Mulheres, Memórias e Cinema

Publicado em Cinema e TV, Feminismos, Filosofia e Política, Gênero, Igualdade de Direitos, LGBTI, Raça Etnia

Debate sobre Gênero no Senado

 

MesaSenadoChamada

Nesta quinta-feira, dia 24, às 10h, tem mesa feminista sobre o cinema das mulheres, no Senado. A pauta é Mulheres, Memórias e Cinema, com a blogueira, professora e pesquisadora do audiovisual, Sandra Machado, com a cineasta e pesquisadora Tânia Fontenele, diretora de Poeira e Batom: 50 Mulheres na Construção de Brasília, além da representante da Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno, Neide Rafael; a idealizadora do Projeto Curta Maria, professora Maria José Rocha Lima; e a escritora e jornalista Verenilde Pereira. A senadora Vanessa Grazziotin, procuradora da Mulher no Senado, abrirá os debates.

As temáticas giram em torno das mulheres que produzem, dirigem, militam e/ou pesquisam a produção audiovisual nacional, com olhares interseccionais das diversidades de gênero, das questões etnorraciais, das LGBTI, geracionais, de religião, e os papeis culturais, sociais, econômicos, representados ou estereotipados nas telas. O ativismo político na criação audiovisual e nas organizações coletivas para projetos de mulheres nos cinemas e na TV.

Quais são os construtos de (falsos) códigos que se relacionam às classes sociais, raças/etnias, gênero, orientação sexual, papéis sociais, religião, ou ocupação. Os estereótipos são problemáticos: reduzem uma larga escala de diferenças entre as pessoas a categorias simplistas e transformam suposições sobre um grupo particular em “realidades”. Também podem ser usados para justificar a posição de poder e domínio de alguns sobre outros e perpetuar os preconceitos, os silêncios, e as desigualdades sociais e econômicas.

Sobre o mito da subalternidade feminina – e as intersecções das chamadas minorias – é preciso analisar os debates políticos, especialmente, acerca da questão da autorrepresentação, vista na pressão por maior representação das diversidades. A partir de suas próprias vozes, imagens e locais de fala. O embate enseja o princípio semiótico de que “alguma coisa está representando, ou fazendo-se passar por outra”, ou que uma pessoa ou grupo está falando em nome, ou no lugar, de outros.

 

Como Esquecer
A diretora Malu de Martino mostra o amor entre mulheres, em Como Esquecer (Brasil, 2010)

 

Resgates de histórias escondidas

Como exemplo, a cineasta Tânia Fontenele, filha de pioneira, lançou o livro e o filme Poeira & Batom, em 2010, com relatos de algumas das principais pioneiras que chegaram em Brasília nos primeiros anos, entre 1956 e 1960. São engenheiras, arquitetas, médicas, enfermeiras, parteiras, professoras, escritoras, musicistas, motoristas (de caminhão e jipes), lavadeiras, funcionárias públicas, prostitutas. Muitas vieram sozinhas ou foram as visionárias que “puxaram” seus maridos/companheiros, sabendo ser o DF o novo “eldorado”, ou a nova fronteira do Brasil.

Hoje, poucas ainda vivem, mas marcaram e estão registradas na História de Brasília, e do Brasil, graças ao trabalho minucioso de Tânia, que as resgatou da invisibilidade e do silenciamento. A cineasta afirma que esse é um projeto sem fim, que tende a ser ampliado e revisado. “Acabei encontrando mulheres extraordinárias, muito corajosas. Todas falam que tinha muita poeira, poeira, poeira. Também faltava água, luz; não tinham parentes, ninguém. Foi uma vida muito dura. O filme foi uma forma de dar visibilidade, de dar oportunidade e de saber a história delas”, relata.

A cineasta Tania Fontenele
Cineasta Tania Fontenele

Em 2007, Tânia participou da criação do Instituto de Pesquisa Aplicada da Mulher (Ipam), onde hoje é coordenadora. As pioneiras sabem a importância do trabalho dela e colaboram como podem. Cedem ou emprestam fotos, objetos, textos, o que têm em casa, desde os anos 1950. São os objetos transicionais, que carregam em cada mudança de casa, ou cidade, para marcar a permanência de suas histórias.

Filme da cineasta negra Adélia Sampaio, de 1984, levantou o debate LGBTI e das relações inter-raciais no Brasil.
Filme de 1984, Amor Maldito, da cineasta negra Adélia Sampaio, levantou o debate das relações raciais e LGBTI no Brasil

Como afirmou, desde os anos 1980, a pesquisadora e ensaísta chicana (mexicano-texana) Gloria Anzaldúa, “To survive the Borderlands/you must live sin fronteras/be a crossroads” – para sobreviver às Terras de Fronteira, você tem que viver sem fronteiras, tem que ser uma encruzilhada de vias. Os cinemas das mulheres é assim, um viver sem limites e fronteiras, é tornar-se uma encruzilhada diaspórica, que significa a subjetividade evocada nessa existência ser constituída por múltiplas trajetórias históricas, linguísticas, etnorraciais, comportamentais, e culturais.

 

SERVIÇO:

Pauta Feminina: Mulheres, Memórias e Cinema

Local: Plenário 13, Ala Alexandre Costa, Senado Federal

Dia: 24/08/2017

Horário: 10h

Informações: (61) 3303-1710

Acompanhe pelo site: HTTP://bit.ly/2vJTFQr

 

2 thoughts on “Mulheres, Memórias e Cinema

    1. Prezado, não temos tal autorização para dar endereços de pessoas mencionadas nos artigos. Sugiro que pesquise sobre a cineasta e envie mensagem para ela, via redes sociais. Cordial abraço.

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