo. Claro que é uma realização trazer visibilidade à causa, mas nosso maior objetivo é que sejamos vistos, primeiramente, como pessoas e profissionais que não precisam de ressalvas por serem anões.