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Lista: 5 vezes que o esporte foi palco de ato pró-democracia e contra racismo

Publicado em Atletismo, Futebol, Olimpíadas

Seria até difícil imaginar um cenário tão conturbado quanto o apresentado em meados de 2020. Além da pandemia do novo coronavírus que apavora todas as nações, países inteiros veem protestos contra a brutalidade do racismo ebulirem nas ruas, como nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, em Minneapolis, provocada por um policial branco. No Brasil, esse sentimento de covardia soma-se às turbulências políticas. No último domingo, o esporte foi mais uma vez palco de manifestações sociais e políticas.

 

Veja quando o esporte foi usado para protestos a favor da democracia ou contra o racismo: 


1- Torcidas de clubes rivais se juntam pela Democracia (2020)

Torcida do flamengo fez protesto pela Democracia no Rio de Janeiro | Divulgação


Mesmo com o futebol parado por causa da pandemia do novo coronavírus, as torcidas dos principais clubes do Brasil saíram às ruas no último domingo para protestarem em favor da democracia. Até a suspensão das competições, a intolerância e violência dentro dos estádios obrigou muitos clássicos estaduais a serem realizados com torcida única. Pois em 31 de maio de 2020 torcidas rivais em várias cidades se uniram em atos contra manifestações de tom autoritário do presidente da república Jair Bolsonaro. 

Em São Paulo, membros da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, foram para a Avenida Paulista, no centro da capital paulista, com faixas pela democracia, fazendo jus ao histórico movimento da Democracia Corinthiana evocado na década de 1980. Torcedores do São Paulo, Palmeiras e Santos deixaram a rivalidade de lado para se unirem no protesto. 

Em Belo Horizonte, torcidas organizadas que se autodenominam “antifascistas” de Atlético Mineiro, Cruzeiro e América fizeram o mesmo. No Rio de Janeiro, foram os flamenguistas que lideraram os atos pela democracia. A maioria dos manifestantes usava máscara, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde para prevenir o contágio do novo coronavírus, embora as ações tenham provocado aglomerações.   

 

2- Ajoelhados na NFL (2016)

Colin Kaepernick-NFL
Protesto de Colin Kaepernick antes de jogo da NFL custou a carreira do jogador | AFP/Otto Greule Jr


Em 2016, quando os Estados Unidos vivia momentos de tensão por protestos contra a violência racial, o quarterback Colin Kaepernick, então jogador do San Francisco 49ers, ajoelhava-se durante o hino nacional dos Estados Unidos antes das partidas da pré-temporada da NFL (sigla em inglês da Liga Nacional de Futebol Americano). 

Na ocasião, Colin Kaepernick declarou: “não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro e as pessoas de cor”. O gesto do jogador foi seguido por outros atletas e inspirou o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam). 

Apesar disso, a iniciativa foi bastante criticada pelo presidente Donald Trump e o jogador foi boicotado pelos 32 times da liga. Ele não conseguiu um novo clube para jogar depois disso, mesmo tendo sido o 23º melhor da posição na NFL em 2016.

Em 2018, Colin protagonizou um vídeo publicitário da Nike. E, neste ano, em meio aos protestos pela morte de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos, ele lançou um fundo para contratar advogados para os manifestantes presos durante os atos. O ativista também mantém o instituto “Know Your Rights Camp”, que visa promover educação, capacitação e oportunidades para a comunidade negra dos EUA.

Quer saber mais? Assista ao comercial da Nike que contou com a participação de Colin Kaepernick. 

 

3- Democracia corinthiana (1981 a 1985)

Democracia Corinthiana, que tem Sócrates como símbolo, é saudada até hoje por torcedores | Divulgação


De 1981 a 1985, os jogadores do Corinthians participavam das decisões do clube. Foi um período em que tudo no Corinthians era resolvido pelo voto: das contratações ao local de concentração. Mas o movimento surgiu após uma campanha muito ruim em 1981, em que o clube terminou na 26ª posição no Brasileiro e amargou um oitavo lugar no Paulista — sendo rebaixado para a segunda divisão do Brasileirão, porque eram os estaduais que determinavam a classificação para o campeonato nacional na época.

Sob a presidência de Waldemar Pires, o Corinthians tinha no cargo de diretor de futebol o sociólogo Adílson Monteiro Alves, um cartola ainda inexperiente que ouvia bastante os jogadores. O elenco corinthiano tinha atletas politizados como Wladimir, Casagrande e Sócrates, este último um símbolo também na militância pelas Diretas Já, que reivindicou o retorno das eleições diretas para a Presidência da República do Brasil entre 1983 e 1984.

A autogestão, que seria batizada de Democracia Corinthiana, rendeu acordos como a liberação os atletas casados da concentração antes dos jogos e conseguiu quitar todas as dívidas do clube. Em campo, ela também gerou bons frutos. O Corinthians chegou às semifinais do Brasileiro daquele ano e faturou o campeonato paulista de 1982 e de 1983. O movimento acabou em 1985, um ano após a saída de Sócrates para a Itália e de Casagrande para o São Paulo.

Se empolgou? Assista ao documentário sobre a Democracia Corinthiana.

 

4- Os Panteras Negras na Olimpíada (1968)

Os punhos cerrados sobre o pódio olímpico: gesto eternizado contra o racismo


O gesto do grupo Panteras Negras, que combatia o racismo nos Estados Unidos na década de 1960, ficou marcado como um dos mais emblemáticos da história dos Jogos Olímpicos. Durante a premiação dos 200 m livres do atletismo nos Jogos da Cidade do México-1968, os norte-americanos Tommie Smith e John Carlos — respectivamente medalhistas de ouro e de bronze na prova – abaixaram a cabeça e levantaram os punhos com luvas negras em cima do pódio olímpico. O gesto foi feito como forma de protesto durante a execução do hino nacional e tornou-se um marco na luta contra o racismo.

Pela manifestação política que remetia ao black power (força negra), os dois atletas foram banidos dos Jogos pelo Comitê Olímpico Internacional. Até hoje o COI rejeita manifestações políticas em Olimpíadas. Uma curiosidade é que os brasileiros Sócrates (ex-Corinthians) e Reinaldo (ex-Atlético-MG) e um dos principais atacantes de Portugal Eusébio (ex-Benfica) celebravam os gols repetindo o gesto com o braço erguido e o punho fechado. 

5- Jesse Owens contra o nazismo (1936)

Jesse Owens desbancou o nazismo de Hitler nas Olimpíadas de Berlim, em 1936


Os Jogos Olímpicos sediados em Berlim-1936 ocorreram em meio ao nazismo de Adolf Hitler. A resposta ao ditador alemão que tentava propagar a crença sobre a superioridade racial dos arianos na primeira Olimpíada sediada na Alemanha veio nas pistas, com o talento do negro Jesse Owens. Com a presença do chanceler alemão no estádio, o jovem norte-americano de 23 anos venceu o astro alemão Luz Long no salto em distância. Ao todo, Jesse Owen conquistou quatro medalhas de ouro naquela Olimpíada: revezamento 4x100m rasos, 100m rasos, 200m rasos e salto em distância — nestes dois últimos bateu o recorde mundial. 

Dica de ouro: assista ao filme sobre a história de Jesse Owens: Raça (clique para ver o trailer).

 

O Elas no Ataque também já fez um vídeo sobre “Política e esporte”, caso queria relembrar:

 

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