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Katie Sowers Stephanie Campbell/Divulgação

Conheça o programa que fez a NFL ter a 2ª técnica mulher

Publicado em Futebol americano

Principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, a National Football League (NFL) contará com a segunda técnica mulher contratada para a temporada completa da história da competição, a partir de 7 de setembro. Katie Sowers foi confirmada como assistente técnica do San Francisco 49ers, onde já era estagiária, para a edição 2017/2018. E a porta de entrada para a NFL foi o programa Bill Walsh Diversity Coaching Fellowship.

Criado em 1987 pelo ex-técnico Bill Walsh, o programa proporciona aos participantes a possibilidade de conhecer de perto os métodos e a filosofia usados pelos técnicos da NFL. Ele é direcionado ao que o projeto denomina de “minoria”, representada por ex-jogadores e treinadores de futebol americano que atuam em faculdades e no ensino médio dos Estados Unidos. Configurando uma minoria ainda mais expressiva, estão as mulheres. Em 2016, Katie se tornou a segunda mulher a participar do Bill Walsh Diversity Coaching Fellowship. No total, mais de 1800 técnicos já foram contemplados pelo projeto.

O programa funciona como uma espécie de estágio que acontece na pré-temporada, ou seja, antes do início do campeonato. Os candidatos selecionados pelos clubes trabalham junto com os técnicos responsáveis pela equipe na temporada regular. Ano passado, Katie foi selecionada e participou do estágio pelo time Atlanta Falcons. Este ano, a ex-jogadora foi chamada para integrar o San Francisco 49ers. Ao final do programa, ela recebeu o convite para estender o trabalho durante a temporada regular deste ano.

“É importante saberem que os sonhos são alcançados quando se encontra alguém que vê o seu valor, independentemente do seu gênero”
Katie Sowers, assistente técnica recém contratada do San Francisco 49ers

 

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Katie também participou do programa em 2016, pelo Atlanta Falcons | Foto: Stephanie Campbell/Divulgação

No Facebook, a ex-jogadora informou aos amigos que aceitou o cargo de assistente técnica em tempo integral da equipe de São Francisco na temporada de 2017/2018. Na mensagem, Katie aproveitou para agradecer Scott Pioli, gerente geral assistente do Atlanta Falcons. Além de ser dono de um cargo executivo no futebol americano, Scott é amigo e mentor de Katie.

“A paixão de Scott pela igualdade de oportunidades e a crença dele em uma garota de uma pequena cidade do Kansas me permitiu a oportunidade de seguir a minha paixão”
Katie Sowers, assistente técnica recém contratada do San Francisco 49ers

Scott Pioli, que tem longa experiência no futebol americano, retribuiu a mensagem. “Não sei como expressar o quanto estou feliz pela Katie e como estou orgulhoso dela. Ela deixou um bom trabalho de lado e uma vida muito confortável para vir trabalhar como estagiária para mim há mais de um ano”, contou o executivo por meio das redes sociais.

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Katie foi a segunda mulher a participar do programa de 1800 técnicos | Foto: AP Photo/John Bazemore

Quem também acredita na carreira de Katie Sowers é o treinador principal do San Francisco 49ers, Kyle Shanahan, que inclusive pôde observá-la nos dois últimos anos. “Ela fez um bom trabalho para nós em Atlanta, no ano passado, e também fez um ótimo trabalho aqui”, recorda o técnico, que trabalhou com Katie também em 2016 pelo Atlanta Falcons. Após Shanahan perder o Super Bowl 51 com o ex-time na temporada anterior, ele foi contratado pela equipe de São Francisco e reencontrou a treinadora.

“Há alguns meses, ela me disse que o estágio em Atlanta havia acabado e me perguntou se nós queríamos tê-la em São Francisco. Eu não tinha dúvidas. Ela fez um ótimo trabalho e nós estávamos ansiosos para tê-la por perto”
Kyle Shanahan, técnico chefe do San Francisco 49ers

Em ambos os clubes, Katie também trabalhou com Mike LaFleur, técnico de wide receivers, função responsável pela recepção da bola no jogo. Sobre o futuro dela, agora na temporada regular, o treinador principal do San Francisco 49ers adianta que não pretende mudá-la de posição. “Nós planejamos que ela trabalhe como assistente dos receivers”, diz Kyle Shanahan.

Outra técnica que integrou o programa para chegar à NFL

O programa Bill Walsh Diversity Coaching Fellowship também foi o cartão de visitas de Phoebe Schecter na NFL. Além de técnica dos times masculino e feminino de Straffordshire, ela é jogadora. Em campo, ela atua como linebacker, posição do setor defensivo, e liderou a seleção britanica de futebol americano à final do Campeonato Europeu, em 2015.

Ativista por mais espaço às mulheres no esporte, Phoebe Schecter participava do primeiro fórum da NFL sobre a carreira das mulheres no futebol, o NFL Women’s Careers in Football Forum, quando conheceu Kim Pegula, dono do clube Buffalo Bills. O time novaiorquino já havia contado com uma mulher na comissão técnica: em 2016, Kathryn Smith foi treinadora em tempo integral na função de técnica especial de controle de qualidade do Bills.

Passado um ano da experiência com a técnica Kathryn Smith na comissão técnica do Bills, o dono do time voltou a encontrar uma treinadora promissora. Do encontro com Phoebe Schecter no fórum, ele a convidou para participar de um estágio no clube durante a preparação de verão. E o estágio, ela fez por meio do programa Bill Walsh Diversity Coaching — o mesmo que usado por Katie Sowers para se tornar assistente técnica do San Francisco 49ers na temporada que está para começar. Mesmo que poucos times abram às mulheres essa oportunidade proporcionada pelo programa que leva o nome de Bill Walsh, elas encontraram no projeto uma brecha para ganharem cada vez mais espaço no mundo da NFL.

Mulheres em mais áreas da NFL

A pioneira entre as treinadoras da NFL foi Jen Welter, que assumiu o comando dos linebackers, posição do setor defensivo, do Arizona Cardinals. A experiência dela na NFL durou apenas dois meses, durante a pré-temporada de 2015. Ainda assim, aos poucos, as mulheres estão integrando a principal liga de futebol americano do mundo. A treinadora Colleen Smith foi estagiária da posição de defensive backs pelo New York Jets. Sarah Thomas foi a responsável pela representação do gênero feminino na arbitragem há alguns anos; e Terri Valenti assumiu o mesmo papel na arbitragem nesta pré-temporada.

Por Maria Eduarda Cardim e Maíra Nunes

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