Lágrima ácida não tem relação com pH

Publicado em saúde pet

Apesar do nome popular, cães e gatos com lágrima ácida não têm pH lacrimal alterado. As manchas, que podem estar associadas à drenagem do canal lacrimal, devem ser avaliadas por oftalmologistas

Mel: tratamento à base de vitaminas resolveu o problema das manchas Crédito: Arquivo Pessoal
Mel: tratamento à base de vitaminas resolveu o problema das manchas Crédito: Arquivo Pessoal

Eles nascem branquinhos, branquinhos. Mas, como passar dos meses, muitos cachorros e gatos desenvolvem a chamada lágrima ácida, manchas escuras na pelagem da região dos olhos. Embora ainda não se saiba a causa, alguns especialistas acreditam que a alteração na cor seja consequência da acidez lacrimal. De acordo com o médico veterinário da loja virtual Petlove Márcio Waldman, alguns pets têm problemas de drenagem nessa região. “Em vez da lágrima escorrer para dentro dos canais de drenagem que levam a região nasal, ela flui pelo canto, formando a famosa expressão ‘pelo queimado’ ”, explica.

De acordo com ele, já foram realizados estudos que chegaram à  seguinte conclusão: animais brancos com os pelos manchados possuem o mesmo PH da lágrima do que os outros sem o mesmo problema. “Logo, a questão da acidez fica um pouco comprometida na sua essência”, afirma Waldman. Até o momento, foi confirmado que a quantidade de ferro contida na lágrima tinge o pelo branco de uma cor que lembra ferrugem, mas não se pode afirmar que todos os cães e gatos com tingimento nessa região têm uma quantidade maior de ferro na lágrima que o normal.

A shitzsu Mel sempre apresentou lágrima ácida. “Minha primeira tentativa para solucionar o problema foi usar um produto importado. Usei por três meses e resolveu por um tempo. Mas, depois de alguns meses, a lágrima começou a manchar o pelo novamente. Tentei de novo, mas agora sem sucesso”, conta a tutora, Thayná Barbosa. Depois de ouvir relatos positivos sobre um tratamento à base de vitaminas, ela resolveu testar. “Em dois meses, o resultado começou a aparecer. O rosto da Mel ficou branquinho e até hoje faço manutenção diária. Nunca mais o pelo voltou a manchar”, conta.

O veterinário Márcio Waldman alerta que os tutores devem ter cuidado com produtos não licenciados, que podem gerar efeitos colaterais a longo prazo (leia entrevista abaixo). De acordo com ele, é importante consultar um especialista. Em alguns casos, se o médico veterinário identificar uma infecção, ele pode receitar um antibiótico que, em pequena quantidade, tende a clarear temporariamente a mancha.

 

Entrevista // Márcio Waldman

1) Alguns tutores acreditam que a alimentação também pode influenciar no surgimento das lágrimas. Há algum fundamento científico nessa informação?

É muito comum ouvirmos que uma determinada ração melhorou o tingimento das lágrimas ou que outra opção de ração piorou, mas aparentemente isso é mera observação do acaso, pois ainda não foi comprovado o causador desse tingimento. Ressalto que o PH da lágrima pode ser mais crença que realidade. A quantidade de ferro na lágrima parece ser algo que tem algum fundamento científico, mas ainda precisa de confirmação, assim como todas as outras causas que são: genética, obstrução do sistema de drenagem da lágrima, inflamações etc.

2) Para o animal, há algum desconforto? Ou é apenas uma questão estética?

A não ser que haja alguma inflamação, não há desconforto qualquer ao animal. Os casos de tingimento sem inflamação são totalmente estéticos.

3) Quais os riscos de produtos não licenciados para a saúde do animal?

Essa é uma responsabilidade enorme, existe o risco de administrar ao pet um produto não testado e não licenciado, causando algum tipo de efeito colateral em médio ou longo prazo. Não recomendamos a automedicação e nem orientações de pessoas não formadas para isso. O melhor tratamento para o animal é mera consequência do melhor diagnóstico, que só pode ser conseguido no seu médico veterinário de confiança.