Um bate-papo com Amoroso: filho do craque brasiliense evolui na Udinese e o pai coruja não descarta vê-lo com a camisa da… Itália

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Filho do brasiliense jogou amistoso pelos profissionais na pré-temporada

Crédito da imagem: Aquivo pessoal

Um novo tipo de exportação começa a entrar na moda no mercado nacional: a fuga de filhos de jogadores brasileiros aposentados para a Europa. Depois de perder os herdeiros do tetracampeão mundial Mazinho, Thiago Alcântara; e do ex-lateral do Flamengo Adalberto, Rodrigo Moreno, para a Espanha, a Seleção pode ver em breve o sucessor de um craque nascido no Distrito Federal sofrer assédio da Itália.

Promessa das divisões de base da Udinese, Giovanni Luca Amoroso, 17 anos, foi convocado pela primeira vez nesta pré-temporada para um amistoso com a camisa profissional do time em que o pai dele brilhou na carreira. Em 1997/1998, Amoroso arrematou a artilharia isolada do Cálcio com 22 gols. Em entrevista ao Correio, de Miami, nos Estados Unidos, onde descansa com a família, o pai coruja festejou o início da trajetória do moleque e não descarta vê-lo defendendo a Squadra Azzurra  se não pintar uma oportunidade na Seleção Brasileira. “Giovanni tem dupla cidadania, nasceu na Itália, e ele decidirá qual país defender. Não influenciarei na decisão dele. A oportunidade que aparecer ele agarrará”, avisa Amoroso.

Recentemente, a CBF dormiu no ponto. Não convocou Thiago Alcântara e Rodrigo Moreno, por exemplo, e viu Real Federação Espanhola convencê-los a virar a casaca. Para amenizar a perda, Rafinha, o filho mais novo de Mazinho, vinha sendo convocado para a Seleção Sub-23 que ensaia para os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Giovanni Amoroso não é o único filho de craque “exilado” na Europa. Matheus, filho do tetracampeão Bebeto, arrumou as malas e trocou o Flamengo pelo Estoril, de Portugal. Cria do ex-atacante Franklin, com passagens por Bragantino e Fluminense, o meia Leonardo Bittencourt nasceu em Leipzig, foi formado na Alemanha e acumula passagens pelas seleções germânicas Sub-19 e Sub-21. Na contramão, Romarinho, filho do senador Romário, não engrena no Vasco. Renan Donizete, filho do Pantera, luta para se firmar na base do Flamengo.

“Cada um é cada um. Acredito que as chances para filhos de ex atletas tendem a ser mais bem vistas e aceitas fora do Brasil. A valorização do ídolo lá fora é muito maior do que aqui no Brasil. Por isso, muitos preferem que seus filhos cresçam em outro lugar, com chance de menor pressão em cima do nome do pai”, explica Amoroso.

Blindar os filhos da pressão interna não é o único argumento para ex-jogadores mandarem os filhos para o exterior. As deficiências da base também pesam. “Fui formado em Brasília, na Assefe, onde dei os meus primeiros passos no futebol sob o comando do Mestre Ferreira. Depois, a minha ida para o Guarani abriu portas para que eu pudesse desenvolver meu talento. Na minha época, existiam grandes formadores de talentos sem interesse em ‘pegar’ dinheiro de pais ou empresários para formar seus filhos. Jogava quem era bom. Hoje em dia, as bases são bussiness. Na minha época não tinha disso. Por isso, a geração dos anos 1990 foi uma das melhores”, detona Amoroso.

Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1994 ao lado de Túlio Maravilha, com 19 gols, Amoroso chegou a colocar o filho Giovanni nas escolinhas do Guarani. A experiência durou um ano e meio. “Depois, ele mudou para a Itália. Lá, está aprendendo a parte técnica, tática e a disciplina do futebol italiano”, comemora Amoroso.

“Mestre de obras” da carreira do filho

Aos 41 anos, Amoroso trocou de ramo depois da aposentadoria. O multicampeão largou a bola, virou empresário da engenharia civil, mas está atento à construção da carreira do filho Giovanni. A missão é blindá-lo, principalmente, do que ele chamada de empresários e agentes mal-intencionados.

“Hoje, o Giovanni é jogador da Udinese. A figura do empresário entra no momento de uma transferência ou na renovação de um contrato. Como o Giovanni está em um grande clube da Europa, no momento, ainda não assinamos com ninguém, mas estamos apalavrados com um empresário muito meu amigo que está nos orientando e possivelmente será seu procurador, sempre com a minha anuência e do meu advogado em tudo”, diz Amoroso.

A fábrica de jogadores da família contará em breve com outro herdeiro em campo. “Vem aí o Matteo Amoroso, meu segundo filho, que está na base do Ituano-SP e joga no Sub-13. Logo ele irá para a Itália também. Meu tio Amoroso foi o primeiro, eu o segundo, e agora vem o Giovanni. É maravilhoso sentir essa sensação. Foi apenas a primeira convocação de muitas que virão, pois o Giovanni tem só 17 anos. Ali, com vários brasileiros no elenco e o suporte da Udinese, ele vai crescer muito. Este ano, jogará o Italiano Sub-20 com os pés no chão, pois ainda tem muita estrada para percorrer. Mas é um bom sinal. Qualidade tem e irá mostrar.”

Matéria publicada na edição de segunda (27/7) do Correio Braziliense.