Maus-tratos contra animais: conselho de veterinários abre consulta pública

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O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) abriu uma consulta pública sobre a proposta de Resolução que conceitua crueldade e maus-tratos e dispõe sobre a conduta de médicos veterinários e zootecnistas em relação a maus-tratos contra animais vertebrados.

O Artigo 4 do Código de Ética do Médico veterinário já determina que o médico veterinário deve “usar procedimentos humanitários para evitar sofrimento e dor ao animal”, e que ele deve “respeitar as necessidades fisiológicas, etológicas e ecológicas dos animais, não atentando contra suas funções vitais e impedindo que outros o façam”. Mas, diante da crescente preocupação da sociedade quanto ao bem-estar animal e o impedimento ético e legal de maus-tratos contra animais, o Conselho decidiu elaborar uma resolução mais completa e clara a respeito do que constitui maus-tratos aos animais, e sobre como deve ser a conduta dos médicos veterinários e zootecnistas para proteger o bem-estar dos animais.

A proposta, elaborada pela Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (Cebea) e Comissão Nacional de Especialidades Emergentes (CNEE) do CFMV também dispõe sobre o reconhecimento de maus tratos, condutas e penalidades, e ainda enumera os indicadores de bem-estar animal. “O CFMV já vem contribuindo com orientações por meio de publicações, mas a resolução tem um caráter orientativo muito mais claro”, diz a médica veterinária Carla Molento, presidente da Cebea.

Como esse é um tema bastante delicado e de grande importância, o CFMV decidiu colocar o texto sob consulta pública. Durante o próximo mês, o conselho vai receber sugestões de entidades, profissionais e membros da sociedade, que podem apresentar argumentos para melhorar a proposta de texto do CFMV. Só depois disso, será redigido o texto final.

As sugestões podem ser encaminhadas com o assunto “Maus tratos e crueldade”, até o dia 3 de fevereiro de 2017, pelo e-mail: consultapublica@cfmv.gov.br ou para o endereço do CFMV: SIA Trecho 6, lt.130 e 140, Brasília-DF, CEP 71205-060. A proposta de resolução pode ser conferida aqui.

 

 

No Dia Nacional de Adotar um Animal, conheça Jade e outros pets

Dia Nacional de adotar um animal
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Em homenagem a São Francisco de Assis, o 4 de outubro foi escolhido o Dia Nacional de Adotar um Animal. Os abrigos estão lotados de cães e gatos. Leve um — ou mais — e seja muito feliz!

(por Roberta Pinheiro-Especial para o Correio) (fotos Luís Nova-Especial para o Correio)

“Você gosta mais do Jonatan do que mim”, disse uma vez Paola, 14 anos, para a mãe, Ana Paula de Vasconcelos, 38. “Até em viagem ela (Ana Paula) encontra um jeito de cuidar dos animais. Eles vão para a porta do hotel atrás de comida”, conta outra vez a filha. A dedicação e o empenho da advogada Ana Paula começaram em 2011 quando ela se mudou para o Lago Norte e teve contato com a realidade do abandono. Primeiro, cuidando dos bichos que encontrava atropelados. Depois, passou a dar comida para os que passavam fome até, atualmente, ser procurada por pessoas que querem denunciar maus-tratos. No Dia de São Francisco e no Dia Nacional de Adotar um Animal, pessoas como Ana Paula mostram a importância da corrente do bem da adoção.

O envolvimento de Ana Paula com o universo da proteção dos animais foi inevitável. A cada cão que encontra precisando de ajuda, a advogada resgata, dá tratamento veterinário, castra e faz parceria com feiras de adoção. Em casa, já tem nove. A vontade era ter mais, mas sabe que não conseguiria oferecer um lar digno como eles merecem. O primeiro contato com a adoção veio com Lilica. Em uma feira, ninguém queria a cachorra de pelo branco e caramelo que não tinha uma pata. “Adotaram toda a ninhada, menos ela”, lembra Ana Paula. Hoje, Lilica é uma chamego com as donas.

Com a profissão, Ana Paula também descobriu uma forma de ajudar esses animais. Não sabe como as pessoas encontram o seu telefone, mas recebe ligações frequentes para denunciar maus-tratos. “Sempre que recebo uma denúncia, ajudo a polícia a instruir os inquéritos, custeio o tratamento veterinário e, se ficar comprovada a denúncia, quando o processo chega ao Ministério Público, o animal não volta ao agressor”, explica. Mas, sozinha, não é tão fácil, e Ana Paula percebeu isso. Pagar remédios, tratamento, encontrar um lar digno requer uma corrente. “Uma corrente do bem”, como define a advogada.

Foi assim que ela e a jornalista Rosimeire Marostica, 43, se tornaram amigas e companheiras no cuidado com animais abandonados. “Ficamos amigas, porque ela foi acompanhando a adoção da Tetê. Criamos afinidade e compartilhamos as mesmas ideias”, conta Rosimeire. Hoje, ela ajuda, temporariamente, Ana Paula a cuidar de Jade, uma preciosidade que a advogada retirou dos maus-tratos na última semana (leia Personagem da notícia). “A adoção traz uma oportunidade de dignidade, de vida, de amor para esses animais. Se não se preocupassem com status, com valor, não teríamos tantos abandonados. O amor não exige raça. É uma oportunidade para eles e para a gente também. O animal representa um amor completamente desinteressado. Quando você consegue amar um animal, você entende o amor desinteressado, ele te ama do jeito que você é, feio, bonito, rico, pobre”, afirma Rosimeire. A jornalista já adotou dois. Além de Tetê, tem o Gum. Um cachorro mais velho que viu sendo atropelado no Rio de Janeiro e pegou para cuidar.

Para a diretora do Projeto São Francisco, Dany Nardelli, ainda existem muitos casos de abandono no DF porque falta consciência do proprietário. “Nenhum animal nasceu na rua. O abandono não é privilégio de um animal vira-lata. Há vários casos de animais de raça. Pessoas que compram por impulso, antes de pensar em como vão administrar isso ao longo dos anos. Quando chega no fim do ano, acham que é mais barato abandonar e depois comprar ou adotar outro”, comenta. Além disso, ela ressalta sobre a importância do controle populacional desses animais.

Imagem mostra Paola e  Ana Paula de Vasconcelos que resgatam e cuidam de nove animais .Dia nacional de adotar um animal
Paola e mãe, Ana Paula de Vasconcelos(E), resgatam e cuidam de nove animais, entre eles Lilica (branca) e Jonathan (c). Agora, precisam de um lar para Jade.

 

 

Preciosa Jade

Dia nacional de adotar um animal
03/10/2016. Crédito: Luís Nova/Esp.CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Corrente do bem – Amigas que adotam animais. Na foto, a cachorrinha Jade, na Asa Norte.

Não é apenas no nome que Jade é uma pedra preciosa cheia de brilho. No olhar, desde que encontrou carinho e amor, também passou a ver tudo com mais cor e, mais importante, com a cabeça erguida. Na semana passada, a advogada Ana Paula De Vasconcelos, 38 anos, recebeu uma denúncia de maus-tratos. Mais uma ligação relativamente comum na rotina da protetora e cuidadora dos animais. Em uma fazenda, em Brazlândia, Ana Paula encontrou Jade acorrentada. Dos vizinhos, ouviu relatos de espancamento e a razão pela última surra, segundo eles, teria sido uma investida de Jade atrás das galinhas. A advertência do proprietário com um facão rendeu à preciosa cadelinha patas fraturadas e um olho furado. “Ela terá que fazer cirurgia. Está cega de um olho e uma das fraturas é tão antiga que já está calcificada. Preciso muito de um lar para ela. Para que ela tenha uma segunda chance. Para conhecer o lado bom do ser humano. Infelizmente, já cuido de nove cães abandonados em casa e não posso mais oferecer um lar digno para ela”, explica a advogada.

Enquanto espera a adoção, Jade está em um lar provisório. Bastou alguns chamegos que Jade voltou a latir e recuperou a autoestima. “Antes, não levantava a cabeça”, lembra Ana Paula. O brilho está aos poucos voltando. Ainda mancando, ela se aproxima pedindo carinho; se atreve a brincar com outros cachorros e até arrisca uma corrida. “Está aprendendo o que é o amor e o respeito. Apesar de conhecer o lado ruim do ser humano, não perdeu sua doçura e amor. Já está aprendendo a brincar e a receber carinho. Nos primeiros dias, não podia ser tocada que urinava e chorava, com muita paciência e carinho, estamos conquistando a confiança dela e ela já sabe que não irá apanhar mais”, afirma a advogada.

Da vida passada, a pequena de aproximadamente 6 meses deixou para trás o hábito de comer direto no chão e passou a buscar o alimento na vasilha. Agora, também espera reencontrar uma nova casa onde possa até arriscar mais intimidade, como subir na cama, lamber o dono e ganhar pequenos agrados todas as vezes que aprender um novo truque.

Quer adotar Jade? Entre em contato com Ana Paula pelo telefone: (61) 9821.54751

Para adotar, procure:

Projeto São Francisco
adocaosaofrancisco@gmail.com
Instagram: @adocaosaofrancisco
Fb/projetoadocaosaofrancisco


 

Abrigo Flora e Fauna
abrigofloraefauna@gmail.com

www.facebook.com/abrigo-flora-e-fauna
Orcilene: (61) 9842-5461


 

Sociedade Humanitária Brasileira (SHB)
shb.protecaoanimal@gmail.com
contato@shb.org.br
www.facebook.com/SHBAnimal
Alice: (61) 98144-3794


 

Projeto Acalanto
Lucimar: (61) 991076989


Assista o vídeo:

Me adote:

ANGEL_SaoFrancisco APOLLO_SaoFrancisco BELA-acalanto CANJICA_SaoFrancisco GIBA-saofrancisco KIABO_SaoFrancisco LARA_acalanto PIXULA_SaoFrancisco RAISSA_SaoFrancisco Sebastian_Acalanto SISSA_SaoFrancisco TONHO_SaoFrancisco

TADEU_acalanto

Bênção aos animais

Em 4 de outubro, celebramos São Francisco de Assis, o santo protetor dos animais. Os alunos do colégio Santo Antônio, na 911 Sul, costumam levar seus bichinhos para a bênção, às 8h, e às 14h.

Missas no Santuário São Francisco de Assis, na 915 Norte:

Horários: 7h, 8h, 10h, 12h15, 17h, 19h

Pela adoção de animais resgatados

imagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animais
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Para incentivar a adoção de animais resgatados, fotógrafa Ricki Beason lança terceira edição do calendário que reúne bombeiros, militares veteranos e policiais americanos. Eles posaram para fotos ao lado de cães tirados das ruas

 

Em fevereiro de 2014, para contribuir com a comunidade de resgate de animais abandonados de Dallas, Ricki Beason decidiu fotografar cães disponíveis para adoção depois de retirados das ruas de áreas rurais, nas quais eram mais difícil encontrar tutores devido à localização. “Eu não sabia nada sobre fotografia, então eu aprendi sozinha as habilidades que eu precisaria e elas foram melhorando com o tempo e a experiência”, conta em entrevista, por e-mail, ao Blog Mais Bichos. A iniciativa evoluiu, em outubro daquele ano, para o projeto HeartHops and Hound Dogs. Em dois meses, estava pronto o calendário de 2015, no qual bombeiros de New Braunfels, Dallas e Houston posavam com cães resgatados e disponíveis para adoção. “Fiz as fotos, o design gráfico, imprimi e vendi os calendários. Foi impressionante! No primeiro ano, eu arrecadei mais ou menos 6 mil dólares, então cada um dos seis abrigos recebeu 1 mil dólares.”
imagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animaisimagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animais
Para 2016, Ricki fez mudanças. “Eu comecei a trabalhar no calendário em março e mudei para militares veteranos, ao invés de bombeiros. O calendário 2016 tinha veteranos de Dallas, Austin e Houston com cachorros de seis abrigos novos. O calendário de veteranos decolou! Apareceu no Bark Post, Huffington Post, Animal Planet (página do Facebook) e The Dodo.” O resultado foi impressionante: 30 mil dólares.
Ricki Beason Rescue Photography quer repetir a dose em 2017. O calendário já está pronto e sendo comercializado. “Para o terceiro ano, 2017, mudei algumas coisas de novo — teremos militares veteranos de Dallas, policiais de Austin e bombeiros de Houston com seis novos grupos de resgate. Esse ano eu fiz as sessões de foto em cada cidade e fiz toda a edição e design gráfico do calendário, o que equivale a quase 400 horas de trabalho. Os calendários estão disponíveis agora e eu estou esperando que façam tanto sucesso quanto o de 2016.”
A fotógrafa espera, com o Heartthrobs and Hound Dogs, mudar a percepção das pessoas sobre animais resgatados e construir uma admiração pelos “homens de serviço”, que não são modelos nem atores. “Aqui, eles não só protegem as nossas cidades e país como também oferecem um pouco do seu tempo para ajudar esses cães resgatados”, diz. E continua: “Com muita frequência nós não damos atenção para o animal de abrigo porque ele não é tão glamoroso quanto um de raça, mas esses cães, se recebem uma chance, são os mais bonitos e amorosos cães que uma pessoa poderia pedir”.
imagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animaisimagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animais
 imagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animais
imagem de militares veteranos e policiais americanos com animais resgatados.Projeto de uma fotógrafa que produz calendários com o propósito de ajudar a adoção de animais

Pet shops serão obrigadas a instalar câmeras

Imagem de um cão tomando banho em uma pet shops
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Agora é lei: pet shops do DF deverão instalar equipamentos de áudio e vídeo em 90 dias.

Nos últimos anos, diversos casos de violência dentro de pet shops deixaram donos de cães e gatos receosos de entregar o animal na loja. Para evitar o transtorno, o governador Rodrigo Rollemberg sancionou o Projeto de Lei nº 801, de autoria do deputado Julio César, que torna obrigatória a instalação de sistemas de monitoramento de áudio e vídeo em estabelecimentos comerciais destinados à exibição, tratamento, higiene e estética de animais domésticos, como pet shops e clínicas veterinárias. Agora, os estabelecimentos têm 90 dias para se adaptar às normas.

A veterinária Marcella Pinho, 23, cria os cachorros Wood Stock e Sofia Tuayla como se fossem filhos. Devido a pelagem, o casal de poodles vai frequentemente ao banho e à tosa e, em algumas dessas vezes, voltaram para casa com ferimentos. O primeiro caso ocorreu quando Wood, hoje com 10 anos, era filhote.

“Nós o mandamos para o banho em uma loja perto de casa e, quando ele voltou, não deixava ninguém tocá-lo, o corpo estava todo dolorido”, relata. Por falta de câmeras no pet shop, Marcella nunca conseguiu descobrir o que aconteceu.

Anos depois, o cachorro foi a outro pet shop para ter o pelo tosado, mas voltou para casa com o corpo cheio de feridas. Algo parecido também ocorreu com a poodle Sofia, que, durante o período de amamentação, teve o mamilo cortado em sessão de tosa. “Nos dois casos a desculpa foi a mesma: a lâmina da máquina estava muito afiada e, por isso, meus cachorros acabaram feridos. Perdi a confiança. Quando os levo para a tosa, prefiro gastar mais tempo e ficar acompanhando o procedimento”, conta.

Novos gastos

Agora, as câmeras deverão ser instaladas no local específico onde ocorre o tratamento, a higiene ou a estética dos animais. Segundo a lei, o sistema de monitoramento será acessado por meio de senha pessoal e intransferível, entregue ao responsável pelo animal. A norma trará novos custos para donos de pet shop.

Graça Souza, 45 anos, é proprietária do De Petti, na 108 Sul, e conta que há 10 anos tem câmaras no estabelecimento, mas está preocupada com o gasto extra para fazer a transmissão. “Temos cinco câmeras. O cliente pode ficar em uma sala assistindo pela TV o procedimento. O sistema proposto é bem mais moderno, e trará custos altos”, relata.

O pet shop Amigãozião, em Samambaia, também tem câmeras, mas no mesmo formato do De Petti: apenas para arquivo da empresa. Mauricio Reis, proprietário da loja, discorda da lei. “Nós já fazemos o monitoramento para o cliente. Meu serviço de câmera foi instalado para garantir que todos meus funcionários estejam trabalhando corretamente.” Os estabelecimentos que não se adaptarem à nova regra estarão sujeitos a notificação, multa entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, interdição parcial ou total do estabelecimento, cassação de licença e alvará de funcionamento, entre outras penalidades. O prazo para a instalação das câmeras é de 90 dias a partir de ontem.

Bono, conta outra história

foto montagem do cão Bono Blue, que faleceu nessa segunda-feira-animais
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A biografia do Bono não tem ponto final para nós, mas ele precisava dizer adeus a vocês, leitores.

No começo, ele não gostava de abraço. Mas, aos poucos, entendeu que quem nasce buldogue não tem muita opção. Está fadado a ser agarrado por toda a vida. Bono, o ser que assina o blog Mais Bichos, era feito de excessos. Fofura, doçura, pele, dobra. Não havia a menor chance de ser retribuído com comedimento. Tornou-se uma criatura irresistível. Impossível não lhe apertar. Poderia ter vivido uma vida preguiçosa e cheia de mordomia, alternando o lugar do soninho entre o sofá de couro marrom, o pé da nossa cama e a casinha azul na varanda. Mas a vocação de repórter lhe deu asas. Deu no que deu. Neste blog aqui, por exemplo.

 

 

Só não esperávamos que as asas o levassem tão cedo para farejar notícias em outras paragens. Foi-se um anjo. Podemos vê-lo agora correndo com os carneirinhos e ficamos torcendo para que as nuvens lhe sejam o colo quentinho e o abraço apertado, aos quais se acostumou em casa. Por aqui, já não haverá o olhar terno na hora da chegada e o triste na hora da partida. Sim, buldogues também são exímios na arte de despedaçar corações. Com ele, aprendemos que saudade tem feição. A cada viagem, a cada momento de separação para uma simples ida ao trabalho, ele mostrava todo o seu potencial de nos arrasar. Mas a volta era renascimento. Bastava ouvir uma voz conhecida para se jogar no chão à espera de carinho. Bastava ver um estranho para querer ser amigo. Bastava ver outro cão para enlouquecer de vontade de brincar.

A pata sempre estendida era uma marca, assim como o queixo apoiado no colo de qualquer um que chegasse em casa – o que nos levava a morrer de vergonha das visitas que saíam com as calças babadas -, as mordidas que não eram mordidas, os beijos que não eram lambidas, só encostadinhas de leve com a boca, a respiração profunda como quem dizia “Ufa! Chega por hoje”. Em casa, era quase uma perseguição. Sempre no encalço de alguém. Bono Blue, você vai nos matar de saudade.

Foto do Bono dando beijo nas nossas mãos

Chegou cheio de pompa e pedigree – papel que nunca fomos buscar porque nunca importou. Um Old English Blue legítimo, embora raspa do tacho e em promoção. Foi amor à primeira vista. Filho de Betty Blue com outro americano de estirpe. Acabou tornando-se o único integrante que leva os dois sobrenomes de uma família inventada e feliz. Tornou-se um Gentil Tajes. Mistura de cearense com gaúcho. Gremista, preguiçoso, politizado, avesso a fotos para nosso desespero, e ainda assim o mais fotogênico dos cachorros. Roncava tão alto que dava para ouvir a distância, tinha um senso de humor peculiar no face; tornou-se, na rede social, o alterego de uma dupla de jornalistas que perdeu faz tempo a vergonha de amar um cachorro como se fosse filho.

Já não teremos a conta salgada no orçamento do mês, com banhos, hidratantes, ômega 3, remédio pra transplantado, ração para alérgico, lencinhos umedecidos manipulados com camomila, talquinho Granado de bebê, colírio e tudo que faz parte de um arsenal para um cachorro atópico. Não teremos a casa lotada de pelos, o sofá babado, os sutiãs surrupiados para a casinha, as meias virando bolas, a carinha pidona para qualquer migalha que ousasse cair da mesa. Teremos, sim, o inventário de lembranças deliciosas para uma vida. Queria ter lhe dado mais manga, cenoura, picanha e pelo menos um chocolate inteiro. Se soubéssemos da brevidade de sua vida, teria cometido mais umas algumas irresponsabilidades.

foto do cão Bono de camiseta do Grêmio

Na madrugada de domingo, quando chegamos do plantão, Boninho estava a pleno vapor. Às duas da manhã, trouxe os brinquedos para a sala, deu três corridinhas e alguns pulinhos – o máximo que tinha paciência. Foi dormir seguindo o ritual de obediência de toda noite. Quando ouvia a palavra casinha, se retirava como entrou, em silêncio. O nosso lorde inglês tinha um quê de monge budista. Na segunda, logo cedinho, comeu, correu pro quarto e surtou ao ver coleira, um sinal de que iria para a creche brincar com os amigos e voltar cheiroso e exausto. “Como assim, hoje é feriado”?, deve ser pensado. Assim foi. Brincou, brincou, brincou e morreu – preferimos achar que foi de alegria. Antes de subir, certamente pairou pelo céu de Brasília, e só foi depois de ter a certeza que levaria com ele o mandato do Eduardo Cunha (#foracunha #tchauquerido).

foto do cão Bono de gravata borboleta azulComentava mais cedo, na reunião de editores, que tinha sonhos insistentes em que ele falava comigo. Logo ele, que nem latia…

No fundo, ele nos disse muitas e muitas coisas. Levaria um tempão para traduzir em palavras os sentimentos que ele nos despertava. Só sei que era coisa muito boa de sentir, que era duradouro, forte e genuíno. Tivemos o cuidado de não humanizá-lo, respeitando sua natureza sempre. Tolos, nós. Acabou que foi ele que nos tornou mais humanos.

Rip, Bono Blue (25-11-2010/12-9-2016)

 AGRADECIMENTOS

 

 

Foto do cão Bonno com Cristine Gentil

Eu, Cristine Gentil, e Luís Tajes, e os irmãos do Boninho, Fernanda, Taís, Tomás, Gabriel e Paula, não podemos deixar de agradecer a seus primos, tios e avós pelo carinho. A todos os médicos e cuidadores dele: Dr. Sidney, Dr. Mário, Dr. Gustavo Seixas; Dra. Talita Borges. Mais recentemente, Dra. Lorena, que fez de tudo para salvá-lo – seque as lágrimas, doutora. Você é 10! Ao hospital Veterinari, pela acolhida tão profissional num momento de dor. Aos amigos da Kinder Borges, que tanto o mimaram. Aos incansáveis da Pousada Pet, por toda a diversão que puderam proporcionar ao Bono em seus últimos meses de vida.

Agradecemos também ao Correio Braziliense, pela ousadia de ter um cão-repórter. Não é para qualquer um. Que venha uma matilha!

Valeu!

O Blog Mais Bichos decreta luto oficial por alguns dias – quiçá meses e anos pro nosso coração cheio de saudade. Mas não morre com o Bono este projeto. A bandeira da defesa animal nunca ficará a meio mastro. Aguardem novidades.

Na madrugada da Segunda-Feira, quando retornamos pra casa após mais um do plantão, gravamos o último vídeo do Bono. acho que foi uma despedida:

 

 

 

Cinema para cães? Sessão exclusiva no Drive-in

Cartaz do CinePipoCÃO, evento que vai reunir cães e seus donos no Drive-In
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PipoCÃO Evento para cães

Idealizado pelo grupo Itdogs Brasília, vai reunir os cães e seus donos para assistir ao filme Pets – A Vida Secreta dos Bichos. Será sábado, a partir das 17h.

Tornar Brasília uma cidade cada vez mais amigável para cães e seus donos (petfriendly) é o objetivo de um grupo recém-criado chamado ItDogs Brasília. A ideia partiu da constatação de que a capital do Brasil ainda é muito parada em relação aos eventos destinados à convivência dos cães e seus tutores. Cerca de 25 pessoas se uniram há cerca de um mês para mudar essa realidade. A primeira ação veio a reboque do lançamento do filme Pets – A Vida Secreta dos Bichos, que entrou em cartaz em 25 de agosto: convidar os cães e seus donos para assistirem juntos à película. Com as portas abertas pela direção do Drive-in, a data do Cine PipoCÃO foi marcada: será sábado, 10 de setembro, a partir das 17h.

“Queríamos já começar com algo que tivesse muito a cara de Brasília, algo aberto, ao ar livre. O céu de Brasília é nosso mar, então logo pensamos na exibição do filme no Drive-in”, conta Paula Leon de Abreu, uma das quatro organizadoras à frente da iniciativa.

Paula adianta que os ingressos só serão distribuídos na bilheteria no dia do evento, portanto é bom chegar cedo. A capacidade do estacionamento do Drive-in é de 350 carros. Mas os cinéfilos poderão deixar o carro no estacionamento ao lado e entrar andando. Vale tudo para assistir ao filme em boa companhia. Podem levar cadeira ou estender uma toalha no chão. A exibição do filme começa às 18h30. Até lá, haverá tempo para a ambientação dos cães. Assim, os tutores também podem interagir. Também haverá sorteio de brindes. Mais informações na página do Cine PipoCÃO.

  • Regrinhas básicas
  • Não leve cadelas no cio
  • Não leve animais doentes
  • Uso de focinheira previsto em lei para determinadas raças deve ser respeitado
  • Recolha as fezes de seu cachorro (porta-cacas serão gentilmente cedidos na entrada)

Saiba mais
O ItDogs Brasília surgiu do encontro de um grupo de apaixonados por cachorros, que já se curtia no Instagram. São cerca de 25 pessoas que trocava likes nos perfis de seus peludos, alguns deles com mais de 12 mil seguidores. A Paula, por exemplo, está lá com o perfil Cookie & Milk. Vai curtir!

Pet shops serão obrigados a instalar câmeras

Imagem de um cão tomando banho em uma pet shops
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(por Cristine Gentil, da editoria de cidades do Correio Braziliense)

Foi aprovado em segundo turno o  Projeto de Lei nº 801, de 2015, de autoria do deputado Julio César, que torna obrigatória a instalação de sistemas de monitoramento de áudio e vídeo em estabelecimentos comerciais destinados à exibição, tratamento, higiene e estética de animais domésticos, como pet shops, clínicas veterinárias e similares. As câmeras deverão ser instaladas no local específico para tratamento, higiene e estética dos animais. Segundo a proposição, que agora segue para a sanção do governador Rodrigo Rollemberg, o sistema de monitoramento será acessado por meio de senha pessoal e intransferível entregue ao responsável pelo animal e ao órgão de fiscalizador de defesa de animais caso seja solicitada a senha. As imagens e os áudios deverão ficar arquivados por pelo menos 15 dias.
Os estabelecimentos que não se adaptarem a nova regra estarão sujeitos à notificação, multa entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, interdição parcial ou total do estabelecimento, cassação de licença e alvará de funcionamento, entre outras penalidades. O prazo para a instalação das câmeras é de 90 dias a partir da publicação da lei.
Na justificativa do projeto, o autor argumenta que a medida vai ajudar as autoridades a punir casos de maus-tratos, agressões, mutilações e outras formas de violência que ocorrem, inclusive, dentro dos estabelecimentos. Além disso, vai permitir observar a estrutura dos lugares que, muitas vezes, estão longe do ideal para o tratamento dos animais, levando-os a situações de estresse.

Acolheu um gato e não sabe a idade? Descubra!

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É muito comum as pessoas adotarem um animal de estimação e ter dúvidas quanto à sua idade. O veterinário Marcello Machado, da Max em Ação, dá algumas dicas:

Coto umbilical
“Se o gatinho ainda tiver o coto umbilical (o que sobra do cordão quando a mãe o corta), significa que o animal tem até três dias de vida, pois, depois deste período, esse pedacinho do cordão umbilical, cai naturalmente.”, explica o veterinário. Se o felino for bem pequeno, couber facilmente na palma da sua mão, tiver dificuldade para abrir olhos e estiver com as orelhas fechadas, ele deve ter apenas algumas semanas.

Abrindo os olhos
“Quando nascem, os gatos demoram de 10 a 15 dias para abrir os olhos pela primeira vez. Se ele já abriu, mas os deixa fechado na maior parte do tempo, pode ser que o gatinho já tenha três semanas.

Cor dos olhos
Quando nascem, os olhos de todos os gatos são azuis, sem exceção. “Se o tutor notar que a cor está mudando ao longo do tempo, poder ser que o felino esteja com seis ou sete semanas de vida, mas, é claro, essa dica não vale para os que continuarem com os olhos azuis.

Pelos
“O pelo diz muito sobre o seu gato, principalmente nos primeiros cinco meses, pois é quando eles têm um manto interno felpudo que os protege do frio. Conforme os animais envelhecem, o brilho do pelo já não é o mesmo, isso deve acontecer por volta dos 6 anos do felino. Depois dos 13 anos, muito provavelmente, o bichano já apresentará fios brancos no focinho.

Dentes
“Os dentes dos filhotes começam a nascer na segunda semana de vida. A expectativa é de que todos nasçam até a sétima semana. No sétimo mês, os primeiros dentes caem e são trocados pelos permanentes. Além disso, a coloração dos dentes também ajuda aproximar a idade do animal: os primeiros dentes são muito brancos, como um grão de arroz. Os permanentes também, mas a partir dos 2 anos, começam a amarelar.” Se perceber que os dentes traseiros estão mais amarelados e os demais ainda brancos, o gato pode ter entre 3 e 5 anos. Com o passar do tempo, os dentes também sofrem desgaste natural, que podem indicar que o gato está com mais de 6 anos.

Chico, o cão que ri

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(Por Cristine Gentil)

Não são poucas as estrelas virtuais de quatro patinhas. Nas redes sociais, há milhares de cães e gatos celebridades. O número de likes é proporcional ao tamanho da fofura das mascotes. Um deles é Chico, um dos preferidos deste blog aqui (nas redes, ele é Chico Au Au). Nas fotos e vídeos, ele parece rir. Faz tanto sucesso que rapidamente sua conta no Instagram chegou a quase 55 mil seguidores.

Foto: Ana Carla Dias Peixoto/Divulgação
Foto: Ana Carla Dias Peixoto/Divulgação

“Nunca imaginei que faria tanto ‘sucesso’! Fiz uma conta só para ele porque na minha só tinha fotos e vídeos dele. Posto todo dia. E, quando não faço isso, os seguidores me cobram. Tento responder todos os comentários, mas não consigo dar conta de tudo. A rotina é gostosa, pois eu amo dividir o que acontece com ele. Gosto de dar dicas que eu gostaria de ter sobre as novidades pets, principalmente sobre produtos naturais. É muito legal compartilhar nossas alegrias e ter o apoio e carinho dos seguidores nos momentos de ‘aperto’”, conta sua tutora, Ana Carla Dias Peixoto.

Ela o adotou aos 8 meses. Ele estava com úlcera de córnea no olho esquerdo (causada pelo ataque de um cachorro da raça fila), doença do carrapato, dermatite, anemia e peso baixo. Um dia após a adoção, ele passou pela sua primeira cirurgia. Recebeu todos os cuidados veterinários e muito amor, o que fez com que ele se recuperasse rápido. “Nos primeiros 30 dias aqui em casa tivemos uma rotina bem cansativa. Após a cirurgia do olho ele teve de usar três colírios a cada duas horas, com o intervalo de 10 minutos entre cada colírio e usou também o colar elizabetano por dois meses. Morria de dó dele com aquele ‘abajur da vergonha’ e o olhinho dodói”, conta Ana Carla.

Antes de completar 3 anos, passeando na pracinha, ele foi atacado por um cachorro e teve de fazer mais uma cirurgia. “Aproveitei a situação e fiz a castração. Acredito que a castração é um ato de amor. Previne doenças e prolonga a vida. E agora com 3 anos e 5 meses, ao realizar um check-up de rotina, descobri que ele estava com um cálculo na bexiga. Infelizmente, o procedimento era cirúrgico e ele enfrentou a sua terceira cirurgia. Mas graças a Deus deu tudo certo e ele já está em casa se recuperando. Ele é um anjinho guerreiro!”, continua Ana Carla.

Para a tutora de Chico, a vida dela se transformou após a chegada dele. “Ele demonstra diariamente gratidão e me enche de amor. É meu ‘grudinho’. Ganhei um amigo (melhor amigo) fiel e inseparável. Sou uma pessoa muito melhor e mais feliz. Serei eternamente grata pelo seu amor incondicional, pelo seu companheirismo, por me ensinar a valorizar as coisas simples da vida e por muitas vezes ser a minha terapia, o meu psicólogo!”.

Extremamente dócil, Chico ama crianças e idosos. Faz festa para todo mundo, inclusive para gatos. Com os cães, devido aos dois ataques, mantêm certa distância. Um defeito? “Ele não pode ficar sozinho nem por cinco minutos que chora e arranha a minha porta. Mas nunca destruiu nada em casa! Só os brinquedos dele.”

 

 

HORA DA BRINCADEIRA

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Bono Blue, o dono deste espaço, entrevista Chico Au Au

Bono: Não se preocupe, não falaremos de política. Do que tanto você ri?
Chico Au Au: Eu sorrio porque sou um cãozinho muito feliz. Dei um upgrade na minha vida após ser adotado, hoje sou um gordinho gostoso que tem até fã. Tenho uma mãe felícia que me ama loucamente e aumigos em todo o canto do Brasil! E até em vários cantos do mundo! Trabalho como cão modelo para três marcas Zee.Dog (a marca de coleiras mais irada do mundo), Chef di Animale (sou degustador de petiscos naturais e saudáveis) e Moof Smart Bed (que garante o meu sono da beleza com cama mais gostosa de todas). É como dizem: “Baiano não nasce, estreia!” Como não ser feliz na terra do axé? 🙂

Bono: Instagram, facebook, tumblr ou twitter? Qual rede prefere?
Chico Au Au: As minhas redes sociais são essas: ​Instagram @chico_auau; Twitter @au_chico; Snapchat chico_auau; Facebook Chico AU AU. Eu prefiro o Instagram! “Sigam-me os bons!”

Bono: Essa vida de garoto propaganda atrapalha o seu soninho da tarde?
Chico Au Au: Mamãe vive atrás de mim tentando fazer uma foto ou vídeo legal, mas o soninho da tarde é sagrado! Quando ela insiste muito eu suspiro fundo e ela respeita!

Bono: Como lida com a fama?
Chico Au Au: A fama é bem legal! Ganho muito carinho e muitos presentes! Adoro ser reconhecido na rua. Me sinto tão top quanto a Ivete Sangalo!

Bono: Que conselho você daria para alguém que, como eu, quer entrar para a carreira artística?
Chico Au Au: O conselho que eu posso dar é caprichar na simpatia e no bom humor! Fazer muitas fotos divertidas e vídeos fofos.

Bono: Em que momentos o assédio lhe incomoda? Ou você, assim como o Mick Jagger, se disfarça para sair na rua?
Chico Au Au: O assédio não me incomoda não! Adoro receber carinho!

Bono: O que é luxo?
( ) dormir na cama da sua dona
( ) Fazer hidratação
( ) Um bom banho de banheira
( ) Petiscos e brinquedos novos

Chico Au Au: Luxo são todas essas opções, mas o principal é ter um lar, comida de boa qualidade, água sempre fresquinha e uma família para amar e ser amado.

Crônica: Tributo ao grande companheiro

Publicado em Deixe um comentárioblogueiros, comportamento, fotografia pet

(por Cristine Gentil, editora de Cidades, da Revista do Correio e blogueira Mais Bichos)

 

Quando eu viajo o apetite dele muda. Sente saudades. Começa a sentir quando vê a mala no chão do quarto, mesmo ainda vazia. Sim, cachorro sente o que vai sentir. Então, ele deixa o queixo, pesado de tanta bochecha, cair em cima do meu pé, franze o senho em sinal de sofrimento, dá um longo suspiro e volta os olhos para cima vencendo com esforço as pálpebras caídas. Aí ele abala meu coração. Sem dó nem piedade. É uma faca cortante, admito que também sofro. Menos com a minha saudade e mais com a dele, é verdade.

 

Logo percebo que a chantagem não é privilégio dos humanos e sei que ele sobreviverá à minha ausência – se até os filhos conseguem… Quando eu voltar, ele vai me olhar meio magoado, mas logo vai sacudir aquele rabinho curto e gordo. Em instantes, estará tão alegre que vai correr na minha frente e se jogar de barriga pra cima à espera de carinho. Depois, vai brincar e pular pela casa, ao ritmo e velocidade que cabem a um buldogue gorducho, em profundo contentamento. Antes de ser totalmente vencido pelo cansaço, vai me seguir pela casa a todo instante. Deitará ao lado da minha cama, vai me esperar na porta do banheiro, sentará ao meu lado na mesa. É de fato um senhor de companhia.

 

O Bono Blue é assim. E o seu certamente é bem parecido. Os cães podem ter pedigree ou não, focinho longo ou curto, porte pequeno ou grande, podem latir mais ou menos. São uma alegria para o coração. Tudo o que eu puder dizer aqui sobre essas criaturas parecerá clichê e banal. E para quem não tem nem pretende ter um cachorro tenderá a ser bem desimportante. Todos os que têm um animal de estimação justificam da mesma forma a relação com os pets: eles são companheiros, não cobram nada a não ser carinho, oferecem um amor totalmente despretensioso e incondicional. E isso é completamente verdade.

Sem Título-1 cópia

 Mas esses grandes companheiros não mexem apenas com nossa rotina nem arrebatam só corações. Eles curam pessoas de depressão e ajudam em tratamentos médicos. Também movimentam o terceiro maior mercado consumidor do Brasil (que, apesar da crise, cresceu mais de 10% em 2015). Vendem livros como água e lotam bilheterias de cinema. Portanto, quem não tem simpatia por cães – na verdade, por animais de estimação – pode se sensibilizar com cifras e reconhecer o quanto eles ajudam a economia do país. Para mim, isso é apenas um dado, uma estatística, um argumento em prol do respeito aos animais.

 

O meu cachorro está aqui, enquanto escrevo essa crônica, com a pata levantada à espera de atenção e a cara mais linda do mundo, lembrando a todo instante que alguns segundos da minha companhia são muito importantes para ele. Aí eu pergunto: quem te faz uma declaração de amor a cada cinco minutos? Quem é capaz de deitar ao seu lado por horas seguidas quando você está triste e doente? Quem te olha com ternura e docilidade sem nunca aparentar raiva ou falsidade? O Bono faz isso tudo por mim. O nome disso é amor. Cães são o amor em movimento.