Itália-Copa do Mundo-França
italianas Fifa/Divulgação

Como a Itália desenvolveu o futebol feminino e virou líder do grupo do Brasil

Publicado em Futebol

Lille (França) Rival direta das goleadoras da Itália na temporada de clubes, a meia Thaísa, única jogadora da Seleção Brasileira que atua no futebol italiano, acredita que subestimaram a força da Azzurra, adversária do Brasil nesta terça-feira (18/6), às 16h, em Valenciennes. Isso porque a equipe europeia é a única do Grupo C que já se classificou para as oitavas, antes mesmo de Austrália e do próprio Brasil, vistos como favoritos da chave. Meia do Milan, Thaísa atribuiu a força ds italianas ao entrosamento das jogadoras, que atuam em clubes do país. Das 23 convocadas, apenas uma joga no exterior.

“Eu vi algumas entrevistas falando sobre a Itália, que estava de volta à Copa depois de 20 anos, mas eu jogo lá e vejo o nível do campeonato, das jogadoras, tinha certeza de que Brasil, Itália e Austrália brigariam pelos primeiros lugares”, disse. Thaísa alertou para o meio de campo da equipe e para a jogadora Barbara Bonansea. A meia italiana é uma das três responsáveis pelos sete gols marcados pela Azzurra no torneio até o momento.

Além dela, Aurora Galli e Cristiana Girelli, a artilheira do time com três gols, marcaram na Copa da França. As três são companheiras de time no Juventus FC e rivais diretas de Thaísa, atleta do Milan. “É muito interessante isso, porque elas se conhecem muito bem. Acho que o meio de campo é o coração e a Bonansea é muito competente e tem dado trabalho para as outras seleções”, alertou. Além da Juve, que conta com oito convocadas, o Milan tem seis atletas na Copa; a Roma e a Fiorentina, três cada uma; o Chievo Verona Valpo e o Florentia, uma.

Camisa 5, Thaísa disputa a segunda Copa do Mundo dela na França, em 2019
Meia do Milan, Thaísa é a única jogadora da Seleção Brasileira que atua no futebol italiano

Thaísa, no Milan desde 2018, confessou que ajuda a revelar detalhes da tática e do modo italiano de atuar. “Não digo que sou uma espiã, porque temos um grupo de analistas que tem avaliado a Itália, mas é lógico que dou umas dicas sobre jogadoras e esse tipo de detalhes”, frisa. Ela formou o primeiro time feminino da história do Milan e foi a primeira brasileira a atuar na equipe. Desta vez, estará no lado oposto das seis companheiras de clube que defendem a seleção italiana. Com as agora adversárias na Copa, Thaísa conquistou o terceiro lugar do Campeonato Italiano, atrás da Juventus e da Fiorentina.

Desta vez, a amizade ficará de lado. “‘Vai ser uma experiência diferente, será a primeira vez que jogarei contra elas, mas, dentro de campo, é rivalidade, e eu espero sair vencedora”, destacou. O desafio terá uma dificuldade extra. A brasileira, que divide o meio de campo com Formiga no time titular, não contará com a veterana diante da Itália. A camisa 8 do Brasil está suspensa da partida, após tomar dois cartões amarelos. “A Formiga é uma perda grande, mas a gente está numa Seleção e acredito que quem está no banco também é bem competente para entrar e não deixar esse nível cair”, avaliou.

A substituta de Formiga ainda não foi definida pelo técnico Vadão, mas o treinador só tem duas opções. Uma delas é a novata Luana, que faz sua estreia na Copa do Mundo da França. A outra é Andressinha, de 24 anos, que, apesar da pouca idade, atuou como titular do Brasil na Copa anterior, em 2015, e esteve na Olimpíada de 2016.

Itália: retorno à Copa com moral

Em solo francês, a Itália disputa a Copa feminina pela terceira vez e está de volta à Copa do Mundo feminina após 20 anos. Nessas duas décadas, pouco investiu no futebol feminino. A melhor posição da equipe no ranking mundial foi em 2003, quando a entidade internacional começou a fazer esse mapeamento entre as seleções femininas. Até 2005, ocupou a 10ª posição e caiu para a 14ª colocação em 2007. A Azzurra permaneceu em 11º entre 2009 e 2012 e despencou para o 17º em 2017.

Apesar de tanto tempo ausente do Mundial, a Itália chegou à França com moral. As italianas fizeram uma campanha convincente nas Eliminatórias Europeias. Elas carimbaram o passaporte para a Copa com um jogo de antecedência, terminando na liderança do Grupo 6, que também tinha Bélgica, Portugal, Romênia e Moldávia. Foram sete vitórias e apenas uma derrota, com 18 gols marcados e dois sofridos. Foi somente nos últimos dois anos que a seleção italiana começou a retomada, que passa pelo fortalecimento da liga nacional.

A Itália subiu duas posições no ranking, chegando à Copa do Mundo como a 15ª melhor seleção. Mas esse é apenas um reflexo dos investimentos feitos internamente na modalidade. Clubes grandes criaram equipes para a disputa da Serie A Femminile, como Fiorentina (2015), Juventus (2017) e Milan e Roma (2018). Emissoras de televisão também passaram a transmitir os jogos. O torneio também ganhou espaço em jornais tradicionais e na mídia alternativa pelas redes sociais.

A liga italiana

Fundada em 1986, a Serie A Femminile passou a ser organizada pela Federazione Italiana Giuoco Calcio (FIGC) na atual temporada, assim como a segunda divisão do torneio. Hoje, as jogadoras recebem uma compensação financeira para se manterem, e os clubes da Série A passaram a serem obrigados a contratarem treinadores com licença da Uefa A. Nas últimas décadas, muitos clubes também começaram a abrir espaço para atletas formarem equipes mistas e femininas nas categorias juvenis, possibilitando uma formação desde a base.

Em março deste ano, um jogo entre Juventus e Fiorentina, válido pelo Campeonato Italiano, bateu recorde de público no futebol feminino, com cerca de 39 mil pessoas na Arena da Juventus. Atualmente, a liga nacional do país conta com 12 times, que se enfrentam em 22 rodadas. Os dois melhores do campeonato garantem vaga na Liga dos Campeões feminina, e os dois últimos são rebaixados para a segunda divisão.

> Veja a comemoração da Juventus do confronto histórico para o futebol feminino italiano, diante da Fiorentina, em 2019:

Quando os principais clubes italianos criaram equipes femininas

Fiorentina: 2015
Juventus: 2017
Milan: 2018
Roma: 2018

Por Maíra Nunes e Maria Eduarda Cardim — Enviadas especiais

Patrocínio: Colégio Moraes Rêgo
Apoio: 
Casa de Viagens e Bancorbrás – Agência de Viagens

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*