Emoção e sentimento de culpa dão o tom de 'Treze dias longe do sol'
13 Dias Longe do Sol Emoção e sentimento de culpa dão o tom de 'Treze dias longe do sol' Emoção e sentimento de culpa dão o tom de 'Treze dias longe do sol'

Crítica: Treze dias longe do sol demora a engrenar, mas emociona no final

Publicado em Minissérie

Série já disponível para assinantes no Globo Play, Treze dias longe do sol deve estrear na tevê aberta apenas em janeiro. Carolina Dieckmann e Selton Mello lideram bom elenco em trama emocionante.

A culpa acompanha bem de perto cada um dos personagens de Treze dias longe do sol, série em 10 capítulos que está disponível na Globo Play e tem previsão de estreia na tevê aberta para janeiro do ano que vem — mesma estratégia usada na excelente Carcereiros. A nova parceria da Globo com a O2 Filmes tem texto de Elena Soárez e Luciano Moura e direção artística do próprio Luciano.

Sabe aquelas séries que demoram um pouquinho para engrenar? Pois é… Treze dias longe do sol é dessas, o que pode ser um perigo na tevê aberta, meio em que não se tem a facilidade de emendar um episódio no outro como no serviço on demand. Na verdade, a série só me pegou lá pelo terceiro episódio, quando as coisas começam realmente a se desenrolar e a emoção toma conta do roteiro.

O seriado conta a história de Saulo (Selton Mello, naquele ritmo comedido ao extremo que só não dá sono porque é ele), arquiteto responsável pela obra de um prédio que desaba logo no capítulo de estreia. A essa altura já sabemos que, para entregar a obra a tempo e desviar o máximo de verba possível, Saulo, que trabalha na construtora Baretti, não mediu esforços nem escrúpulos.

Ele contou com a valiosa ajuda da diretora financeira, Gilda (Debora Bloch), apaixonada por ele, mas mais pelo dinheiro que vem dele e das falcatruas que armam juntos para enganar o mimado Vitor Baretti (Paulo Vilhena). Filho do fundador da construtora, o rapaz não herdou do pai o tino para os negócios nem o gosto pela construção civil.

Quando o prédio desaba, no meio de uma inspeção comandada por Marion (Carolina Dieckmann, uma boa surpresa por apresentar mais maturidade como atriz nesse papel), ficam soterrados Saulo, a própria Marion e vários trabalhadores. A filha de um deles, Yasmin (Camila Márdila), havia ido à obra contar ao pai, o mestre de obras Jesuíno (Antônio Fábio), que está grávida e também acaba sob os escombros.

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A partir daí, haja drama! Os sobreviventes precisam mostrar a quem está no comando das buscas que estão lá embaixo. Os parentes do lado de fora insistem para que as buscas não sejam encerradas e se apegam a cada fio de esperança de que há sobreviventes. Gilda tenta livrar a cara da empresa a qualquer custo ー qualquer mesmo. O calculista Newton (Enrique Diaz) tenta provar que o erro não foi de ordem técnica, mas sim oriundo de corrupção. Cenário visto em várias cenas de tragédias similares nas páginas de jornais, infelizmente.

No meio de tudo isso, feridas emocionais vão sendo expostas ー e tome sentimento de culpa! ー e Treze dias longe do sol vai ficando cada vez mais interessante. Curioso que é perto do sol (ou seja, nas tramas dos personagens que não estão soterrados) que está o melhor do seriado. É claro que tudo gira em torno de quem está lá embaixo, mas não há como negar que o destaque fica para quem está do lado de fora. Somente no último e decisivo episódio, a ação se passa com mais força lá dentro. É de tirar o fôlego, e mesmo a solução final, manjada, não tira o brilho das últimas sequências.

Elenco e fotografia são diferenciais de Treze dias longe do sol

Além do roteiro, dois outros elementos chamam a atenção em Treze dias longe do sol: o elenco e a fotografia. No primeiro caso, já estamos acostumados a ver Selton Mello e Deborah Bloch brilharem. Carolina Dieckmann está muito bem e segura como a médica Marion. Mas é nos coadjuvantes, como Fabrício Boliveira (muito bem como o major do Corpo de Bombeiros Marco Antônio, atormentado por sentimento de… culpa), Antônio Fábio e Rômulo Braga (o operário Daréu) que o seriado se apoia.

Já a fotografia segue os mesmos moldes de Justiça e Supermax, duas recentes produções da Globo. Os tons são mais crus, escuros. Combinava com a primeira, mas, na minha opinião, não se encaixa nem em Supermax nem em Treze dias longe do sol. Não chega a comprometer, mas incomoda um pouco, especialmente quando eles não estão nos escombros da obra, quando a escuridão não é justificada. Fica com cara de cinema, numa pegada tipo exportação, mas não me agrada muito na tevê brasileira.

Enfim, separe o lenço (eu precisei de um), prepare o fôlego para seguir adiante e não deixe de ver Treze dias longe do sol.