Crédito: Deborah Pimentel/Divulgação. Heslaine Vieira, atriz. Crédito: Deborah Pimentel/Divulgação. Heslaine Vieira, atriz.

No mês da Consciência Negra, Heslaine Vieira destaca a importância do tema

Publicado em Entrevista

Heslaine Vieira estará em 2020 em dois projetos: a série As five e a novela Nos tempos do imperador

Por Melissa Duarte*

Apaixonada pelas aulas de teatro, a atriz Heslaine Vieira, de 24 anos, que se tornou conhecida por atuar em Malhação, buscava representatividade nas telas e nos palcos desde pequena. Bastou ver Taís Araujo como Preta, de Da cor do pecado (2004), para decidir o futuro: “Disse para minha família que era isso que eu queria fazer. Imaginei o quanto outras meninas também quereriam se ver como eu, e como isso era importante”.

“Para uma sociedade que espera, principalmente do jovem negro, que ele sucumba, trago meu sorriso e isso é uma forma de protesto”, defende. Para ela, outro jeito de encarar o preconceito é se unir e lutar por igualdade e justiça. “Minha missão é essa, estou aqui por esse motivo”, completa. É por isso que a apresentadora Oprah e as atrizes Viola Davis e Ruth de Souza — pioneira no teatro, no cinema e na TV brasileira — não deixam de inspirá-la.

O sonho da atuação foi compartilhado com o irmão, ator e apresentador Land Vieira. Nascidos em Ipatinga (MG), eles se mudaram com a família para o Rio de Janeiro em busca dos palcos. O começo de Heslaine foi na Filhos do Carnaval (2006), da HBO, mas o reconhecimento veio na temporada Viva a diferença de Malhação (2017-2018), quando viveu Ellen, uma estudante que amava informática, em uma trama que abordava sexualidade, gravidez na adolescência e diversidade. Ela volta a dar vida à personagem no spin-off do folhetim As five, que estreia em 2020 no Globoplay. “Ela mostrou em rede nacional que a gente precisa de oportunidades e que, mesmo com poucas, talento não tem cor”, acredita.

Além da estreia nas telonas em Derrapada, Heslaine está escalada para Nos tempos do imperador prevista para a faixa das 18h em março de 2020. “Ainda tenho muito a aprender. É claro que, quando olho para trás percebo o caminho que percorri, fico feliz, mas acredito que ainda há muitas coisas para serem feitas”, finaliza.

Trajetória

Quando perguntada pelo Correio sobre qual personagem mais gostou de fazer até hoje, Heslaine não consegue escolher uma só. Destaca três. Para ela, Alícia, de Derrapada (estreia prevista para este ano), é especial pela força de saber mostrar fragilidade em momentos difíceis — e por ser o primeiro papel dela no cinema. A vida da personagem reflete a de muitas jovens: a garota que se descobre grávida, entre o fim do ensino médio e o início da faculdade, um momento incerto da vida. “Acho muito bonito quando o personagem mostra o ser humano na essência e o filme fala dos lados lindos e difíceis da maternidade. Alicia me ensinou muito como ser uma leoa”, descreve a artista.

A trama faz ponte com a 25ª temporada de Malhação: amiga de Ellen, a adolescente Keyla (Gabriela Medvedovski) também engravida. Tamanho sucesso rendeu, além do prêmio de melhor série no Emmy Kids, o spin-off As five — em gravação para Globoplay — que irá mostrar a vida das protagonistas 10 anos depois. Sobre o papel na novelinha teen, a jovem destaca a empatia, a dedicação, a inteligência e a inspiração. Em comum, as duas têm a determinação e a história familiar. “Vim de família matriarcal, com mulheres fortes e trabalhadoras, que criam os filhos, assim como a dela”, analisa. Para o papel, precisou, ainda, estudar inglês: o interesse a levou a planejar intercâmbio para aprimorar a língua.

Heslaine não esquece, contudo, a participação como Jussara, na série Carcereiros (2018), na qual deu a vida a uma presidiária. “Sabia que a cada três mulheres no presídio, duas são negras? Em sua maioria, presas por ajudar os companheiros”, lamenta. Para a intérprete, a pesquisa sobre o tema a “levou a enxergar de forma mais abrangente o que é tão recorrente no Brasil”. Na preparação, chegou a emagrecer, se isolar num quarto de hotel e se privar do uso de celular para dar realidade à interpretação.

*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira