Entrevista com Alexandre Rossi, o “pai” da Estopinha

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O especialista em comportamento animal e zootecnista Alexandre Rossi esteve em uma das maiores feiras pet do mundo, a Global Pet Expo, em Orlando, e conta as novidades e tendências desse mercado. Em entrevista ao blog, ele conta que viu muita coisa interessante, como petiscos naturais e brinquedos para enriquecimento ambiental. Mas também se deparou com produtos que podem incomodar muito os animais, caso de colares de pérola e roupas quentes

 

Alexandre Rossi ficou por dentro das novidades e trouxe muitos presentes para Esotpinha, Barthô e Miah Crédito: Divulgação
Alexandre Rossi ficou por dentro das novidades e trouxe muitos presentes para Esotpinha, Barthô e Miah Crédito: Divulgação

 

1) Pensando na realidade brasileira, quais os produtos que você viu por lá e que devem fazer maior sucesso aqui?

A grande variedade de carrinhos para cães me parece que atrairia o público brasileiro. Este equipamento tem sua utilidade, mas se utilizado em exagero, não permitindo ao cão caminhar no chão (que é um comportamento natural), eu acho que pode ser prejudicial para eles.

2) Os brinquedos que estão mais focados em resolver problemas comportamentais estão em alta?

Sim, porque estimulam os comportamentos naturais. Cada vez mais os brinquedos estão sendo utilizados como uma maneira de oferecer a alimentação de forma mais ativa para os animais de estimação, por isso o sucesso deste tipo de brinquedo acaba sendo garantido. E é importante, porque às vezes o cachorro não tem a motivação para brincar sozinho ou por muito tempo. E estimular brincadeiras onde ele consiga se alimentar sozinho acaba sendo uma maneira deles fazerem exercício e de terem enriquecimento ambiental. Mesmo um cão adulto, mais velho, mas que em vida livre teria que fazer um mínimo de atividade para se alimentar, se beneficia com este tipo de brinquedo. E manter o animal entretido, com atividades e estímulos mentais, é uma forma de prevenir diversos problemas de comportamento, como destruição, latidos em excesso e ansiedade de separação. Muitos não estarão ainda disponíveis no Brasil, mas logo devem chegar em versões mais baratas ou adaptadas por fabricantes brasileiros.

3) O brasileiro não economiza na hora de mimar o pet. Que tipo de produto você considera dispensável – coisas que nem interessam o animal tanto assim e que só fazem o tutor gastar dinheiro?

Vi muito disso por lá. Primeiro, sim, as pessoas gastam bastante dinheiro com os pets, mas vemos claramente que os brasileiros economizam em relação aos americanos. Lá há disponibilidade de itens muito caros e o que acaba vindo para o Brasil costuma ser uma versão mais barata. Mas este tipo de gasto acaba sendo um carinho que a pessoa demonstra ter com o animal. O que considero desnecessário ou exagerado não é algo que o animal não se interessa, mas sim o que o incomoda. Eu vi vários produtos que podem incomodá-los como colares de pérolas, que são pesados para cachorros pequenos. Roupas inteiras para cachorros, que às vezes até têm uma função, mas percebemos que o cachorro já está com calor, então a roupa não é nada confortável. Tem os carrinhos para cachorros também, que podem ser úteis em algumas situações (como estar com um cachorro pequeno num ambiente cheio de gente, por exemplo, ou quando não podem fazer xixi em qualquer lugar). O problema é que às vezes o carrinho acaba substituindo o passeio que é muito importante para o cão e, neste caso, seu uso acaba sendo prejudicial para o bem-estar. No mercado brasileiro já temos carrinhos, mas eu me espantei com a quantidade de opções disponíveis por lá: existem carrinhos cada vez mais tecnológicos e alguns muito parecidos com os de bebês mesmo.

Outra coisa que acaba não sendo legal são os sapatinhos. A maioria dos cachorros não gosta, se sentem incomodados e preferiam não usar. Para gatos, vi as areias coloridas, que brilham no escuro, que têm aromas artificiais, mas obviamente não verificaram se os gatos gostam dessas “novidades”. Eu acho que as caixas de limpeza automática podem ter sua utilidade, mas algumas são muito caras e não funcionam tão bem, já que são barulhentas e podem assustar o gato. Além disso, com as caixas autolimpantes, o tutor não terá contato com as fezes e urina do pet, o que pode dificultar saber se ele está saudável ou não (por exemplo, não saberá se há sangue na urina ou se está apresentando diarreia). Vi tapetes higiênicos para cachorros que são de cor cinza, para você não ver as manchas amarelas de urina. Mas aí ocorre o mesmo problema: o tutor não verá se algo estiver errado com a urina do cão.

Além disso, vi esmalte de unha para cachorros e gatos, que não têm utilidade nenhuma.

4) No ramo da alimentação, o que te chamou mais atenção? 

O que eu notei foi que, por muitos anos, o que evoluíam eram os acessórios e os serviços, na parte alimentícia já se considerava que existiam ótimas rações e, assim, esse mercado não crescia. Mas nos últimos anos, o que temos visto é o contrário: esse é o setor que mais vem crescendo e as pessoas estão buscando ingredientes mais naturais, com menos conservantes, menos corantes, menos ingredientes. Há muitos produtos livres de grãos, sem transgênicos e muitos desidratados, suplementos e outras coisas. Eles têm usado grilos como petiscos, uma proteína mais ecológica.Na minha visão, muitas dessas tendências não têm embasamento científico nenhum. Às vezes, pelo contrário, quando se busca embasamento, encontra-se contraindicações, como por exemplo, muitos alimentos crus têm o potencial de passar diversas doenças para os animais.

5) Agora o principal: o que você trouxe na mala para a Estopinha, o Barthô e a Miah? 

Eu busco trazer brinquedos de qualidade, que não vão quebrar, que não tenham pontas agudas e que eles não se machuquem. Eu trouxe muita coisa, um monte de bichos de pelúcia, vários petiscos de diferentes tipos e eles foram superaprovados. O Barthô e a Estopinha são muito gulosos então, gostaram de vários petiscos!

Eu trouxe algumas caminhas, de normais a suspensas. Eu tentei trazer um ratinho robô que me deixou muito animado, ele é programado para fugir do gato e usa uma tecnologia já desenvolvida para aspiradores de pó. Acho que a Miah adoraria, mas era só um protótipo ainda.

Além disso trouxe coleiras, guias, peitorais que funcionam como cinto de segurança no carro, suporte para andar de bicicleta com o cão, vários brinquedos de texturas diferentes para eles brincarem. Eles com certeza estão aproveitando!