Como acabar com a destruição em casa

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Quando estão entediados, os melhores amigos são capazes de colocar a casa abaixo. Aprenda a lidar com a destruição, evitando prejuízos e dor de cabeça

Tommy, 8 meses: o destruidor de sofás. Crédito: Arquivo pessoal
Tommy, 8 meses: ele já acabou com dois sofás. A lista de destruição é maior, e inclui até a parede da casa  Crédito: Arquivo pessoal

Eles são fofos e engraçadinhos. Mas tiram qualquer um do sério quando o assunto é destruição. Filhotes ou cães muito ansiosos podem colocar a casa abaixo, levando os tutores ao desespero. Que o diga a jornalista Michelle Macedo, 28 anos. Ela é tutora de Tommy, um SRD lindo e sapeca de oito meses, que já deu cabo de DOIS sofás da casa dela.

“Ele fica grande parte do tempo sozinho porque saio para o trabalho pela manhã e volto à noite. Ele está tentando destruir a casa toda. Já comeu parede, já comeu o fio da internet duas vezes, já comeu um sofá, que joguei fora, aí comprei outro, e ele já comeu o outro, comeu a casinha de madeira MDF… Fora sandália, que é comum”, enumera Michelle. Ela ressalta que, quando está em casa, Tommy se comporta como “príncipe”. “Mas, quando está sozinho, ele tem muita energia, fica estressado e a forma de botar essa energia para fora é destruindo as coisas”, diz a tutora.

Tommy entrou na vida de Michelle aos 45 dias de vida, quando foi adotado pela jornalista. Ela conta que, nos fins de semana, consegue levá-lo para passear pela manhã e à noite. Mas, durante os dias úteis, nem sempre ela consegue sair com Tommy de manhã. “Dentro da minha rotina, estou tentando encaixar dois passeios”, afirma.

De acordo com a equipe de adestramento e comportamento da Cão Cidadão, empresa criada pelo zootecnista Alexandre Rossi, o “Dr. Pet”, o real motivo da destruição de objetos é a falta de atividade. Na natureza, os cães gastariam a maior parte do tempo buscando alimentos, abrigo, água, etc. Em casa, sozinho e sem ter o que fazer, o cachorro vai criar uma forma de se entreter, seja roendo o sofá ou escalando a pia da cozinha. E, como os objetos domésticos são manuseados pelos tutores, os cães os atacam para parecer mais próximos a ele, explicam os profissionais da empresa. Uma dica é mexer bastante nos brinquedos dos pets, para deixar o cheiro neles e, assim, estimular o animal a brincar com o que deve, e não com os móveis.

Veja o que diz a equipe da Cão Cidadão:

“A primeira coisa a se fazer quando trazemos um cão para casa é disponibilizar brinquedos próprios para ele. Há inúmeros modelos de brinquedos, desde aqueles que apitam e fazem barulho ao serem apertados, como aqueles que soltam a comida ou petiscos quando manuseados.

Disponibilize brinquedos de texturas e tamanhos variados. Vale comprar pelúcias, brinquedos de borracha, cordas, panos, bolinhas ou qualquer outro que julgue seguro para seu amigo peludo. Dessa forma, ao chamar a atenção enquanto ele estiver rasgando o sofá, você poderá direcioná-lo para o objeto correto.

Mas, não basta comprar dezenas de brinquedos e deixá-los largados pela casa. O melhor brinquedo para seu cão sempre será você e tudo aquilo que você gostar, e é por esse motivo que eles teimam em pegar nossos celulares, controle remoto, sapatos, etc. Sendo assim, é imprescindível que você valorize bastante aqueles brinquedos largados no chão. Brinque com eles quando possível e dê atenção ao seu pet sempre que ele estiver com um dos brinquedos na boca.

Tão importante quanto as dicas anteriores, é o controle dos locais e móveis que o animal terá acesso, pelo menos nos primeiros meses de vida, quando o cão possui maior necessidade de destruição. Evite deixar exposto qualquer objeto da casa que ele possa estragar ou se machucar.

Existe no mercado pet produtos amargos, que trabalham como repelentes para que o cão não destrua o objeto desejado, mas, em muitos casos, o repelente só vai adiantar quando utilizado em conjunto com as dicas anteriores.

A ajuda de um profissional adestrador nessa fase vale bastante a pena. Poucas aulas são necessárias, para que um filhote aprenda o que deve ou não ser feito em casa. Lembre-se: viver em harmonia com sua nova família é tudo o que ele mais quer.”

 

Olha só o que Tommy aprontou:

 

Adestramento: Treino para um convívio feliz

Imagem mostra adestrador e uma personagem com seus cãezinhos. Adestramento.
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 Se o cão, por algum motivo, está “mal educado”, não hesite em requisitar o serviço de adestramento. Costuma dar bons resultados, não importa a idade do pet

 

 

Os cãezinhos não vêm com manual de instrução, e às vezes os donos têm dificuldade de impor limites à mascote. “Tão pequeno, ele não vai aprontar nada.” “Ele pode dormir com a gente só esta noite.” “Ele é filhote! É normal roer alguns móveis.” “Ele não gosta muito de visitas, fica assustado.” Daí o tempo passa e a bagunça foge do controle. E agora? Como mudar o comportamento de um bichinho que já tem seus hábitos e manias?

O adestrador Vilmar José de Oliveira, da Funcional Dog, atua no campo há 27 anos e garante ter a solução. É interessante educar o pet desde filhote, mas comportamentos indesejados podem ser corrigidos independentemente da idade.

“Tenho inúmeros casos de cães mais velhos, que, com o reforço positivo, tiveram hábitos transformados”, relata. Cada caso é um caso, mas o adestramento leva, em média, três meses.  “As pessoas pensam que bichos idosos são incorrigíveis, mas, na verdade, é um choque cultural. Eles apenas precisam se desestressar de alguma forma”, analisa.

Os métodos hoje usados no adestramento são baseados em estudos do comportamento e não em técnicas de punição ou agressão, como muitos pensam. Vilmar trabalha com a técnica “look at that” (olhe para isso), desenvolvida pela norte-americana Leslie McDevitt, especialista em comportamento canino. O método ensina o cão a olhar para certo objeto ou pessoa, em troca de recompensas. “É um treino de troca. Damos alguma coisa melhor do que a que ele tenta proteger”, descreve. O cão aprende que, se agir de determinada forma, será gratificado.

A gerente financeira Priscilla Matsumaga, 31 anos, tem dois spitz alemães — Kiwii, 5, e Woody, 2. O mais velho não era nada sociável e chegava a ser agressivo com quem se aproximava. Além disso, era muito possessivo com seus brinquedos, o que não facilitou a chegada de Woody. O caçula, por sua vez, era muito medroso. “Ele ficava desconfiado das pessoas, tinha medo de outros cachorros e de objetos maiores do que ele”, recorda Priscilla.

A preocupação maior de Priscilla sempre foi com o comportamento irascível de Kiwii. “Tinha muito medo de ele machucar alguém. Quando estava na cama e alguém chegava perto, às vezes acabava mordendo a pessoa.” Como as mascotes eram muito diferentes entre si, a tutora resolveu pedir a ajuda de um profissional. O adestramento logo trouxe resultados: Kiwii, que antes era agressivo, hoje é mais dócil, pede afago e divide os brinquedos com Woody. “Antes, fazíamos carinho por tempo limitado, porque ele rosnava muito. Agora, já solicita carinho e está sempre próximo de todos”, completa.

As melhorias na vida de Woody também foram significativas. Ele já aceita a companhia de cães maiores e não estranha tanto objetos. Para Priscilla, a mudança no comportamento dos pets foi um avanço. “Se eu soubesse que seria tão positivo, teria começado quando eles eram filhotes, porque várias das coisas que eu fazia (para educá-los) descobri que não funcionam.” Ela tentou, por exemplo, repreendê-los com spray de água e os deixou em cômodos separados. Nada disso adiantou… A cada nova tentativa, Kiwii e Woody respondiam com “birras”, como fazer xixi no lugar errado.

Priscilla procura reforçar o comportamento positivo em vez de focar nos erros. Para alcançar o melhor resultado, procura fazer parte do treinamento. Caso contrário, os cães entendem a mensagem que somente o adestrador sabe fazer aquelas “brincadeiras”. “O que eu sempre recomendo para pessoas com cães mais velhos é ficarem atentas aos sinais de estresse, como bocejar muito, espreguiçar-se demais ou se lamber em excesso. Quanto mais estressado, maior o nível de cortisol. É assim que problemas de comportamento e até de saúde começam a surgir”, completa Vilmar.

O beagle Thor, de 6 anos, também teve a vida transformada com o adestramento. Desde filhote, era muito bagunceiro e destruía tudo o que via pela frente. No começo, sua dona, a professora Tainah Rocha, 36, achava que era normal, pois a raça tem fama de ser agitada. Depois de tentar várias abordagens, sem sucesso, partiu para o a adestramento. “Todo dia, quando eu chegava do trabalho, ele tinha comido algum móvel ou alguma roupa. Não sabia mais como lidar e a melhor coisa foi adestrá-lo.” Depois de alguns meses, Thor começou a abandonar os comportamentos indesejados.

Foi uma surpresa positiva, admite a tutora. Hoje, caminha normalmente na rua com o cão, coisa que antes era impossível. “É ótimo ver que ele aprendeu e, agora, não é mais uma preocupação deixá-lo sozinho, por exemplo. A gente ama tanto esses bichinhos, mas, quanto eles aprontam, ficamos desesperados”, brinca.

Por Marília Padovan*,  da Revista do Correio

* Estagiário sob supervisão de Gustavo T. Falleiros.