Amor de Mãe Novo visual de Penha (Clarissa Pinheiro) *** Local Caption *** Cap 79 – Cena 12 – Penha (Clarissa Pinheiro)

Clarissa Pinheiro estreia em novelas dando show como a Penha de Amor de mãe

Publicado em Entrevista

Penha é a malvada da vez em Amor de mãe. Atriz Clarissa Pinheiro se destaca cada vez mais na trama das 21h

Quem diria, no início de Amor de mãe, que Penha (Clarissa Pinheiro) se tornaria uma das vilãs da trama das 21h? A trajetória da personagem é, no mínimo, surpreendente. Começou com ela sendo injustiçada pela patroa ao ser acusada do roubo de joias, passou pela traição e assassinato do marido e, agora, Penha se apaixonou por Belizário (Tuca Andrada) e se tornou uma vilã, aliada de Álvaro (Irandhir Santos).

Essa mudança nos personagens é uma marca de Manuela Dias, autora de Amor de mãe, e da minissérie Justiça, na qual Clarissa também atuou. “Temos que encontrar as razões que movem a nossa personagem a cada semana. Isso é muito interessante porque o tempo inteiro você está se analisando sob vários pontos de vista e encontrando diversos sentimentos dentro de si”, afirma Clarissa, em entrevista ao Próximo Capítulo.

Cria dos palcos e, especialmente, das telonas, Clarissa demorou um pouco para fazer novela. Mas isso não gerou ansiedade na atriz. “Eu acalmei bastante meu coração (para tudo na minha vida) quando eu coloquei na minha cabeça que as coisas acontecem quando têm que acontecer. Parece besteira, mas esse mantra faz com que eu receba de braços abertos tudo que aparece na minha vida. Se essa foi a hora certa de estrear numa novela? Acredito que sim. Provavelmente porque tinha que ser. E que bom que foi!”, comenta.

“O processo é diferente e com desafios específicos, como o de só saber semanalmente a trajetória da personagem. Num filme, a gente já tem o arco dramático definido desde o início. Na novela temos que encontrar as razões pelas quais a personagem mudou de comportamento. É um novo jeito de jogar. E estou curtindo muito”, compara.

Entrevista// Clarissa Pinheiro

Atriz Clarissa Pinheiro
Foto: Sergio Baia. Clarissa Pinheiro: novela veio na hora certa

A Penha foi alvo de uma injustiça e a patroa dela a considera culpada sem nem ouvir o lado dela. Esse jogo de poder doméstico é bem mais comum do que pensamos, não?
Infelizmente, esse é um tema que ainda permanece em pauta: o abuso de poder dentro de uma hierarquia verticalizada. Acho que para o serviço doméstico é ainda complicado, porque esse tipo de trabalhador é pouco respaldado pela justiça. Isso é reflexo de uma aristocracia que, mesmo estando completamente fora do tempo, permanece no comportamento de muita gente.

Amor de mãe é uma novela que vem tendo várias reviravoltas. A Penha agora em uma trama policial. Essa não linearidade do roteiro é mais desafiador para o ator?
Sim. E o barato está nisso. Temos que encontrar as razões que movem a nossa personagem a cada semana! Isso é muito interessante, porque o tempo inteiro você está se analisando sob vários pontos de vista e encontrando diversos sentimentos dentro de si.

Em Amor de mãe você repete a parceria com a autora Manuela Dias (Justiça) e com o diretor José Luiz Villamarim (Onde nascem os fortes). Em que medida isso ajuda em seu trabalho?
Acredito que quanto mais à vontade o ator estiver, melhor entrará no jogo da atuação. Estar, novamente, com pessoas que, desde o primeiro encontro, me trouxeram tanto bem estar só me coloca num território ainda mais familiar e favorável para que eu possa dar o melhor de mim.

Amor de mãe é sua primeira novela. Demorou para isso acontecer ou você acha que foi na hora certa?
Olha, eu acalmei bastante meu coração (para tudo na minha vida) quando eu coloquei na minha cabeça que as coisas acontecem quando têm que acontecer. Parece besteira, mas esse mantra faz com que eu receba de braços abertos tudo que aparece na minha vida. Se essa foi a hora certa de estrear numa novela? Acredito que sim. Provavelmente porque tinha que ser. E que bom que foi!

A gente costuma dizer que novela é uma obra aberta. Você vem do cinema, que tem uma trajetória diferente. Qual é sua principal dificuldade ao viver a Penha?
Não sei se a palavra seria dificuldade. Só acho que o processo é diferente e com desafios específicos, como esse de só saber semanalmente a trajetória da personagem. Num filme, a gente já tem o arco dramático definido desde o início. Na novela temos que encontrar as razões pelas quais a personagem mudou de comportamento. É um novo jeito de jogar. E estou curtindo muito.

A Penha é nordestina como você e é uma empregada doméstica. Ao mesmo tempo em que ela traz a representatividade de ter uma nordestina no horário nobre tem o lado de ela estar numa profissão estereotipada. Como lidar com essa dualidade?
Não tenho nenhum problema em lidar com o fato de ser nordestina e interpretar uma empregada doméstica. Estereotipada ou não, as novelas retratam, muitas vezes, a realidade cotidiana. E não há como negar que ocorre, ainda hoje, a migração de nordestinos para a região Sudeste, até porque os investimentos de peso, no país, se concentram, ainda, no eixo Rio-São Paulo.

Você sentiu mais dificuldade na carreira por ser de Pernambuco, estado que não costuma estar no mainstreaming cultural do país?
Nunca senti discriminação pelo meu sotaque ou por ser de Pernambuco. Mas sei que sou uma sortuda, por ter entrado nesse meio televisivo nos tempos atuais, em que a diversidade cultural está sendo levada em consideração, retratada nas séries, filmes e novelas.

Você estará no filme O cemitério das almas perdidas. O que pode adiantar desse projeto?
Esse é o segundo longa-metragem que rodo com o diretor Rodrigo Aragão. Uma parceria muito legal. O cemitério das almas é um épico de terror, uma coisa pouco feita no Brasil. O filme vai ser lançado no segundo semestre deste ano. Eu interpreto uma evangélica chamada Imaculada que promete dar trabalho para um grupo de artistas que chega na cidade.

O cemitério das almas perdidas é um filme de terror. Está entre seus gêneros preferidos?
Confesso que terror não era um gênero que me atraia tanto. Meu marido, pelo contrário, sempre foi apaixonado por filmes de horror. Isso me aproximou do tema e, depois de participar de A mata negra – meu primeiro longa com o Rodrigo Aragão – passei a enxergar esse tipo de produção com outros olhos. É uma brincadeira de gente grande, feita com muita responsabilidade. Os efeitos especiais são criatividade pura e o resultado é inacreditável. Muito respeito e admiração por essa galera. E foi muito legal fazer parte disso.