Fantasia de bicho

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Há quem não abra mão de se divertir ao lado do pet. Mas antes de ir para a folia com seu cão, saiba os cuidados que devem ser tomados para evitar estresse e acidentes

Pode-se dizer que a vida canina no Brasil é “boa pra cachorro”. Muitos estão sempre em festas com os donos. No carnaval, há quem não queira ir para a folia sozinho. Levam o pet, vestem a fantasia no bichinho e se jogam juntos nos blocos. A combinação folia e cachorro pode dar certo e resultar em muita diversão. Mas, sem os cuidados corretos, o cão pode sofrer. É que a festa, em um primeiro momento, pode parecer inofensiva, mas esconde algumas periculosidades para os animais.

A administradora Renata Rezende, 27, por exemplo, levou, pela primeira vez, as duas cachorrinhas para a festa. Mas não vão para qualquer bloco. “Fui apenas ao Carnapet, por ser um evento pensado para elas. Tenho medo de ir a outros e alguém maltratá-las ou de elas fugirem”, comenta a administradora. E ela tem razão. Esses são, realmente, alguns dos perigos, mas não os únicos.

Segundo a médica veterinária Katiane Rocha, da Clínica Petit Animale, os riscos de acidentes, como fuga e atropelamento, são altos, por conta do barulho excessivo, que gera grande estresse aos bichos. Para evitar esse tipo de transtorno, é preciso observar o perfil do animal antes de decidir participar de algum desses encontros. Aqueles muito medrosos e que não estão acostumados com muvuca devem ser poupados. Outro aspecto importante é atentar se o cachorro tem predisposição a ataques cardíacos, ou se é braquicefálico, como pugs e buldogues. Por causa do focinho encurtado, esses últimos têm dificuldade de respirar, e, somado aos sintomas de estresse, podem hiperventilar.

Além disso, jamais saia sem guia e identificação do animal. A guia é importante para evitar fugas e confusões com outros cachorros. No caso de, por algum motivo, seu cachorro se perder, é importante que ele esteja identificado, com o nome, endereço e telefone do dono. O médico veterinário Samuel Ciminelli, da Clínica Veterinária Pet Glamour, ainda aconselha o uso de microchips, que facilitam a busca caso o bicho suma em meio a tante gente.

Agora, se seu cachorro é guloso e coloca tudo o que encontra na boca, é melhor mantê-lo longe da concentração de pessoas. Bitucas de cigarro, restos de serpentinas, espuma, balões, enfeites, tudo isso pode acabar no estômago dele e causar algum tipo de intoxicação e outros problemas mais severos, como necessidade de cirurgia para a retirada do objeto estranho.

Ainda na concentração

Evite ir para os blocos nos horários entre 10h e 16h. O sol está mais quente e, além de causar desidratação nos cachorros, pode queimar as patinhas deles com o calor do asfalto.Proteja-os com sapatinhos, ande sempre com uma garrafa d’água para hidratá-los e mantenha-os na sombra. O uso de protetor solar é obrigatório na ponta das orelhas, no focinho e na barriga.

Posso pintar meu cachorro? O ideal, segundo o veterinário Samuel Ciminelli, é procurar centros estéticos especializados nesse tipo de serviço. Certifique-se de que a tinta usada é própria para animais. Glitter e purpurina devem ser mantidos bem longe. O animal pode respirar as partículas, o que pode resultar em um choque anafilático.

As fantasias estão liberadas, mas não deixe para experimentá-las só no dia do bloco. É importante acostumar o animal antes e garantir que ele não sinta nenhum desconforto. O melhor é escolher a roupinha mais ventilada possível.

Não vou para a folia

Mesmo que você não leve seu cachorro para a festa, ele pode ficar exposto ao barulho excessivo que vem das ruas, o que pode estressar o bichinho. Uma boa solução é procurar previamente a orientação de um veterinário para tentar acalmá-los com florais ou tranquilizantes.

Bailinho para eles

Uma maneira de manter seu pet seguro é procurar festas organizadas só para eles. Em 25 de fevereiro, acontece no Taguatinga Shopping o CãoCurso de Fantasias. “A gente sempre teve em mente fazer um encontro no qual os cachorros pudessem ser o centro das atenções. Cada vez mais, as pessoas os tratam como membro da família”, explica Rodson Sukiyama, um dos organizadores. Além do concurso de fantasias, o CãoCurso vai ter um Playpet, com direito a piscina de bolinhas, escorregador, brinquedos, apresentação de cães adestrados e bailinho com banda ao vivo.

Serviço

Quando: 25 de fevereiro

Horário: das 15h às 19h

Local: Taguatinga Shopping,

Estacionamento A, entrada B, Piso 1

Inscrições: de 13 a 23 de fevereiro, na loja Pet Glamour. Necessária a doação de 1kg de ração

Programação

15h: Abertura com adestramento ao vivo com Canil Dom Deliu’s

16h: Concurso de fantasias

Das 17h às 19h: Bailinho

Dor animal

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Emoções domadas

771_1_1_R01-REV-3010.qxdMuitos pensam que cachorros e gatos são muito diferentes do ser humano. Porém, veterinários começam a desvendar a mente dos bichos e atestam: eles sofrem de dramas psicológicos semelhantes aos dos homens

Freud acreditava que poderia curar a mente humana por meio da fala. Após um século, a psicologia está firmada como a ciência que trata e compreende o cérebro do homem. Mas, e os outros animais, como escutá-los? “Os animais têm uma linguagem própria e não verbal. Há testes importantes para aferir desvios comportamentais, que dão os indicativos de uma doença psíquica. Sabemos como eles devem agir, então, oferecemos desafios para os bichos e vemos se eles corresponderão aos nossos estímulos”, esclarece a veterinária Ceres Berger Faraco, integrante da Comissão de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal (Cebea), do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Além do comportamento, são analisados três outros dados antes de finalizar qualquer diagnóstico: o primeiro é sobre o período de desenvolvimento, que se refere às emoções que o bicho experimentou na infância; o segundo, o ambiente no qual ele está inserido; e o terceiro tem a ver com a herança genética. “Muitos fatores podem afetar a saúde mental dos animais, como o abandono durante a criação e as turbulências ao longo da gestação. Às vezes, eles entram em um quadro de estresse, ansiedade e depressão por não conseguirem dar vasão a necessidades evolutivas”, afirma Faraco.

Para a veterinária, cada espécie possui particularidades que devem ser respeitadas:”Cães são gregários, necessitam de interação social, porém, muitos vivem grande parte do dia isolados, gerando problemas como automutilação e dermatites.” Em contrapartida, personalidades diferentes também apresentam riscos de fragilidade nas emoções. “Os gatos não são totalmente domesticados. São animais solitários, obrigados a conviver com outros animais e pessoas. Isso pode gerar muitos conflitos, pois eles precisam de muito movimento, mas, vivem confinados em espaços pequenos. Essa questão ambiental está gerando animais estressados, ansiosos e obesos”, acrescenta Ceres.

Uma vez identificado algum problema, as terapias para tratar os bichinhos são personalizadas. É necessário seguir alguns protocolos durante o tratamento de animais com transtornos psíquicos: o manejo, que é a mudança de como os tutores agem com o animal; o ambiente, que é modificar o lar para melhor adequá-lo ao animal; e o terapêutico, que é intervenção farmacológica. Existem casos crônicos que devem ser acompanhados pelo resto da vida. “São usados os mesmos ativos dos seres humanos. Isso assusta muito os tutores, que enxergam com desconfiança o uso de medicação psicotrópica. Via de regra, é necessário fazer uma revisão da medicação a cada dois ou três meses. Em casos crônicos, é feita uma avaliação de seis em seis meses”, esclarece a especialista, que possui formação em psicologia e na área de comportamento animal.


Luto felino

Gato Frajola - Crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press.
Gato Frajola – Crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press.

Frajola, de 11 anos, sempre viveu cercada da mais fina companhia. A gata podia contar com a presença de outra gata, a Nina, sua amiga de brincadeiras, além dos cães Simba e Nala. Pouco a pouco, os seus companheiros morreram e a gatinha passou por maus bocados. Ela começou a desenvolver uma cistite intersticial emocional, que é uma inflamação da parede da bexiga devido às perdas.

“Ano passado, a Nina teve um problema de linfoma intestinal, e os veterinários não conseguiam descobrir o que era. Ela foi passando de clínica em clínica. A Frajola acompanhou todo esse processo e, antes da Nina partir, ela apresentou uma cistite emocional. Como era um problema psicológico, começou a tomar uma medicação sedativa. Ela ficava ‘chapada’ e ficava o dia todo dormindo”, afirma a tutora Regina Uchoa, 67 anos.

Após um período usando a medicação, a gata passou por uma desintoxicação e ganhou uma nova rotina de atividades. “Tudo vai depender do manejo com o animal. Às vezes, uma rotina de brincadeiras consegue solucionar muitos problemas de ansiedade e de estresse. É necessário criar estímulos/exercícios que consigam sanar as necessidades de cada bicho”, afirma Humberto Martins, veterinário comportamental.

Depois de quase um ano de luto, Frajola, com o carinho da família, dá sinais de recuperação. “Ano que vem vamos fazer uma reforma na casa, por isso, chamamos o Humberto para fazer uma avaliação e nos guiar no modo como devemos agir com ela. Ela está alegre novamente. Não podemos ignorar todo o sofrimento físico e psicológico que os animais sofrem durante a vida, seja nas casas, nas fazendas ou nos matadouros”, reflete a aposentada.

A gata Frajola apresentou no corpo a dor de ter perdido três amigos. Regina Uchoa compreendeu o momento delicado e buscou ajuda para o bichano


Na saúde e na doença

Cachorro Arthur - Crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press
Cachorro Arthur – Crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press

O poodle Arthur é o companheiro fiel da doutoranda em ciências agronômicas Anne Costa, 30 anos. Ele segue a tutora por todos os lugares e é companhia nas mais diversas situações, até nas adversidades. “Ele vivia com meus pais em Uberlândia, em uma casa enorme e com outros animais. Então, veio morar comigo em uma casa minúscula. No começo, passeava com ele quatro vezes por dia e achava que estava ótimo, porém, começou apresentar um comportamento agressivo, vomitava e tinha uma diarreia inexplicável. Depois de muito tempo, as veterinárias começaram a perguntar como eu agia na frente dele. Foi assim que descobri que minha ansiedade o estava deixando daquela forma”, relata a estudante.

A explicação seria de que pets e cuidadores estabelecem uma ligação emocional muito forte. “Os animais absorvem muito os estímulos do ambiente, por isso, os donos acabam transferindo para eles comportamentos ligados à ansiedade e à depressão. Os sintomas começam sutis, pode ser uma lambeção, arrancar pelos, mas podem se agravar até chegar a um ponto destrutivo”, alerta Humberto Martins.

Anne buscou terapias alternativas para aliviar a angústia do cãozinho e poupá-lo de mais problemas: “Meu chão desabou, pois eu estava fazendo mal para o meu filhote. Primeiro, mudei meu comportamento na frente dele. Depois, busquei um homeopata e começamos a tomar florais. Ele já tem 11 anos, é um senhorzinho, mas conseguiu se recuperar e está com um ânimo de jovem”, comemora a estudante.

Apesar da vitalidade de Arthur, é necessário ter mais cuidado com os bichos idosos, já que eles sentem os efeitos do avanço da idade. Na velhice, assim como acontece com os humanos, eles também sofrem com disfunção cognitiva e podem agir de forma diferente. “Muitos adquirem um comportamento mais atrapalhado. Isso está cada vez mais comum, pois estão cada vez mais longevos. Os sintomas são bem parecidos com o do Alzheimer”, exemplifica a veterinária Ceres Faraco.


Sob controle

Cachorros Cipó e Sola - Crédito: Helio Montferre/Esp.CB/D.A Press.
Cachorros Cipó e Sola – Crédito: Helio Montferre/Esp.CB/D.A Press.

Cipó, 3 anos, e Sola, 1 ano e meio, são dois vira-latas que já deram muita dor de cabeça para a tutora, Lorena Nunes, 31. Moradora de uma chácara, a dupla espevitada sempre fugia para as propriedades vizinhas em busca de caça. Na empreitada, eles matavam galinhas criadas por perto, o que gerou inimizade com os donos das pobres vítimas. Para encontrar uma solução e impor limites aos cães, Lorena pediu ajuda a um veterinário especializado.

“Eles ficavam muito tempo ociosos e faltava interação entre os cachorros e os tutores. Era necessário criar coisas para ocupar o tempo deles durante o dia e forjar uma maior ligação entre eles e os humanos. Precisamos mudar os hábitos de toda a família, que se esforçou para suprir essas necessidades”, Explica Edilberto Martinez, veterinário comportamental que tratou os cachorros.

Lorena conta que a experiência foi produtiva: “Primeiro, comecei a praticar atividades com eles e a recompensa era sempre um carinho. Isso nos aproximou muito. Outra coisa importante é que introduzimos, gradativamente, uma galinha para conviver com eles. Eles conseguiram se acostumar em apenas duas semanas”. O resultado: os cães ficaram amigos da galinácea.

“As pessoas sempre pensam que um cachorro que tem disponível um grande quintal está bem assistido, porém, isso não é o bastante. Um que mora em apartamento, mas tem uma rotina bem estruturada e de muito carinho, pode estar mais feliz e distante de um quadro depressivo”, adverte Martinez.

Anne Soares e o cão Arthur iniciaram juntos um tratamento homeopático para ansiedade. Comportamento agitado da dona alterava a personalidade do bicho

Lorena Freitas buscou ajuda de um especialista em terapia comportamental para ensinar aos cachorros Cipó e Sola a conviverem com outros animais. Eles caçavam galinhas na vizinhança por puro ócio e falta de interação com os donos


Sofrimento de berço

 Lucas, Rodrigo e Karine, donos da cachorrinha Meg. Crédito: Lucas Duty/Divulgacao. Zoopsicologia.
Lucas, Rodrigo e Karine, donos da cachorrinha Meg. Crédito: Lucas Duty/Divulgacao. Zoopsicologia.

Meg é uma shih tzu de apenas 3 meses e meio, mas já enfrentou muitos perrengues. Quando foi adotada por seus tutores, Rodrigo e Karina Loch, já apresentava indícios físicos de que alguma coisa não ia bem no emocional. “Eu não conhecia muito bem a raça, então só percebi o quão magra ela estava, quando veio para a nossa casa”, lembra Kariana. Rodrigo, 33, servidor público, ainda conta que, assim que Meg chegou ao apartamento do casal, perceberam que ela bebia e comia de maneira muito afobada. Isso já era um sinal de alerta.

Comprada em um site de anúncios on-line com apenas 40 dias, Meg apresentou comportamento muito agressivo e destoante do associado à raça. Segundo o especialista em comportamento canino, Lucas Duty, o shih tzu é um cão muito receptivo, que se adapta facilmente ao convívio com outras pessoas e tem um potencial de mordida baixíssimo.

Exatamente ao contrário do temperamento de Meg: “Eu estava no trabalho quando minha esposa me ligou muito chateada porque Meg praticamente arrancou um pedaço do dedo da minha esposa quando ela tentou limpar o olhinho dela. Ela não morde para brincar, morde para se defender mesmo e machuca” relata Rodrigo.

A ideia era esperar Meg completar ao menos 6 meses, mas, por causa do comportamento extremamente agressivo, e até mesmo perigoso para os donos, o pedido de ajuda chegou mais cedo. “Nós procuramos o Meu Amigo Lucas, especialista em comportamento canino. Ele deu uma aula para a gente sobre psicologia canina. A terapia não é só para a Meg, é para toda a família. Nós precisamos aprender a lidar com ela.”

O adestrador Lucas Duty, que trabalha na melhora de Meg, conta são vários os fatores que explicam o comportamento reativo da cadela. “É difícil saber, nós não temos o histórico dela. Ela pode ter sofrido um desmame precoce, ter sido confinada em gaiola ou ter sofrido maus-tratos. São várias as hipóteses”, esclarece.

O tratamento no caso de Meg envolve exercícios para fazê-la se sentir importante e feliz, além de trabalhar a inteligência dela com os comandos mais conhecidos do adestramento, como sentar, deitar, rolar e pegar a bolinha. Além disso, são usadas estratégias para acostumá-la a receber carinho. “A gente já consegue carregá-la. Diria que, de zero a 10, ela merece nota 6 em apenas três semanas de tratamento. Ela melhorou muito”, relata o tutor. Rodrigo conta que, quando a cadela se deixa pegar no colo e receber carinho, é presenteada com um petisco. A ideia é reforçar positivamente o gesto de amor e, assim, treiná-la para aceitar carícias. “É muito importante respeitar o espaço do animal. Quando a Meg não quer ficar no colo, nós não a pegamos”, acrescenta Rodrigo.

O que causou esse transtorno na pequenina ainda é um mistério tanto para o casal quanto para o adestrador. Mas Lucas, que trabalha com comportamento canino há mais de 10 anos, afirma que 75% dos casos de ansiedade ou depressão é causado por ociosidade dos animais. “Hoje, temos cães que ficam mais deprimidos, que têm elevação no seu perfil de ansiedade por conta da separação de seus donos, com horários comerciais compridos. Falta informação. Então, surgem problemas e mais problemas, fazendo com que os cães se tornem cada vez mais doentes” alerta. Mas, segundo ele, existem também casos em que o quadro é resultado de uma causa orgânica, e não comportamental, como ocorre em animais que já nasceram com algum defeito neurológico.

O especialista afirma que é difícil listar uma estratégia de tratamento que funcione com todos os bichos. “Comportamento é coisa muito delicada e tem que ser avaliado individualmente”, alerta. O dono deve estar atento aos diversos sinais que o animal apresenta. Casos em que o cachorro começa a lamber demais determinada parte do corpo ou late em excesso, casos extremos de automutilação ou de comer as próprias fezes são sinais suficientes para procurar ajuda especializada.

O cuidado com o animal já começa no momento da adoção ou da compra. Lucas conta que muitos clientes chegam com um pinscher, que tem um comportamento específico da raça, querendo transformá-lo num golden retriever. “A escolha do animal é essencial para um sucesso futuro. Se eu sou esportista e tenho uma casa, tenho que comprar um border. Se sou sedentária e moro sozinha em um apartamento, tenho que comprar um pug, que não vai latir muito” explica. É muito importante pesquisar antes, já que os animais carregam carga genética que determina muitos comportamentos. Não levar esse detalhe em consideração pode trazer muitos problemas futuramente e levar até ao abandono.

“Hoje, temos cães que ficam mais deprimidos, que têm elevação no seu perfil de ansiedade por conta da separação de seus donos, com horários comerciais compridos. Falta informação. Então, surgem problemas e mais problemas, fazendo com que os cães se tornem cada vez mais doentes”

Lucas Duty, adestrador


Um cão para cada dono

Quem vive em apartamento costuma optar por cachorros de pequeno a médio porte. Mas não é só o tamanho que é determinante. É preciso pesquisar se o animal é muito carente ou ativo. Um cachorro que tem tendência a latir demais, por exemplo, não é ideal porque pode incomodar os vizinhos. Raças como bulldog, bulldog francês, chihuahua, lhasa apso, lulu da pomerânia, maltês, pastor shetland, pinscher, poodle, pug, schnauzer, shih tzu, yorkshire são as indicadas para quem mora em apartamento ou tem uma rotina mais sedentária.

Para quem mora em uma casa, gosta de praticar exercícios ou procura um cachorro mais ativo, raças como border collie, dálmata, jack russel terrier, labrador, pastor alemão, pastor australiano e pit bull são as mais procuradas.

Para quem não tem muito tempo ou disposição para brincar com o pet, gatos são ótimas opções. Eles são animais mais independentes e menos carentes, mas não significa que não precisam de atenção e carinho. Não necessitam de se exercitar muito e se limpam sozinhos, além de já nascerem com o instinto adaptado ao uso da caixinha de areia.

Momento de aprender

Existem períodos da vida em que os animais estão mais sensíveis para aprender e para se prepararem para os desafios que vão enfrentar ao longo da vida. Os cachorros têm essa “janela de aprendizado” entre a quarta e a décima quarta semana de vida. Os gatos têm da terceira à sétima semana. Nesta etapa da infância é importante propiciar os seguintes estímulos:

Expor os animais a um grande número de pessoas.

Aumentar o contato com outros bichos.

Apresentar um grande número de ruídos e de cheiros a eles.

Fonte: veterinária Ceres Faraco.

O adestrador Lucas ajudou Rodrigo e Karine, donos da cadela Meg: agressividade sob controle

Doença de cão

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Algumas raças estão mais suscetíveis a desenvolver certos problemas de saúde. Conhecê-las permite um diagnóstico e tratamento mais rápidos, além de poupar sofrimento

Quando um cachorro chega a uma família, todos se preocupam em cuidar da alimentação, do sono e da hidratação do bichinho. Não é comum, porém, pesquisar sobre a raça ou entender melhor quais os cuidados deve se levar em conta para cuidar de cada uma delas. Todos os cachorros são diferentes uns dos outros, mas certas peculiaridades são frequentes em certas raças como, por exemplo, a predisposição a ter determinadas doenças.

Não dá para ter certeza se o animal sofrerá com certas patologias só porque é uma característica comum à sua genética, mas é essencial ter consciência de que ele está mais vulnerável. Os veterinários afirmam que é indicado conhecer melhor o histórico das raças para que se possa compreender a saúde do cãozinho. Os cães albinos, por exemplo, são identificados pela pelagem branca e o focinho rosado, e, justamente, por terem essas características são mais propensos a desenvolver melanoma, o mais agressivo tipo de câncer de pele.

Um problema que pode acometer cães de pequeno porte, como o yorkshire, o maltês e o poodle, é a chamada dentição dupla. Quando eles começam a trocar os dentes, os de leite não caem e isso pode causar grande incômodo. Além disso, restos de comida têm mais chance de permanecerem na boca do animal, causando tártaro e mau hálito, que, além de ser desagradável para quem convive com o bichinho, pode fazer com que ele se sinta importunado e deixe de comer.

Pug, shih tzu e pequinês são algumas das raças braquicefálicas, ou seja, possuem o focinho mais achatado. Esses cães, por terem narinas pequenas, muitas vezes sofrem de problemas respiratórios, o que atrapalha na hora de correr ou até mesmo provoca estresse devido ao calor. Isso porque as vias respiratórias deles são muito estreitas e a capacidade de respirar e de resfriar o corpo, ao inspirar o ar frio, fica comprometida. Eles podem nascer com o distúrbio ou até mesmo desenvolvê-lo ao longo da vida.

Já os dálmatas, por exemplo, têm tendência a sofrer de cálculo na bexiga. Os cães, em geral, não costumam fabricar ácido úrico, mas os dálmatas produzem essa substância — sintetizada naturalmente pelo organismo e cujo excesso é eliminado pelos rins — em níveis elevados, o que resulta em pedras, muitas vezes removidas cirurgicamente.

Brummel Oliver é veterinário do Hospital Veterinário Oliver e trabalha em parceria com o UniCEUB. Ele explica que as predisposições das raças a terem certas doenças é resultado da seleção do homem na hora de cruzar diferentes tipos de cães. “Por exemplo, ao buscar um cachorro mais alongado como o dachshund, o famoso salsichinha, cruzaram diferentes cães até que chegaram a essa raça, que tem um problema na coluna”. Por essa razão, os salsichas tendem a sofrer de hérnia de disco, o que pode causar até mesmo uma paralisia irreversível.

2016. Crédito: Julia Carneiro/Divulgaçao. Bichos. O doberman Orfeu.
Crédito: Júlia Carneiro/Divulgação. O doberman Orfeu.

Julia Carneiro é jornalista e conta que os seus dois cachorros sofrem de doenças próprias de cada raça. Ela descobriu recentemente que o doberman Orfeu está com um problema no fígado. “Ele sempre foi chatinho para comer e sempre foi muito magro, mas foi se alimentando cada vez menos até ficar só o osso”, conta Julia. Ele ainda está sendo diagnosticado, mas já toma cinco remédios e, ao que tudo indica, a predisposição genética do cãozinho tem mesmo afetado o fígado dele.

O mesmo acontece com a cadelinha Blaize, da raça schnauzer. Blaize frequentemente sofre com pedras nos rins e apresenta tendências a obesidade. Ela passou por cirurgias para retirar algumas pedras, precisa comer ração especial e praticar exercícios para que não engordar. Ela pertence a um grupo de animais com propensão a ter sobrepeso. Nesse caso, a dica é mantê-los sempre em movimento e, por isso, melhor que vivam em casa.

Alertar o futuro dono do animal é importante para que ele tenha consciência dos problemas que seu cãozinho pode vir a sofrer e assim prepará-lo tanto psicologicamente quanto financeiramente, pois as despesas podem ser grandes. “Muitas vezes, o cuidador não espera que o cão tenha algumas doenças, mas ele precisa ser alertado e estar preparado para isso, já que certas patologias podem ser tratadas a longo prazo”, acrescenta Brummel.

Conhecer as predisposições do filhote pode poupar o desconforto do animal. Julia conta que se soubesse que seus cães estavam vulneráveis às doenças, ela teria ficado mais atenta e tentaria diagnosticá-las precocemente. “Blaize ficou semanas fazendo xixi com sangue e achávamos que estava no cio. Acho que ela sofreu por mais tempo do que o necessário porque não soubemos diagnosticar. A mesma coisa aconteceu com Orfeu. Achávamos que ele só era chato para comer, trocamos de ração e demoramos para reagir. Se soubéssemos da alta probabilidade da doença, e que a magreza e falta de apetite eram sintomas, poderíamos procurar a veterinária mais rápido”, lamenta.

Para garantir a saúde e bem-estar do animal é importante levá-lo ao veterinário com frequência para que possa fazer os exames de rotina. Dessa forma, as patologias previsíveis podem ser tratadas desde cedo, evitando o sofrimento do bichinho e da família.

Disque-denúncia de maus tratos contra animais é aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça

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(por Ailim Cabral/CB)

A batalha dos defensores de animais é difícil, estão sempre lutando para conquistar novos direitos. Essa semana, um motivo para os ativistas comemorarem: o projeto que cria o o disque-denúncia de maus-tratos aos animais (PL 78/2015) foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A aprovação veio na terça-feira (17/5) e a criação do canal promete facilitar o processo de punição de responsáveis por maus tratos aos animais. Segundo o autor da proposta, o deputado bispo Renato Andrade (PR), o disque-denúncia vai centralizar, formalizar e registrar as denúncias em um mesmo setor, facilitando a apuração e por consequência, a aplicação de sanções. “Temos que ajudar a colocar um ponto final em histórias de violência contra os animais, como casos de espancamentos, envenenamentos e abandonos”, defendeu.

Renato Andrade afirma ainda que, por serem indefesos, os animais precisam de meios eficazes de proteção. O relator do processo, deputado Raimundo Ribeiro (PPS), acrescentou que o serviço será gratuito e com garantia de sigilo ao autor da denúncia.

A CCJ aprovou ainda a proposta que determina diretrizes para o encaminhamento de animais apreendidos para instituições de pesquisa (PL 116/2015). As espécies capturadas pelo Centro de Controle de Zoonoses do DF ou por canis, devem ser mantidas pelo Governo do Distrito Federal, à disposição dos responsáveis, por 30 dias. Após esse período, os animais que não forem reivindicados devem ser colocados para adoção.

Somente após essas etapas, os animais que não forem resgatados ou adotados poderão ser cedidos a instituições de ensino ou pesquisa.

Segundo a autora do projeto, a deputada Luzia de Paula (PSB), o uso de animais como recursos didáticos para a formação de veterinários e médicos cirurgiões e como cobaias para testes de diversas drogas é uma crueldade, além de causar estresse psicológico em estudantes.

Novidades para os pets

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O mercado de produtos voltados para animais de estimação não conhece crise. Visitamos uma das maiores feiras do setor e adiantamos alguns lançamentos

Por Ailim Cabral

Na semana que passou, acompanhamos a 14ª Pet South América, um dos maiores eventos pet do Brasil. Na feira, empresários e marcas apresentaram seus produtos aos profissionais do segmento. Além disso, promoveram palestras com diversos especialistas.

Apesar da crise econômica, o mercado pet continua crescendo. Segundo a diretora-geral da NürnbergMesse Brasil, Lígia Amorim, os investidores estavam mais contidos este ano, mas a feira teve um aumento de 10% no número de expositores e um crescimento de 30% nos estandes internacionais. Dados do Instituto Pet Brasil confirmam que o segmento faturou R$ 20,7 bilhões no ano passado e gerou 1,7 milhão de empregos. O nicho de saúde animal, por exemplo, se expande num ritmo de 8% ao ano.

Lígia acredita que as vendas continuam crescendo porque a população está cada vez mais preocupada com o bem-estar de seus animais de estimação. “Hoje, eles são parte da família e recebem os mesmos cuidados dispensados aos seres humanos. Conforme envelhecem, inspiram mais atenção, e a qualidade de vida dos pets é muito considerada pelos donos”, explica.

A nossa equipe percorreu a feira e trouxe algumas das novidades para as páginas da Revista. Confira o revolucionário Xô Xixi, um pó que absorve a urina dos cães e gatos e facilita a limpeza, os brinquedos educativos da Pet Games e as delícias para animais, da Petitos.

Até os donos das mascotes foram contemplados: a marca Santo Amigo tem roupas para humanos e cães. Ao comprar, é possível ajudar os pets menos favorecidos — 25% de todas as vendas do site são destinadas a doações para ONGs cadastradas no projeto.
A nossa equipe percorreu a feira e trouxe algumas das novidades para as páginas da Revista. Confira o revolucionário Xô Xixi, um pó que absorve a urina dos cães e gatos e facilita a limpeza, os brinquedos educativos da Pet Games e as delícias para animais, da Petitos.

Até os donos das mascotes foram contemplados: a marca Santo Amigo tem roupas para humanos e cães. Ao comprar, é possível ajudar os pets menos favorecidos — 25% de todas as vendas do site são destinadas a doações para ONGs cadastradas no projeto.