Sexygenarismo: o futuro é agora

Publicado em Direitos Humanos, Envelhecimento, Feminismos, Filosofia e Política, Gênero, Igualdade de Direitos, LGBTI, Questões Geracionais, raça, Raça Etnia

A nova geração de Sexalescentes

 

A atriz inglesa Helen Mirren é a imagem da nova sexygenária
A atriz inglesa Helen Mirren é a imagem da nova Sexygenária

(…) Ninguém vai querer ouvi-la(o), e menos ainda compartilhar a experiência, pois envelhecer é a mais solitária das navegações. Você já não é exatamente um semelhante. De fato, aconteceu uma coisa terrível: você atravessou a linha. Só por distração, será considerado normal. Em toda parte, vai ser apontada(o) como perigosa(o), pois você destrói o mito pelo simples fato de existir. Lembra a cada um que é mortal, coisa que é preciso evitar a qualquer preço. Você logo vai se dar conta de que é preciso se defender da velhice como de um pecado que cometeu. De qualquer forma, aonde quer que vá, de agora em diante, estará com uma sineta pendurada, por mais que só ouça a sineta dos outros (…) Sua pátria, aquela onde você nasceu e viveu a vida inteira, aquela onde pensava morrer, a(o) renegou. Você se tornou um(a) estrangeiro(a), exilado(a) em seu próprio país. Só lhe resta descobrir uma das evidências desse seu novo estado: as(os) velhas(os) nunca foram jovens. Pouca gente sabe disso.” Benoîte Groult, escritora, ensaísta e jornalista feminista francesa (morta em 2016, aos 96 anos), romanceou o processo de envelhecimento dos seres humanos, em seu bestseller internacional La Touche Étoile (2006, traduzido no Brasil como Um Toque na Estrela)

Antes de tudo, alguns números e dados para reflexão:

  • A população brasileira será formada, nas próximas décadas, por aproximadamente 30% de pessoas com 60 anos ou mais. Ou seja, cresce aceleradamente a expectativa de vida no país, como ocorre em boa parte do mundo. Isso se deve à melhoria e acesso aos sistemas de saúde e saneamento básico, alimentação, e assistência/previdência social. Em 2025, haverá na população brasileira mais de 50 adultos com 65 anos ou mais, por cada conjunto de 100 jovens menores de 15 anos. Em 2045, o número de pessoas idosas ultrapassará o de crianças.
  • A queda nas taxas de fecundidade também é fator determinante para o aumento da idade média da população, na medida em que reduz ao longo do tempo o número de crianças e jovens;
  • No Brasil, ambos fatores estão relacionados à acelerada transição demográfica que o país atravessa, o que faz com que a atual geração de jovens, a maior da história, venha a ser uma expressiva geração de idosas e idosos, até o ano de 2050.

É complexo pensar em envelhecimento. Mais ainda é arquitetar soluções para fazer da velhice um estágio de vida a ser vivenciado saudavelmente, tal como idealizamos, quando mais jovens: “ah, quando eu passar dos 60 anos vou aposentar, viajar, vou lá para aquele lugar paradisíaco que quero curtir… sei lá, fazer coisas que não tenho tempo hoje!”. Não é assim?

Esta semana, três notícias nas mídias sociais e na imprensa chamaram atenção para o envelhecimento. Sobre as várias questões relacionadas não só aos preconceitos sociais e culturais do Ocidente em relação à velhice, mas principalmente pelo fato de que o mundo estará “envelhecido”, daqui a duas ou três décadas, até o ano de 2050.

Entre as notas, um artigo de uma escritora portuguesa, Tita Teixeira, alcunha as pessoas acima de 60 anos de as novas “sexalescentes” ou “sexygenárias”:

“Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova classe social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade. Os sexalescentes: é a geração que rejeita a palavra “sexagenário”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica – parecida com a que, em meados do século 20, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a atividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida. Talvez seja por isso que se sentem realizados… Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já o fizeram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra.” (…) Tita Teixeira, http://www.luispellegrini.com.br/sexalescentes-ou-sexygenarios/

Nesse novo universo, as mulheres sexygenárias têm mesmo se destacado. São parte da geração da terceira (ou quarta) onda feminista. Aquelas que fizeram muito barulho nos protestos das primaveras revolucionárias, dos movimentos em massa pelos direitos humanos, civis e políticos, em dezenas de países, entre os anos 1960 e 70. Seguramente, sem essas mulheres, tais movimentos sociais e de contracultura nada seriam.

As feministas (interseccionais) engrossaram hordas de jovens e adultos que foram às ruas pelos direitos das pessoas negras, LGBTI, ou dos povos tradicionais, além, claro, dos movimentos pela liberação feminina e igualdade para as mulheres. E saíram de casa – do ambiente privado – e foram à luta nos espaços públicos. Tornaram-se militantes políticas, ativistas, elegeram-se para cargos públicos, foram em massa para escolas e universidades. Trabalharam e ocuparam todas as áreas. Desde profissões mecânicas (indústrias e serviços) às da expertise do conhecimento científico e tecnológico.

Neste século 21, elas seguem vivíssimas, a maioria ativa, inclusive, em suas sexualidades. Com um plus: não se preocupam (tanto) com suas formas físicas ou com as perdas que o tempo e a vida sempre trazem. Não querem ser modelos, mas partir para o que pode funcionar. E é aí que entra a segunda notícia que chamou a atenção de muita gente nas redes sociais. Uma nova profissão, ou um meio de sobreviver, nesses tempos bicudos de perda de direitos trabalhistas e de desemprego elevadíssimo: o “neto/a de aluguel”.

O trabalho do neto de aluguel na casa de Dora Dalmásio. Reprodução/TV Gazeta
O “neto de aluguel” na casa de Dora Dalmásio. Reprodução: TV Gazeta

Um engenheiro civil do Espírito Santo, Aloísio Melo, ficou desempregado e, para sobreviver, foi trabalhar como motorista para uma empresa que responde a chamadas no aplicativo – tipo o Uber. Ele descobriu que pessoas idosas saem muito mais do que pensava (do que pensamos, aliás). Têm vida social ativa e a maioria é de senhoras com mais de 60 anos.

“Um dia, parei na casa de uma senhora para deixá-la, quando chegou uma outra senhora de idade pedindo para eu baixar o aplicativo no celular dela. Com boa vontade, expliquei tudo o que ela tinha que fazer e ela disse que eu levava jeito para isso. Ela contou que os filhos não tinham paciência para explicar as coisas de celular para ela, e foi aí que me veio a ideia (de trabalhar como neto de aluguel)”. Aloísio Melo, http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/engenheiro-civil-desempregado-vira-neto-de-aluguel-no-es.ghtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1

E uma das clientes dele é Dora Dalmásio, de 66 anos, que precisou de ajuda para aprender a fazer planilhas no Excel. Para ela, que é aposentada, montar uma tabela no computador era um bicho de sete cabeças. “Eu já aprendi a criar uma planilha, preencher. Eu sempre falava com meu filho, mas ele não me ajudava. Um dia ele me deu um livro grosso sobre Excel, e é claro que eu não li, desisti. O serviço que o Aloísio oferece veio a calhar”. O “neto de aluguel” faz vários serviços para a clientela, entre eles, levar e buscar em passeios, encontros sociais, vida noturna, ou supermercados e consultas médicas.

Livro lançado no dia 7 de Agosto
Livro lançado no dia 7 de Agosto, no Rio de Janeiro

Em outra matéria, que foi notícia em vários jornais, a novidade foi o lançamento do livro Habitando o Tempo – Clandestinidade, Sequestro e Exílio, da ativista política e ex-guerrilheira nos anos 1960/70, contra a ditadura militar brasileira, Marília Guimarães. Hoje com 69 anos, Marília tem história de coragem e superação, e é um bom exemplo das jovens mulheres que foram ativas nos movimentos pelos direitos humanos e contra as ditaduras e machismos latino-americanos de sua geração. A sua saga foi documentada na imprensa do Brasil e do mundo.

Com um relato fiel de sua história e de seus dois filhos, Marcello e Eduardo, a autora revive a agonia pela qual passou durante o ano de 1969 – quando vivenciou fugas, perdas, angústia e medo – e que culminou no sequestro de um avião, em janeiro de 1970. A fuga foi noticiada em todo o mundo, pela audácia da jovem militante, que levava seus dois bebês para longe da ditadura militar brasileira – cujas prisões torturavam e matavam até mesmo as crianças. Foram 10 anos de exílio em Cuba.

Ela tinha apenas 22 anos em 1º de janeiro de 1970, quando adentrou o Aeroporto Internacional de Carrasco, em Montevidéu, determinada a embarcar no voo 114 da Cruzeiro do Sul com destino ao Rio de Janeiro – uma viagem que, ela já sabia, mudaria radicalmente sua vida, para o bem ou para o mal. Acompanhada dos filhos Marcelo e Eduardo, então com 3 e 2 anos, Marília estava carregada de bolsas com fraldas, mamadeiras e brinquedos, além das bagagens. Por baixo do vestido que trajava, levava colados ao corpo outros seis revólveres.

A jovem professora, dona de uma escola no subúrbio carioca, fazia parte de um grupo de seis guerrilheiros – ou terroristas, segundo a ditadura militar – de um movimento de esquerda radical contrário ao regime. O objetivo dos seis era sequestrar o avião Caravelle e levá-lo para Cuba, onde Marília e os dois filhos poderiam viver em liberdade. O sequestro do avião foi bem-sucedido graças à sagacidade e à coragem da ativista. Após dias de tensão e vários pousos de emergência para reabastecer e consertar defeitos na aeronave, chegaram a Cuba.

Ninguém foi ferido. Os demais passageiros e a tripulação retornaram ao Brasil. Marília, seus filhos, e os demais sequestradores ficaram em Cuba. Ela só pode voltar ao país em 1980, com a Lei da Anistia. Hoje perfeitamente reinserida na sociedade e ativa, ela relata o período que antecedeu a sua decisão extrema de participar de um sequestro. Marília conta que passou por situações arrasadoras:

O sequestro do avião foi manchete em todo o mundo
O sequestro foi manchete em todo o mundo

“Foi um ano de fuga, onde a fome, a dor e a solidão em muitas ocasiões faziam parte do meu cotidiano. Depois da prisão, tirar Marcello e Eduardo do olho do furacão, impedir que eles caíssem nas mãos dos ditadores era primordial”, relembra (…) toda a luta poderia se perder caso meus filhos fossem presos, assassinados ou ficassem desaparecidos, já que essa seria uma forma de pressão contra os presos para que entregassem a organização da qual fazia parte. Passamos um ano percorrendo o Brasil até a decisão de abandonar o país através de um sequestro, essa era a única saída para nós. O exílio em Cuba foi uma escolha acertada. Cuba vivia seus primeiros anos na construção de um novo mundo. Lá meus filhos poderiam estudar e viver em liberdade”. Marília Guimarães, http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2017/07/14/ex-guerrilheira-lanca-livro-sobre-anos-de-chumbo-no-brasil-e-exilio-em-cuba/ e também em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2017/08/08/a-brasileira-que-sequestrou-um-aviao-acompanhada-de-dois-filhos-pequenos-durante-a-ditadura.htm

Essas notas acendem a luz para o fato de que as “novas” gerações mais velhas são e serão bem diferentes do que as de nossos antepassados mais distantes. E serão quase um quarto da população do planeta daqui a 30 anos. O que falta para que as sociedades encarem as pessoas idosas com novos olhares? Inclusive, dando-lhes visibilidade? Tanto econômica como social e cultural.

A atriz britânica Helen Mirren, de 71 anos, é referência em sexygenarismo, e figura tarimbada da chamada geração NoMo – termo criado a partir da expressão Not Mothers, em referência às mulheres que optaram por não ser mães.

Aliás, esse é outro assunto tabu: a maternidade, que parece voltar a tornar-se compulsória nos dias atuais de backlash (retrocesso) à Era Vitoriana. A atriz afirmou adorar crianças. “São muito graciosas e meigas, mas nunca as quis para mim”. Sobre o assunto, ela conta que chorou sem parar, certa vez, ao ver um filme, durante uns 20 minutos, ao se dar conta de tudo o que estava perdendo. “Mas depois me recompus e fiquei feliz outra vez.”

Para sonhar um pouco mais, essas pessoas são mesmo as novas “sexalescentes”, com vidas ativas e criativas. Bom, ao menos para quem tem as “condições” para sonhar. Quem tem a sorte de conseguir superar as desigualdades sociais, econômicas e culturais; os preconceitos e discriminações; o racismo, o machismo, os problemas de gênero e as fobias contra as diversidades e suas piores consequências. Especialmente, no Brasil de hoje que, a cada votação no Congresso Nacional e em cada medida assinada pelos atuais “donos do poder”, afunda-se mais e mais em precipícios e abismos socioeconômicos.

Não vou, aqui, chamar a velhice de “melhor idade”. Primeiro porque acredito que a melhor idade, ou fase, é qualquer etapa de vida em que nós, seres humanos cidadãs/cidadãos, experimentamos e desfrutamos o tal bem-estar social. Quando e onde vivermos com cidadania e formos tratados/as com respeito, igualdade e dignidade. Quando tivermos oportunidades e ferramentas para desenvolver nossos potenciais. São poucas as populações que têm a sorte de vivenciar isso, nas sociedades globais.

Em segundo lugar, (ao menos nas sociedades ocidentais) vivenciamos a era da eterna “juventude”, que deveria ser uma das fases das nossas vidas. Ao invés de envelhecermos (destino inexorável) com maturidade e dignidade, estamos a “photoshopar” tudo em nossos corpos e rugas, ou a mascarar a maneira como devemos olhar e etiquetar a nós e aos outros.

Toda essa história deve-se ao fato, já bem noticiado, de que até o ano de 2050, a população global será formada por 2 bilhões pessoas idosas. Ou seja, 22% dos habitantes do planeta terão mais de 60 anos. Serão mais numerosos do que a população de menores de 15 anos. Hoje, a população mundial na faixa acima dos 60 anos está em torno de 850 milhões. E mais que duplicará ao longo dos próximos 30 anos.

Para debater os impactos e urgentes medidas sobre essa veloz mudança no perfil demográfico mundial, a ONU, via o UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), apresentou há cinco anos o relatório “Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio” e atualiza informações sobre, por exemplo, as implicações do envelhecimento populacional para o desenvolvimento e a inclusão social no Brasil.

O UNFPA e a ONG HelpAge International, que auxilia pessoas idosas a reivindicarem seus direitos e a lutarem contra a discriminação e a pobreza, realizaram um amplo simpósio no Japão, em 2012, sobre as mesmas questões e iniciativas urgentes a serem adotadas, em nível mundial. O processo de envelhecimento populacional requer medidas nas áreas de planejamento, previdência, direitos humanos, gênero e saúde.

O relatório ressalta que, ao mesmo tempo que a tendência das sociedades em envelhecer é motivo de celebração, também implica novos desafios. Exige mais investimentos e saberes reciclados nas áreas do atendimento à saúde, aposentadoria, arranjos para a vida diária e para as relações pessoais e (inter)institucionais, governamentais e não-governamentais.

Pela primeira vez na história mundial, as estatísticas do ano 2000 mostraram que havia mais pessoas com mais de 60 anos do que crianças com menos de 5. Em 2050, a geração idosa será maior que a população de menores de 15 anos. Hoje, duas em cada três pessoas com 60 anos ou mais vivem em países em desenvolvimento. Até 2050, esse número aumentará para 4 em cada 5.

No Brasil sem Direitos

As consequências podem surpreender os países que não estiverem preparados para enfrentar o novo perfil demográfico. Nos países em desenvolvimento com grandes populações jovens, caso do Brasil, os governos não dispõem de políticas e práticas estabelecidas para a assistência às suas atuais populações idosas, ou não estão suficientemente alertas para o cenário até 2050. E, neste Brasil de 2017, as políticas públicas para com as diversidades, inclusive as geracionais – pessoas idosas, e as ações sociais têm sido sistematicamente deterioradas, abandonadas, ou simplesmente extintas.

“O envelhecimento da população é um fenômeno que já não pode mais ser ignorado. Essa é uma das mais significativas tendências populacionais do século XXI, com a qual teremos que lidar e para a qual devemos nos preparar, a partir de agora (…) Essa é uma boa notícia porque o envelhecimento é resultado direto do aumento da expectativa de vida, que vem crescendo, inclusive, nos países em desenvolvimento em razão de melhores condições sanitárias, alimentação, cuidados com a saúde, avanços na educação e maior bem-estar econômico”.  Harold Robinson, da UNFPA.

 

Sexualidade, Acessibilidade e Qualidade de Vida

“Necessitamos da conscientização pelo cuidado social integral. Precisamos aprender e rápido!”, afirma a professora Leides Moura, do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional (PPGDSCI), da UnB. “Sou enfermeira, e sei que faltam o saber e a prática interdisciplinares às nossas instituições de ensino superior, bem como é urgente a revisão do nosso material didático”.

Leides tem a preocupação clara de quem, além das pesquisas de alto nível, lida diretamente com o “mundo real”. Isto é, com o dia a dia dos hospitais e instituições para os cuidados com os mais velhos. Ou com a falta de tudo isso e dos saberes interdisciplinares como psicologia, cuidados especiais, ou mesmo arquitetura e urbanismo. Por exemplo, como planejar espaços para locomoção e habitação confortáveis, sem expor as pessoas às quedas ou a problemas que possam fazê-las gastar tempo, recursos (públicos e/ou privados), e até mesmo torná-las inválidas para o resto de suas vidas.

“O pior de tudo são os estereótipos que perpetramos e perpetuamos. E também nossos comportamentos estereotipados sobre as pessoas idosas. Em nossos currículos escolares, tratamos apenas de doenças. E a sexualidade, por exemplo, como é? Nada sabemos sobre a sexualidade nessa faixa etária e ela existe! Precisamos de capacidade crítica, de um olhar em 3D, sem polarizar, sem seccionar, e sem teorias da etiquetagem em nossa academia. O aprendizado deve ser interdisciplinar e o cuidado integral”. Leides Moura, professora doutora da Universidade de Brasília.

Outros problemas complexos, como o incentivo à poupança (pessoal e para desonerar os gastos públicos com previdência social); produtividade e qualidade de vida; e o risco social com a falta de treinamento e capacitação para os cuidados com os mais velhos. Tanto no âmbito privado, na família, como para a criação e manutenção de instituições “cuidadoras”. Isso sem mencionar as enormes desigualdades sociais que desequilibram toda a cadeia de gerações/faixas etárias.

É mesmo necessário que o Brasil e demais países em desenvolvimento acordem no sentido de melhorar os sistemas de serviços para a assistência e os cuidados – físicos e psicológicos, a previdência (no sentido de amparo financeiro e social), da saúde (inclusive, a mental), e em relação às desigualdades socioculturais (infra)estruturais.

O que acontece aqui e em outras sociedades em desenvolvimento é que ainda não se sabe como fazer para conviver sustentavelmente com uma demografia equilibrada entre as faixas de jovens e adultos socioeconomicamente ativos e os aposentados ou inativos. As políticas psicossociais, em âmbitos público e privado, estão delineadas apenas em alguns países desenvolvidos, onde a distribuição de renda é mais eficiente e igualitária. Neles, a expectativa de vida é mais elevada há décadas e houve forte redução da taxa de natalidade, fatores que “amadurecem” a população.

“O envelhecimento é processo de uma vida toda, não começa aos 60 anos. Os jovens de hoje farão parte da vigorosa população de 2 bilhões de idosos de 2050.” Dr. Babatunde Osotimehin, UNFPA.

É disso que devemos lembrar. E organizar movimentos afirmativos pelo futuro de todas e todos. Sobretudo, em termos do que será a previdência social do país nas próximas décadas. Há ameaças pairando sobre todo o sistema previdenciário, público e privado, neste momento. É mister reforçar que precisamos dele. Os países mais desenvolvidos já se deram conta da necessidade de tomar providências pela qualidade de vida cidadã. O bem-estar social faz com que o presente seja mais produtivo.

Links úteis:

Sumário Executivo do Relatório da ONU/UNFPA/HelpAge International: http://bit.ly/VpSego

Relatório Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio está disponível em:

http://unfpa.org/ageingreport

(versão na íntegra em inglês)

http://www.unfpa.org.br/sumario%20envelhecimento%20sec%20xx.pdf

(sumário executivo em português)

Dicas para as pessoas idosas e o Estatuto do Idoso:

http://www.serasaexperian.com.br/guiaidoso/20.htm

Serasa Experian – Guia de Direitos para a Pessoa Idosa

http://issuu.com/lm_carvalho/docs/swop_2011/1

 

10 thoughts on “Sexygenarismo: o futuro é agora

  1. Amei! Se eu fosse “sexysgenaria”, ia querer abraçar o mundo! Dá uma energia e vontade de viver grande! Eu até faria um brinde a isso! tim tim! Rs

  2. Excelente artigo. Oportuno debate. Envelhecer com dignidade, de fato, pode ser, no âmbito pessoal, consequência das escolhas feitas no passado, o que já é um grande passo. Restando cobrar do poder público, políticas propulsoras de bem estar social para tod@s.

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