Taddei Recordista de títulos no Candangão, o Gama agora tem uma dúzia. Foto: Marcelo Ferreira/CB.DA Press Recordista de títulos no Candangão, o Gama agora tem uma dúzia.

Cinco meses depois daquela entrevista, Vilson Taddei entrega o que prometeu: o Gama é campeão

Publicado em Esporte

Martim Francisco (1979), Orlando Lelé (1990), Joel Martins (1994), João Leal Neto (1995), Filinto Holanda (1997), Paulo Roberto (1998), Sérgio Alexandre (1999 e 2001), Valter Ferreira (2000), Cristiano Baggio (2003), Gilson Granzotto (2015)… Aos 64 anos, Vilson Taddei é o 11º técnico diferente a levar a Sociedade Esportiva do Gama ao título do Campeonato Candango. O 12º troféu foi consumado após o empate por 2 x 2 deste sábado no Mané Garrincha. No fim das contas, 5 x 3 no placar agregado, a soma dos resultados das duas partidas.

Entrevistei Vilson Taddei antes do desembarque dele no Gama. O contrato estava assinado. Faltava apenas se apresentar ao clube. Uma das perguntas que fiz a ele foi se temia o poder de investimento do favorito Brasiliense. A resposta foi convicta: “Não tenho medo. Seu eu tiver medo, tenho que largar o futebol e ir cortar cana. De preferência, com botas, porque pode ter cobra”, brincou o treinador numa resposta muito bem humorada.

O Gama de Vilson Taddei se impôs contra o Brasiliense e todos os demais adversários. Enfrentou o Jacaré três vezes: venceu duas (1 x 0 e 3 x 1) e empatou uma (2 x 2).

Indaguei também se os títulos modestos no Monte Azul e no Linense o credenciavam a tirar o Gama da abstinência de quatro anos. A resposta também foi convincente. “É um desafio muito grande. Encaro com naturalidade. Temos a responsabilidade de fazer uma grande campanha, mas tudo vai depender do elenco que nós conseguirmos formar”, avisou.

Vilson Taddei fez uma grande campanha e formou um bom elenco, um grupo vencedor, exatamente como traçou na entrevista ao blog. “O certo é que eu quero jogadores comprometidos com o projeto. Quem quiser sair, saia, mas quem ficar tem que estar com foco na campanha do Gama. Quero atletas com mentalidade positiva”.

Não faltou foco na trajetória do 12º título. O Gama é campeão invicto. O time não se perdeu nem mesmo numa semana marcada por assédios da diretoria do Brasiliense a jogadores do arquirrival, com propostas tentadoras para que eles virem a casaca para a disputa da Série D do Campeonato Candango — não se assuste se isso acontecer a partir desta semana.

“Não tenho medo (do Brasiliense). Seu eu tiver medo, tenho que largar o futebol e ir cortar cana. De preferência, com botas, porque pode ter cobra” Vilson Taddei, em novembro do ano passado, ao blog

Perguntei a Vilson Taddei em 13 de novembro do ano passado se ele gostaria de ter um Lúcio no elenco. A resposta deixou claro como ele gosta de trabalhar. “Os meus times costumam ser uma equipe, não me baseio em um jogador. Gosto de times homogêneos”. O Gama atendeu a esses pré-requisitos. Não tem uma estrela. O grupo é o astro.

Lembrei ainda que Vilson Taddei tem um dom de consagrar artilheiros. Faltou uma bola na rede para o meia Tarta ser um dos goleadores do Candangão. Jessuí, do Formosa, arrematou com oito gols, um à frente do segundo colocado. Juntos, Tarta, Jefferson Maranhão e Nunes marcaram 18 gols na campanha do título. Que sintonia desse trio.

O mentor do 12º títulos mostrou mais uma vez habilidade para reciclar jogadores desacreditados. No futebol paulista, resgatou Ricardinho, um dos destaques do Ceará no Brasileirão do ano passado. “Quando eu cheguei no Linense, o Ricardinho era apenas mais um no elenco. Mas aí, ele começou a prestar atenção ao que eu falava, entendeu o que eu queria para ele e passou a ser praticamente meu número 1”, lembrou no bate-papo comigo.

Vilson Taddei é um dos responsáveis pela motivação de Nunes. O centroavante rejeitado pelo Brasiliense no início da temporada decidiu o clássico da primeira fase para o Gama, no Bezerrão. A movimentação inteligente abriu espaço para os companheiros brilharem.

Cinco meses depois daquela entrevista, Vilson Taddei entregou na prática tudo o que havia prometido na teoria. Brilhante do início ao fim de uma campanha memorável no futebol candango. Deu mais uma prova de que, mesmo sem o poder financeiro do arquirrival Brasiliense é possível montar um time minimamente competitivo para ser campeão. Aconteceu com o Sobradinho no ano passado. Agora, o reinado é alviverde.

 

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