Tadei Vilson Tadei na passagem como técnico do Guarani. Foto: Érica Dezonne/AAN Vilson Tadei na passagem como técnico do Guarani.

Um bate-papo com Vilson Tadei, técnico do Gama para o Campeonato Candango 2019

Publicado em Esporte

Campeão brasileiro pelo Grêmio, em 1981. como camisa 10 do exigente técnico Ênio Andrade. Na semifinal contra a Ponte Preta, fez o melhor jogo da carreira: um gol e duas assistências na vitória por 3 x 2 sobre a Ponte Preta (veja vídeo no fim do post). Campeão gaúcho com a camisa tricolor, em 1980, e o uniforme colorado, em 1984. Passagem por São Paulo, Guarani e Coritiba como jogador. Natural de Urupês (SP), Vilson Tadei, 64 anos, desembarcará em Brasília na manhã da próxima quinta-feira para assumir o desafio de tirar o Gama da fila. O clube não conquista o Campeonato Candango desde 2015. Neste segundo semestre, levou o Olímpia, último clube dele, às quartas de final da Copa Paulista.

No bate-papo a seguir com o blog, ele fala sobre a missão no futebol candango, conta quem é o técnico uruguaio que o inspira, elogia os amigos Luiz Felipe Scolari e Renato Gaúcho, admite que tem uma varinha de condão para fazer artilheiros e se emociona ao comentar o sucesso de um dos xodós dele ao longo da carreira de técnico: o meia Ricardinho, do Ceará. Ele também recorda o dia em que jogou no DF contra o Taguatinga, no Serejão, defendendo o Vasco. O time cruz-maltino jogou naquele dia assim: Acácio; Edevaldo, Ivan, Daniel Gonzales (Nenê) e Roberto Teixeira; Oliveira, Geovani (Da Costa) e Vilson Tadei; Jussiê (Vando), Cláudio José (Marcelo) e Mário. Vando fez o gol da vitória.

 

Foi fácil dizer sim ao Gama?
Eu tive um primeiro contato com o (presidente) Weber Magalhães. Dentro do que acordamos, fui ao Gama na segunda-feira retrasada, conheci a estrutura do clube, o Centro de Treinamento, e acertamos. Não pensei duas vezes. Simplesmente definimos a situação. Não gosto de ficar adiando as coisas.

 

O Gama não é campeão candango desde 2015. Você conquistou a Série B1 do Campeonato Paulista pelo Monte Azul (2004) e a Série A2 pelo Linense (2010). Esses títulos o credenciam a tirar o alviverde da fila de três anos?
É um desafio muito grande. Encaro com naturalidade. Temos a responsabilidade de fazer uma grande campanha, mas tudo vai depender do elenco que nós conseguirmos formar.

 

 

Tem um perfil do elenco?
Alguns jogadores estão sendo contatados, outros estão definindo a situação, se continuam ou saem do clube. No transcorrer das negociações pode dar certo ou não. O certo é que eu quero jogadores comprometidos com o projeto. Quem quiser sair, saia, mas quem ficar tem que estar com foco na campanha do Gama. Quero atletas com mentalidade positiva.

 

O Lúcio foi a referência do Gama na temporada passada, mas foi para o Brasiliense. Gostaria de ter ao menos um jogador experiente, um veterano no Candangão?
Hoje, eu não tenho um jogador com esse perfil, mas, se o Gama encontrar, estarei de braços abertos. Se não encontrar também, não tem problema. Os meus times costumam ser uma equipe, não me baseio em um jogador. Gosto de times homogêneos.

 

Pelo Vasco, Vilson Tadei enfrentou o Taguatinga, no Serejão. Imagem: Cedoc/CB

 

Neste segundo semestre, você levou o Olímpia às quartas de final da Copa Paulista. Foi eliminado pelo Atibaia. Serve de trailer do que você pode fazer no Gama?
Eu sempre jogo para a frente, tenho uma filosofia legal. Gosto de defender e de atacar, gosto da posse de bola, do jogo longo, vertical. Um técnico tem que estar pronto para se adaptar ao elenco.

 

Quem é o seu mentor, a sua inspiração como técnico?
Fui jogador de vários. Trabalhei com seu Ênio (Andrade), com Otto Glória, Carlos Alberto Silva, Rubens Minelli, mas tenho um carinho especial pelo (uruguaio) Roberto Matosas, que disputou a Copa de 1970 pelo Uruguai, pai do Gustavo Matosas (atual técnico da Costa Rica e com passagem pelo São Paulo). Nos conhecemos no Monterrey, do México. Ele me chamava na casa dele para falar de tática. Para mim, é um dos melhores.

 

“Não tenho medo (do Brasiliense). Seu eu tiver medo, tenho que largar o futebol e ir cortar cana. De preferência, com botas, porque pode ter cobra. Mas não é só o Brasiliense. Todos os clubes são grandes adversários. O Sobradinho é o atual campeão”. (Vilson Tadei)

 

Quem é o melhor técnico do Brasil? E do mundo?
Gosto muito do Pep Guardiola porque ele joga. Óbvio que ele tem um jogador de cada país, mas os times dele são um espetáculo. No Brasil, o melhor é quem está perto de ser campeão. Gosto muito do Felipão, é um amigo, gente boa.

 

E o Renato Gaúcho?
Nós chegamos a jogar juntos no Grêmio. Ele era o camisa 7 e eu, o 10. Seguiu a trajetória dele, isso é bacana. Batalhou muito, sumiu um pouco, mas voltou melhor e ganhou tudo nessa passagem atual por lá. Como jogador, quando ele aprendeu a cortar para o meio, em diagonal, virou um furacão (risos). Antes, ele só corria pela ponta, em profundidade. Mas ele faz um belíssimo trabalho no Grêmio.

 

O Brasiliense é o adversário a ser batido no Candangão 2019?
É um time forte. Vi jogos deles na Série D, na Copa do Brasil… O Nunes (centroavante) foi meu jogador no Santo André. Não tenho medo. Seu eu tiver medo, tenho que largar o futebol e ir cortar cana. De preferência, com botas, porque pode ter cobra. Mas não é só o Brasiliense. Todos os clubes são grandes adversários. O Sobradinho é o atual campeão.

 

Soube que você tem uma varinha de condão capaz de fazer centroavante marcar gols…
Tenho os meus métodos para motivá-los (risos). O Fausto, por exemplo, fez muitos gols comigo. Foi artilheiro da Série A2 de 2010 lá no Linense, quando fomos campeões da segunda divisão do Campeonato Paulista. O Fumaça também fez muitos gols. Estamos correndo atrás de um jogador para a posição.

 

Grêmio campeão brasileiro em 1981: Vilton Tadei era o camisa 10. Foto: Gremio

 

Por falar no título pelo Linense, você teve 91% de aproveitamento nos jogos em casa naquela campanha. Pretende fazer do Bezerrão o seu novo alçapão?
A diretoria sabe o que é melhor para o Gama, mas é sempre bom jogar perto da torcida, espero contar com ela na nossa campanha.

 

É um grande motivador também. Transformou a carreira do Ricardinho, do Ceará?
Quando eu cheguei no Linense, o Ricardinho era apenas mais um no elenco. Mas aí, ele começou a prestar atenção ao que eu falava, entendeu o que eu queria para ele e passou a ser praticamente meu número 1. Hoje, está bem no Ceará. Fez até gol no fim de semana contra o Internacional. Se você procurá-lo, ele com certeza falará sobre mim.

 

Qual é a lembrança dos tempos de jogador em Brasília?
Disputei um amistoso aí em 1984, quando eu jogava pelo Vasco. Acho que contra o Gama (na verdade, o adversário foi o Taguatinga). Ganhamos por 1 x 0.

 

 

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