1 Até 2025, a ONU espera que os países aumentem em 50% a quantidade de crianças que são alimentadas exclusivamente pelo leite materno até o sexto mês de vida Prefeitura de São Paulo/Reprodução

Dia, semana e mês celebram a amamentação e o leite materno

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A chegada do oitavo mês do ano tem um significado especial de valorizar e reforçar a importância do leite materno, o melhor alimento para o início da vida. O primeiro dia do mês, nesta quinta-feira (1º/8), é o Dia Mundial da Amamentação, o que torna esta a Semana Mundial da Amamentação. No entanto, a valorização do leite materno continua pelos 31 dias do mês: instituído no Brasil desde 2017, o Agosto Dourado celebra o “alimento de ouro” para a saúde dos bebês, que traz vantagens também para as mulheres.

Mesmo assim, ainda há muitas crianças que não têm acesso ao leite da mãe, mesmo quando existem condições necessárias para amamentar. Por vezes, por simples desconhecimento. Após décadas de estudo sobre os benefícios do aleitamento materno, a Organização das Nações Unidas (ONU) espera que seus países membros elevem em 50%, até 2025, o número de bebês que recebem exclusivamente o leite materno até o sexto mês de vida. O alimento é considerado o mais completo e contém anticorpos que podem prevenir doenças. O ato de amamentar é complexo e envolve questões que perpassam a alimentação e a saúde da mãe e atingem o patamar econômico e cultural.

Até 2025, a ONU espera que os países aumentem em 50% a quantidade de crianças que são alimentadas exclusivamente pelo leite materno até o sexto mês de vida

Eventos marcam Agosto Dourado no DF

O Hospital Santa Marta promove, na próxima segunda-feira (5/8), roda de conversa multiprofissional sobre importância da amamentação, alimentação pós-parto e psicologia aplicada no puerpério. O evento será das 14h às 17h, no auditório do Instituto Santa Marta de Ensino e Pesquisa (Ismep), no Setor E Sul, Área Especial 3, Taguatinga Sul (DF). Inscrições gratuitas pelo link. Em 21 de agosto, é a Maternidade Brasília que organiza debate com profissionais de saúde e influenciadores sobre a importância e os desafios da amamentação.

Entre os convidados estão a atriz e embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Maria Paula; o casal Luiza e Hilan Diener, do canal Potencial Gestante; a pediatra e coordenadora do Banco de Leite da Maternidade Brasília Sandi Sato; e a enfermeira da Maternidade e especialista em amamentação Larissa Sena. O evento será gratuito, às 18h30, no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi Brasília (Lago Norte). As inscrições devem ser feitas na página.

Roda de conversa no Hospital Santa Marta será na segunda (5/8)

Benefícios são para a mãe e o bebê

Entre os diversos pontos positivos do aleitamento materno estão a redução do risco de doenças cardíacas e derrame após o parto nas mulheres, segundo estudo publicado no periódico científico Journal of the American Heart Association. Durante oito anos, cerca de 290 mil mulheres chinesas foram acompanhadas por pesquisadores da Universidade Oxford, na Inglaterra, e da Academia Chinesa de Ciências Médicas, na China. Os estudos revelam que as mulheres que amamentaram teriam risco 9% menor de terem doenças cardíacas e 8% menor de derrames.

A cada seis meses adicionais de aleitamento materno, o risco diminui em até 4% as doenças cardíacas nas mulheres, e reduz em 3% os casos de derrame. O risco de doenças cardíacas é reduzido em até 18% quando a amamentação continua por dois anos ou mais. A redução do risco de doenças do coração também foi descoberta por uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Entre as mulheres com bons níveis de pressão sanguínea na gravidez, as que amamentaram por pelo menos seis meses demonstraram maiores níveis de colesterol bom (HDL) e nível menor de gorduras no sangue.

Nesse grupo, constatou-se menor espessura média da artéria carótida. Diversos estudos também comprovaram benefícios como: diminuição nas chances de ter depressão pós-parto e de desenvolvimento de diabetes tipo 2, além de proteger contra o câncer de mama e de ovário. Os bebês também são protegidos contra diabetes tipo 2, têm menor chance de sofrer com obesidade ou sobrepeso no futuro e são protegidos de anemia, alergias e infecções respiratórias.

O prejuízo total de não amamentar exclusivamente no primeiro semestre de vida do bebê foi calculado em US$ 341,3 bilhões por ano

Aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses incrementaria economia mundial

Além de trazer benefícios para mães e bebês, o aleitamento materno é a melhor opção para a economia mundial. É isso que mostra a pesquisa O custo de não amamentar, que reúne dados de mais de 100 países. De acordo com o estudo, a economia global pouparia US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,76 bilhões) se a totalidade das mulheres pudesse amamentar os filhos exclusivamente durante os primeiros seis meses, como recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A pesquisa, publicada no jornal acadêmico de Políticas e Planejamento da Saúde da Universidade Oxford, no Reino Unido, fez o cruzamento entre as informações coletadas da população e os estudos publicados sobre o tema. Os resultados mostraram que 595.379 mortes de crianças entre seis meses e 5 anos por ano, atribuídas à diarreia e pneumonia, poderiam ter sido evitadas com a amamentação exclusiva no primeiro semestre de vida.

A análise também estima que 974.956 casos de obesidade infantil por ano podem ser atribuídos à ausência ou interrupção prematura da amamentação. Já para as mulheres, estima-se que a amamentação teria o potencial de prevenir anualmente 98.243 mortes por diabetes e cânceres de mama e ovário. Ao prevenir o aparecimento dessas doenças, os pesquisadores estimam que haveria uma economia anual de US$ 1,1 bilhão com os custos de saúde.

Já a perda de produtividade causada por essas mortes prematuras de mães e filhos foi estimada em US$ 53,7 bilhões por ano, de acordo com os cientistas. O maior prejuízo econômico, porém, vem das perdas cognitivas de crianças que não são amamentadas nos seis primeiros meses e não recebem nutrição adequada, o que equivaleria a menos US$ 285,4 bilhões gerados por ano na economia mundial. No total, o custo global de não amamentar exclusivamente durante os primeiros seis meses foi calculado pelos pesquisadores em US$ 341,3 bilhões por ano.

A deputada Alice Portugal é a relatora do projeto

Direito de amamentar em público pode ser garantido no Congresso Nacional

Tramita no Congresso Nacional projeto de lei para penalizar, com multa, a violação do direito à amamentação em espaço público. O Senado Federal aprovou o PLS nº 514/2015 em março deste ano. O texto assegura o direito das mães de amamentar em local público ou privado sem sofrer qualquer impedimento. A matéria faz parte da pauta prioritária da bancada feminina na defesa dos direitos das mulheres e aguarda agora o parecer da relatoria na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CMulher) da Câmara dos Deputados, onde se tornou o PL nº 1654/2019. Em maio, a deputada Alice Portugal (PCdoB/BA) foi designada relatora do projeto. Pelo texto, atitudes voltadas a segregar, discriminar, reprimir ou constranger mãe e filho no ato da amamentação serão consideradas como ilícito civil.

A pena para quem proibir a amamentação é de multa com valor não inferior a dois salários mínimos. Alimentar os filhos em lugares públicos, como praças, pontos de ônibus, restaurantes, centros de compra ou supermercados, não deveria causar espanto ou qualquer constrangimento. Em síntese, se o espaço ou estabelecimento permite o livre trânsito de pessoas, está liberada a amamentação. É preciso entender que a amamentação é um direito da criança e da mulher que assume a responsabilidade grandiosa de propiciar o desenvolvimento sadio e afetivo do filho.

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