Brincadeira é coisa séria

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Assim com crianças, os cães precisam de brinquedos para desenvolver a cognição, socializar, diminuir o estresse e, claro, para se divertir. O ideal vai depender da idade e personalidade de cada um

Freesbe: ótima opção para interagir com o cão nas áreas externas Crédito: Reprodução
Freesbe: ótima opção para interagir com o cão nas áreas externas Crédito: Reprodução

Você sabe qual é o brinquedo ideal para o pet? As melhores opções são aquelas que levam em conta quem ele é: seu comportamento, idade, condições de saúde, se convive só ou tem irmãos de pelo e necessidades. Brinquedos e brincadeiras são responsáveis pelo desenvolvimento físico e intelectual, socialização entre animais e o próprio tutor, redução de quadros de ansiedade e depressão e melhora da atenção.

Cientes de que a interação com os amigos peludos ultrapassa o simples ato de jogar bolinha e esperar que eles a tragam de volta, o médico veterinário Marco Antonio Chiara Berti e a americana Ila Franco, fundadora da Aila (Aliança Internacional do Animal), ensinam caminhos que levam à diversão inteligente e prazerosa. Veja as dicas:

Para que servem os brinquedos? A funcionalidade deles vai além do entretenimento. Na parte motora, por exemplo, ajudam no crescimento dos músculos, ossos e na lubrificação das articulações dos filhotes.  Quando o assunto é a cognição, os brinquedos têm papel decisivo na evolução intelectual dos animais, assim como acontece com as crianças. Os bichinhos passam a responder aos estímulos externos e chegam a fazer associações de sons com imagens. Outros benefícios são prevenir e reduzir a depressão, aliviar o estresse, melhorar a atenção e facilitar a socialização do pet com os donos e com outros animais.

Idade e diversão: Os filhotes estão naquela fase divertida de explorar o mundo. Por isso, roem, pulam, correm, rosnam, mordem, atacam as coisas que estão no chão e fazem aquela bagunça que a gente ama. “Eles precisam de alternativas macias e com sons suaves. Os educativos são perfeitos para os adultos. Idosos se dão bem com os de pelúcia, de tamanho grande e com som suave”, detalha Ila Franco. Ao saberem que alguém brincará com eles todos os dias, os animais tendem a ficar menos ansiosos e, de quebra, abandonam o hábito de roer e destruir objetos dentro de casa, o que é uma maravilha, certo?

Todo cuidado é pouco: Quer evitar que os cães grandes engulam algo que cause uma tragédia? Evite dar brinquedos pequenos a eles. Descarte os ossinhos de galinha, que podem causar intoxicação e levar à morte por asfixia. “Os de couro de vaca são extremamente danosos à saúde dos cachorros”, orienta Ila Franco. Pelúcias com enchimento e alternativas moles e com apito dentro também não são recomendadas pelos especialistas, assim como os brinquedos específicos para crianças. Os felinos não devem receber opções com fitas, bolinhas, penas e enchimento de pelúcia. Também evite os brinquedos feitos com materiais que se quebram facilmente, soltam pedaços pontiagudos e podem machucar ou levar a óbito.

Rodízio: Os cachorros, assim como as crianças, enjoam de brincar com os mesmos objetos. Se o seu amigão deixou aquele brinquedo que ele amava de lado, guarde-o e dê um que ele não conhece. Depois de um tempo, ele receberá o objeto que estava guardado como se fosse uma novidade. Vale usar a criatividade e montar distrações com garrafas pet, cordas resistentes e bolas macias, sempre prestando atenção à segurança dessas invenções.  

De olho no comportamento: Animais com energia acumulada tendem a ficar agitados. Se for o caso do seu pet, ofereça a ele brinquedos que o façam correr e pular. Que tal se exercitar com o amigão jogando bola e disco frisbee? Os peludinhos pacatos adoram entretenimento com pouco esforço físico. “Cães e gatos têm necessidade de explorar os espaços com a boca e com o olfato. Por isso, cheiram e mordem “o mundo” à sua volta”, alerta Berti. Para eles, brincar também está ligado à aprendizagem.

Alimentos de brincar: Transformar a hora das refeições em brincadeira é ótima pedida para o pet. Você pode elaborar um desafio escondendo a comida ou dificultando o acesso a ela (num espaço de tempo que não deixe o bichinho ansioso ou com fome). Assim, ele tem comida, entretenimento e diminuição da ansiedade, principalmente quando passa boa parte do dia sozinho. Bolas conhecidas como porta-ração têm furos para liberar a comida à medida em que os cães as movimentam são feitas com esse objetivo. Então, adquira um que se encaixe ao perfil do seu amigão e boa diversão.

Brinquedo para dois ou mais: Tem mais de um animal em casa? Então, dê um brinquedo para cada um. A atitude não impede que eles brinquem com o mesmo brinquedo, é claro. Outra boa ideia é amarrar brinquedos em pontos fixos separados para que um pet não se aposse do objeto do outro.

Boa ação: Ciente de todos os benefícios que os brinquedos trazem aos animais, que tal presentear os pets que vivem em abrigos? Quando chegam à Aila é de praxe cães e gatos ficarem ansiosos. É aqui que o respeito dos profissionais e o uso de brinquedos ajudam a acalmá-los, criando laços de afeto e confiança. “Oferecemos brinquedos que sirvam a propósitos diferentes: carregar, chacoalhar, rolar e confortar. Cada pet acolhido recebe, no mínimo, um tipo dessas quatro alternativas”, explica Ila. Bolas macias de borracha, bichos de pelúcia e os educativos, como os pratos de comer giratório para treinar cães e gatos a comerem mais devagar, são essenciais para os pets da organização.

 

Saiba mais sobre a Aila

A organização resgata animais vítimas de maus-tratos e oferece todo o suporte necessário para reinseri-los à sociedade. Os pets acolhidos recebem tratamento clínico, são vermifugados, vacinados, esterilizados, alimentados, cuidados com amor e preparados para adoções responsáveis. A Aliança Internacional do Animal e seus parceiros acreditam que os animais, assim como os seres humanos, têm direito à liberdade e à vida digna. Por isso, julgam inaceitável, sob quaisquer circunstâncias, a crueldade entre ambas as espécies.

Atualmente, a instituição abriga em torno de 1100 animais, entre cães e gatos. Eles são acomodados em três espaços distintos, todos localizados em Cotia, SP. Grande parte vive num espaço de 120 mil m², divididos de acordo com suas condições. Quando são acolhidos pela Aila, passam por uma triagem com veterinários.  Depois, são acomodados de acordo com suas necessidades físicas e emocionais, nos chamados núcleos, com casas suspensas de madeira e alvenaria em tamanhos confortáveis aos cachorros. Protegidos do frio e da chuva, eles ainda contam com lagos para se refrescar em dias de calor intenso, móveis para descansar, brinquedos, água limpa, alimentação saudável e equilibrada, espaço abundante para se exercitar, natureza farta e muito amor e atenção.

Assim como os cães, os gatos ficam em um local amplo só para eles, divididos de acordo com o quadro de saúde de cada um, com todos os acessórios necessários para seu conforto. Para saber mais, acesse www.aila.org.br