UFSCar promove simpósio de desenvolvimento infantil a partir de sexta-feira (19)

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A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) promoverá a quarta edição Simpósio de Desenvolvimento Infantil (SDI) entre as próximas sexta-feira (19) e segunda-feira (22). A programação será sempre a partir das 8h30 no auditório do Centro de Pesquisas em Materiais Avançados e Energia (CPqMAE), localizado na área Norte do câmpus São Carlos, no estado de São Paulo.

O objetivo é discutir o papel das interações entre genética e ambiente no desenvolvimento infantil. As inscrições para ouvintes estão abertas e podem ser feitas também durante os dias do evento pela internet. Ainda há vagas disponíveis alunos de graduação (R$ 50), alunos de pós-graduação (R$ 160), profissionais (R$ 260) e professores de educação básica (R$ 100).

O simpósio ocorre a cada dois anos e é voltado para pesquisadores, profissionais, estudantes de graduação e pós-graduação e demais interessados no tema. Ao longo dos dias, o evento trará atividades com pesquisadores brasileiros e estrangeiros que vêm contribuindo para o avanço da ciência do desenvolvimento humano e, em especial, explorando novas frentes de pesquisa na área.

Confira destaques da programação:

  • 19 de outubro: haverá duas conferências, “Princípios biológicos do desenvolvimento embriofetal humano” e “Efeitos do álcool e do Zika vírus no desenvolvimento pré-natal”, que serão ministradas, respectivamente, pelas geneticistas Débora Gusmão, professora do Departamento de Medicina (DMed) da UFSCar, e Lavínia Schuler Faccini, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
  • 20 de outubro: as conferências discutirão as possibilidades de intervenções comportamentais direcionadas a indivíduos diagnosticados com o Transtorno de Espectro Autista (TEA). A primeira palestra, intitulada “Intervenção comportamental precoce e intensiva com crianças com autismo por meio da capacitação de cuidadores”, será proferida por Camila Gomes, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-MG) de Belo Horizonte. Na sequência, André Varella, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), tratará das estratégias recentes para o ensino de linguagem a crianças com autismo.
  • 21 de outubro: dia livre
  • 22 de outubro: no período da manhã, David Moore, docente e pesquisador do Pitzer College e da Claremont Graduate University e diretor do Developmental Sciences Program, da National Science Foundation, falará sobre epigenética comportamental e o papel de processos de desenvolvimento sobre a geração de todos os fenótipos; no período da tarde, Moore apresentará dados de pesquisas recentes, conduzidas em seu laboratório, sobre habilidades de rotação mental em bebês.

E se os novos governantes abraçarem a causa da primeira infância?

Nelson Almeida/Divulgação, José Cruz/Agência Brasil, Ed Alves/CB/D.A Press e Romerito Pontes/Agência Brasil
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Nelson Almeida/Divulgação, José Cruz/Agência Brasil, Ed Alves/CB/D.A Press e Romerito Pontes/Agência Brasil
Os 13 candidatos à Presidência da República, por ordem alfabética

Santiago, Chile — A responsabilidade pelo futuro da primeira infância no Brasil estará, em grande parte, nas mãos dos candidatos eleitos para a Presidência da República e o governo do Distrito Federal e dos estados a partir de hoje. O poder público tem aptidão para garantir os direitos e o pleno desenvolvimento das crianças do país — ou não. Tudo depende dos recursos, das políticas públicas e, para começar, da vontade política para promover a valorização da fase que começa no útero da mãe e se estende até os 6 anos de idade. Independentemente do partido ou do posicionamento ideológico, os novos governantes têm potencial de se tornarem grandes agentes de transformação nesse sentido.
Exemplos de fora mostram o grande impacto que a decisão de abraçar a causa da primeira infância pode trazer a um país. E não é preciso ir muito longe: é possível aprender lições valiosas de vizinhos, como o Chile. A república encravada entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico viu o tratamento destinado às crianças pequenas se revolucionar nos últimos 12 anos com a criação do programa intersetorial Chile Crece Contigo, impulsionado pela decisão de quem teria poder para fazer com que ministérios diferentes trabalhassem juntos: a então presidente Michelle Bachelet. A médica e política chilena presidiu o país em dois mandatos: o primeiro, entre março de 2006 e março de 2010, e o segundo, entre março de 2014 e março de 2018.

Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press
Jeanet Leguas Vásquez, porta-voz do MDS do Chile

Como o sistema de proteção da primeira infância foi instituído como política de estado, e não de governo, continuou se desenvolvendo durante o mandato de Sebastián Piñera, de centro-direita, que comandou o país entre março de 2010 e março de 2014 e acaba de assumir novamente a presidência do Chile, que deve prosseguir avançando com o programa, de acordo com Jeanet Leguas Vásquez, porta-voz do Ministério de Desenvolvimento Social do Chile. “O programa se tornou lei e, por isso, não pode desaparecer. O orçamento tem crescido a cada ano”, diz. Por fatores econômicos e geográficos, trata-se de um país com o qual o Brasil pode se comparar.
Se uma política pública voltada à primeira infância deu certo por lá, é possível que um programa voltado a esse público dê certo por aqui. Jeanet ressalta, porém, que qualquer política precisa ser desenhada de acordo com as especificidades de cada região. “Cada país é totalmente distinto, depende muito de como se organiza. É importante que os países não sejam tão ambiciosos no início: não se pode esperar iniciar já com uma grande dimensão de alcance. Mas é preciso começar e ir avançando gradativamente”, ensina. E o pontapé para que um processo desses se estabeleça, é a decisão política. Governantes locais podem fazer a diferença em suas regiões, mas para uma estratégia nacional, o ideal é que a iniciativa comece na presidência.
O envolvimento presidencial também foi fundamental para permitir a implantação de programas bem executados em outros países da América Latina que se inspiraram no modelo chileno (por exemplo, “De zero a sempre”, na Colômbia; e “Uruguai Cresce Contigo”). No Brasil, existem algumas iniciativas positivas, como o Brasil Carinhoso (programa criado em 2012 de transferência de renda da esfera federal para as redes municipais com o objetivo de custear despesas com educação infantil, cuidado integral, segurança alimentar e nutricional de crianças em vulnerabilidade social) e Criança Feliz (programa de visitas domiciliares lançado em 2016, que, até o momento, atingiu 16,5% da meta de visitas às famílias), no entanto, ainda não surtiram efeitos em larga escala.

Para que um programa voltado à primeira infância tenha efetividade e seja aplicado em larga escala, precisa ser visto como prioridade e abraçado como estratégia de desenvolvimento pelo presidente e demais autoridades. Independentemente do resultado nas urnas neste domingo (7), fica a torcida para que os novos representantes da população, de todos os níveis e poderes, entendam a importância dessa causa e trabalhem, desde o início do mandato, em prol dela.

*A jornalista viajou como bolsista do programa de reportagens sobre primeira infância do International Center for Journalists (ICFJ), com patrocínio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV)