CBPFOT191220151971 Foto Zuleika de Souza/CB/DAPress

Antes de partir

Publicado em comportamento, saúde pet

(por Ailim Cabral, da Revista do Correio) (foto Zuleika de Souza/CB/DA Press)

 

No fim do ano, com as férias e os recessos chegando, é preciso redobrar a atenção com os pets. Uma das precauções mais importantes se refere à identificação. Assim como as pessoas portam a carteira de identidade, os veterinários e os cuidadores recomendam que cada bichinho tenha seu próprio documento, feito na forma de um microchip. Segundo a veterinária e gerente técnica do laboratório Virbac, Fabiana Zerbini, o microchip é uma forma de reconhecimento eletrônico e é o primeiro passo para a posse responsável.
O implante é simples. O veterinário posiciona o microchip na nuca do animal como se estivesse aplicando uma injeção. Cada dispositivo tem um código único, que é entregue ao dono do cachorro ou do gato. Assim, o proprietário deve entrar no site do fabricante e cadastrar os dados do animal, como nome, idade, raça; além do nome, endereço e telefone do dono. A partir desse cuidado, se o pet foge ou é roubado, fica mais fácil encontrá-lo. A maioria das clínicas veterinárias conta com algum tipo de leitor de microchip, independentemente da marca, que consegue decodificar o chip de qualquer fabricante.
Depois de passar por um grande susto em setembro e quase perder a pug Amora, de um ano e meio, a estudante de medicina veterinária, Mariana Moreira Ribeiro (foto),  se arrependeu de não ter microchipado a cadelinha. Amora costuma ficar solta dentro de casa e, em um descuido, o portão ficou aberto. “Vimos depois, pelas câmeras de segurança, que ela aproveitou e saiu correndo”, conta. Poucos minutos depois da fuga, a família percebeu e foi buscar a pug. “Saímos pela rua, a pé e de carro, procuramos por todos os lugares, fizemos muitas publicações na internet até alguém entrar em contato”, lembra.
No dia seguinte, uma mulher disse ter comprado a cadelinha e não queria devolvê-la para Mariana. Apesar de argumentar, ter o pedigree, a carteira de vacinação, fotos e vídeos de Amora, a jovem teve dificuldades em ter a pug de volta. “Tive medo. Não tinha colocado ainda o microchip e não tinha como provar que ela era minha. Foi muita sorte a mulher ter finalmente cedido e me devolvido, porque ela poderia ter ficado com a Amora para sempre e ia ser minha culpa”, afirma Mariana. Depois do susto, a jovem resolveu juntar dinheiro e colocar o microchip em todos os sete cães. “Só estou esperando a Amora ter os filhotes para colocar nela e em todos os outros”, completa.
Além de ser primordial em situações como a de Mariana, o microchip ajuda quando o cachorro é encontrado e levado ao veterinário. “Se o animal toma medicação contínua, tem diabetes ou epilepsia, por exemplo, quem o encontra consegue cuidar dele até achar os donos. As informações podem salvar a vida do pet”, completa Fabiana.

 

Prontos para as férias

 

Além do microchip, existem outros cuidados essenciais na hora de viajar, seja com, seja sem o pet. O presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais no Distrito Federal (Anclivepa-DF), Bruno Alvarenga dos Santos, explica que a primeira coisa a ser avaliada pelo dono, quando o pet vai acompanhá-lo, é se a viagem é nacional ou internacional.
Para as viagens nacionais, de avião, de ônibus, de barco ou de trem, é exigido um atestado sanitário emitido por um médico veterinário, no máximo, 10 dias antes da viagem. É importante também verificar as regras da companhia de viagem. “Muitas empresas aéreas exigem o atestado emitido, no máximo, três dias antes da viagem. Elas também têm restrições quanto à raça do animal. Algumas vetam os cães braquicefálicos, que costumam ter problemas respiratórios, por exemplo”, alerta Bruno.
A vacina antirrábica também é obrigatória para as viagens nacionais. “É preciso ressaltar que a vacina deve ter sido aplicada, no mínimo, 30 dias antes da viagem para que tenha efeito”, explica Bruno. Quem vai de carro deve ficar alerta para a acomodação do pet, que deve ser levado em caixas de transporte ou preso com cinto de segurança. Caso contrário, o dono pode ser multado.
Para as viagens ao exterior, exigem-se mais cuidados. Muitos países que não permitem a entrada de animais sem microchip e antes de comprar as passagens é necessário verificar a regra. Além do microchip e da vacina antirrábica, para a entrada de um cachorro vindo do exterior, as autoridades estrangeiras costumam exigir a vacina óctupla ou déctupla, que protegem contra uma série de doenças. No caso dos gatos, por exemplo, é pedida a vacina quádrupla. Cabe ao proprietário pesquisar as normas do país para o qual vai viajar, mas o ideal é proteger o pet de todas as formas possíveis.
O veterinário Bruno dá mais algumas dicas para quem quer passear e curtir as férias com os pets. “Verificar as doenças endêmicas na região para onde vai e proteger o animal é um cuidado extra que previne dores de cabeça e problemas mais graves”, complementa. Quem vai para a praia, também deve ficar atento a parasitas, entre eles, o mais comum e perigoso, é o verme que se aloja no coração do pet e causa a dirofilariose. “Vermifugar o animal durante a viagem e depois de voltar para casa são medidas necessária”, afirma o especialista.
Algumas pessoas, no entanto, vão para lugares onde não podem levar os animais, por isso a dica é verificar as normas do local antecipadamente. Outros, simplesmente, preferem deixá-los em casa. Os cuidados, no entanto, continuam sendo necessários. Se o pet for ficar em um hotel, deve estar protegido com remédios antiparasitários, contra pulgas e carrapatos; além de ser vermifugado e vacinado.
Se o pet vai ficar em casa e um amigo, parente ou profissional vai cuidar dele, o dono deve deixar recomendações, bem como os contatos do veterinário responsável pelo animal. Mais seguro ainda é avisar a esse profissional sobre a viagem e combinar os pagamentos previamente. A pessoa deve ser de confiança e ficar atenta se o bichinho está comendo, bebendo água e evacuando normalmente. “Muitos animais têm problemas emocionais quando se separam dos donos e podem adoecer. Eles param de se alimentar e não fazem as necessidades frequentemente. O cuidador precisa estar de olho para perceber essas mudanças”, alerta Bruno.