Chan Suan 1 Crédito: Lucio Luna/Divulgação

‘Me inspirei na mulher executiva de hoje’, diz Chan Suan sobre a construção de Naomi em A dona do pedaço

Publicado em Entrevista, Novela

Secretária de Fabiana (Nathalia Dill) em A dona do pedaço, Naomi, personagem de Chan Suan, debate o complicado dia a dia no ambiente de trabalho

Em A dona do pedaço, Naomi sofre poucas e boas na mão da vilã Fabiana (Nathalia Dill). A secretária é obrigada a levar muito desaforo para casa com medo de perder o emprego. Esse tipo de situação é algo que a atriz Chan Suan, intérprete da personagem, vivenciou e levou da vida para as telinhas quando começou a construir o papel para a novela.

“Já trabalhei com muitas pessoas que eram verdadeiros carrascos, que precisavam pisar, ou humilhar outras pessoas para se sentir no comando da situação. […] Nunca entendi a necessidade desse tipo de comportamento: muita falta de empatia, estraga o ambiente de trabalho, e o clima pesa, todo mundo sente e trabalha mal. Muitas vezes empreguei o “aham, claro, você que manda”, porque, infelizmente, existem muitas “Fabianas” por aí, e o jeito é relevar”, conta em entrevista ao Próximo Capítulo.

Inicialmente, a atriz havia pensando em montar uma personagem mais atrapalhada, no entanto, após conversa com Amora Mautner, diretora de A dona do pedaço, ela começou fazer uma personagem mais forte. “Todas as mulheres da novela são mulheres fortes e donas de si. É uma característica dessa novela, e isso é simplesmente lindo! Então mudei o conceito inicial da Naomi, e comecei a trabalhar uma personagem confiante”, revela.

O convite para interpretar a personagem veio do produtor da novela, com quem Chan havia atuado no filme Made in China. “Ele me ligou, me chamando para novela. Se eu pudesse descrever a hora que eu recebi a notícia, vocês iriam morrer de rir, da minha cara de surpresa. Gratidão demais, gente”, define.

Entrevista / Chan Suan

Como surgiu a oportunidade de integrar o elenco de A dona do pedaço?
Eu havia trabalhado com o produtor da novela num filme, o Made in China há um tempo, e um belo dia (belo mesmo), ele me ligou, me chamando para novela. Se eu pudesse descrever a hora que eu recebi a notícia, vocês iriam morrer de rir, da minha cara de surpresa. Gratidão demais, gente.

Como você se preparou para viver Naomi?
De início, havia pintado na minha cabeça uma secretária atrapalhada, mas competente. Quando encontrei Amora Mautner, perguntei sobre a personagem, e ela me disse imediatamente: “Ela é uma mulher poderosa”. Todas as mulheres da novela são mulheres fortes e donas de si. É uma característica dessa novela, e isso é simplesmente lindo! Então mudei o conceito inicial da Naomi, e comecei a trabalhar uma personagem confiante. Mas também não quis deixa-la arrogante, por isso inclui características de uma personalidade de cabeça mais aberta; mais de acordo com a modernidade que a personagem tem. Acho que já passou o tempo em que competência significava ser chata.

Você se inspirou em alguém para interpretar Naomi? Acha que tem aspectos em comum com a personagem?
Me inspirei na mulher executiva de hoje, que trabalha, é moderna, atualizada, competente, confiante, mas sem ser ditadora, porque a verdadeira segurança, nos dá isso: a serenidade de confiar no nosso trabalho. Nisso me baseio muito no como me saio no trabalho, em geral. Já trabalhei com muitas pessoas que eram verdadeiros carrascos, que precisavam pisar, ou humilhar outras pessoas para se sentir no comando da situação. Eu chamo isso de insegurança. Que todos precisam de seus trabalhos, isso é fato, mas a necessidade de se manter nela, e alcançar níveis mais altos, tornam as pessoas deslumbradas, sedentas por controle, e também à perda de escrúpulos pra dar rasteira no colega e subir na vida. Nunca entendi a necessidade desse tipo de comportamento: muita falta de empatia, estraga o ambiente de trabalho, e o clima pesa, todo mundo sente e trabalha mal. Muitas vezes empreguei o “aham, claro, você que manda”, porque, infelizmente, existem muitas “Fabianas” por aí, e o jeito é relevar. Mas sim, deixa a gente irada, assim como Naomi fica explodindo por dentro, mas por fora está fazendo a tal cara de “aham”. Afinal, como as mulheres de hoje, ela sabe que tem que dar conta.

O que podemos esperar da sua personagem no desenrolar da novela?
Acho que o público vai se divertir com as cenas dela com a Fabiana, e quem sabe se identificar, pois infelizmente acontece demais nos ambientes de trabalho. Quem nunca pegou um chefe sem noção? (Risos)

No seu núcleo você atua lado a lado com grandes nomes da tevê como José de Abreu e Nathalia Dill. Como tem sido essa troca?
É uma experiência riquíssima, adoro trocar ideias, e observo muito, aprendo demais. São pessoas mais experientes na tevê, e procuro observar no tom de voz e no tempo de fala. Percebo que acima de tudo, se sentem naturais em cena, e isso é valorizado na tela.

Como você deu início a sua carreira de atriz?
Foi quase uma catarse. (Risos). Todo mundo chega a um momento em que se pergunta: “O que estou fazendo?”, “Quem sou eu?” e “Onde quero chegar?”. E no meu, perto dos 30 anos, algo dentro de mim veio à tona, de maneira arrebatadora, como algo que eu sempre quis fazer, mas que nunca achei que poderia fazer um dia. Eu via muito filme quando criança, e era sempre muito fascinante, rolava muita admiração com o trabalho dos atores. Daí, comecei a fazer teatro, e o resultado foi um grande amor.

Além da novela, você tem outros projetos?
Também sou dubladora, eu curto muito e é supergostoso de fazer. Recentemente, fiz uma participação em uma novela mexicana, que eu simplesmente amo dublar, porque é muito divertido, as emoções são sempre grandes e dramáticas. Dublar é uma atividade muito além de atuar, é outro mecanismo, mas extremamente prazeroso, sou apaixonada!

Você tem ampla experiência no cinema incluindo produções internacionais como O ornitólogo e Guerreiras de sangue pretende apostar em uma carreira internacional?
Com todo o holofote que há sobre a indústria americana, acho que todo ator vislumbra a carreira internacional, não tem jeito. Adoraria fazer mais trabalhos internacionais, sem dúvida! Mas confesso que também não imaginava. Falo inglês e chinês fluentemente, e também faço kung fu, o que acabou me abrindo portas. Essas experiências foram enriquecedoras e inesquecíveis. Tenho muita curiosidade de conhecer os vários aspectos culturais que tem o cinema pelos diferentes países. Vejo uma inserção maior do asiático lá fora, espero que um dia isso seja uma realidade no Brasil também.

Qual personagem gostaria de viver na tevê ou no cinema?
Gostaria de fazer um filme de ação. Sempre curti o movimento, a sagacidade dos personagens, acho que os filmes de kung fu fizeram bastante efeito nisso. (Risos). Os filmes de heróis então, me deixam eufórica, cresci lendo quadrinhos e jogando vídeo game. Adoro esse mundo nerd da fantasia.