Performance de Daniel Bürhl em The alienist poderia ter rendido ao ator uma indicação ao Emmy
The Alienist Season One Gallery Performance de Daniel Bürhl em The alienist poderia ter rendido ao ator uma indicação ao Emmy Performance de Daniel Bürhl em The alienist poderia ter rendido ao ator uma indicação ao Emmy

Aquecimento para o Emmy: Série The alienist merece a sua atenção

Publicado em Minissérie

Indicada ao Emmy de melhor minissérie, The alienist tem história envolvente e boas atuações. Leia a crítica!

Confesso que quando vi The alienist pela primeira vez no catálogo da Netflix comemorei: uma adaptação da obra de Machado de Assis, O alienista! Mas não. Não era. A confusão, porém, me revelou uma boa surpresa: uma série policial redondinha, daquelas que a gente tem vontade de maratonar. O pessoal do Emmy concorda e indicou a produção na categoria melhor minissérie. (Confira aqui os outros indicados ao prêmio)

O drama policial é o assunto do nosso aquecimento para o Emmy desta semana. Em 10 capítulos, The alienist conta a história do alienista Laszlo Kreizler (Daniel Bürhl). Ao lado do ilustrador John Moore (Luke Evans) e da primeira mulher a trabalhar na polícia de Nova York, Sara Howard (Dakota Fanning), ele se mete a investigar uma série de assassinatos de meninos que se prostituem na Nova York dos anos 1890. O trio de atores se sai muito bem e fico me perguntando se nenhum deles ー Daniel, especialmente ー mereceria uma indicação. Eles ainda contam com a ajuda dos peritos Marcus Isaacson (Douglas Smith) e Lucius Isaacson (Matthew Shear), irmãos judeus essenciais nas descobertas de Kreizler.

Além das dificuldades normais dos casos, o trio tem que enfrentar a própria polícia, a Igreja e as famílias das vítimas, que se sentem incomodados com as investigações. Dá para notar que sobressai-se sobre a necessidade de esclarecer os crimes e de evitar que eles continuem, as aspirações políticas de alguns grupos.

Personagem de Dakota Fanning leva discussão de feminista ao The alienist
Personagem de Dakota Fanning leva discussão de feminista ao The alienist

O método desenvolvido por Kreizler é calcado na psicologia das vítimas e do assassino, cuja identidade não sabemos até uma dada altura de The alienist. O personagem de Daniel Bürhl é uma espécie de Sherlock Holmes, amparado pelo Watson John Moore, que faz o serviço sujo e, atrapalhado, nos rende algumas risadas.

A crueldade é um dos pontos que unem os assassinatos das crianças em The alienist. As vítimas são encontradas mutiladas, com destaque dado aos olhos arrancados. A direção se aproveita disso e faz do olhar dos atores um importante e muito bem sacado recurso de interpretação. Os closes nos olhos apavorados ou ternos dos protagonistas e das vítimas são diferenciados.

The alienist mescla trama policial com tom folhetinesco
The alienist mescla trama policial com tom folhetinesco

O mergulho da turma na mente dos outros acaba levando os personagens a uma jornada interior, o que mostra que uma trama policial pode, sim, ir além do simples “quem matou?”. Os conflitos de cada um dos investigadores nos são apresentados em meio às descobertas, o que, às vezes confere a The alienist um tom novelesco que pode incomodar. A mim, não incomodou.

A trama baseada em livro homônimo de Caleb Carr, tem outras características que nos remetem aos folhetins: romances entre quem, a princípio, é diferente; alívio cômico nos personagens secundários; e, especialmente, um bom gancho no final de cada episódio, o que nos leva à vontade de maratonar The alienist. Ainda tem as reflexões propostas a partir de frases como “é preciso ver além das pistas” e “em certas circunstâncias todos somos capazes de violência”. Parece mesmo ter saído das páginas de um best seller.

Além de tudo isso, The alienist tem uma fotografia muito bonita, mas que, em alguns momentos, é escura demais e pode atrapalhar o detetive do sofá. Essa alternância entre o claro e escuro soa mais como descuido do que como opção estética. A direção de arte também chama a atenção, com uma boa reconstituição de época e com a acertada opção de os diálogos serem escritos como nos dias de hoje.