Queda de Gallo dá a Dunga segunda chance olímpica que só Feola teve, mas as cascas de banana estão no caminho até o Rio-2016

Publicado em Sem categoria

Gallo, Gilmar e Dunga nunca falaram a mesma língua

Foto: Divulgação/CBF

Com a queda de Alexandre Gallo, Dunga será o segundo técnico da Seleção Brasileira a ter duas chances de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. O texto da CBF ao comunicar a saída do escolhido de José Maria Marin – e não do sucessor Marco Polo Del Nero para tocar as divisões de base – é claro. Dunga comandará a equipe olímpica no Rio-2016. A pergunta que não quer calar é: e se o comandante invicto há oito jogos na volta ao cargo, com vitórias sobre a França e a Argentina, fracassar na Copa América do Chile?   O mau trabalho de Gallo no Sul-Americano Sub-20 pesou na queda, mas a total falta de elo com o coordenador Gilmar Rinaldi e o treinador da Seleção Principal, Dunga, também. Não houve, em nenhum momento, o alardeado intercâmbio de jogadores da base no time de cima a fim de que eles ganhassem milhagens. Entrevistei Gallo na passagem da Seleção Sub-23 por Brasília, em outubro do ano passado. Uma das perguntas foi sobre a tabelinha com Dunga. Vi no rosto dele o constrangimento seguido de uma resposta politicamente correta. A verdade é que, quando Dunga chamou Fabinho, Talisca e outros garotos da equipe Sub-23, geralmente foi para tapar buracos de indisciplina (lembra do caso do Maicon?) ou de contusões.Gallo sai pela porta dos fundos, mas será lembrado um dia pelo belo trabalho de caça aos talentos que estavam próximos de se naturalizar para defender outras seleções. Foram muitos.

  Dunga fracassou nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Tinha um bom elenco nas mãos e foi medalha de bronze. Perdeu para a Argentina de Riquelme e Messi nas semifinais. Antes, teve de engolir a convocação de Ronaldinho Gaúcho, no Jornal Nacional, pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Ao acumular cargos, corre o risco de ser demitido em caso de insucesso na Copa América mais difícil dos últimos tempos, no Chile. Ou seja, como também não é o técnico dos sonhos de Marco Polo Del Nero – quem o escolheu foi José Maria Marin – os Jogos Olímpicos podem ser mais uma casca de banana atirada ao chão pelo novo mandatário da CBF.   Se chegar até o Rio-2016, Dunga repetirá Vicente Feola. O treinador também teve duas chances de brindar o país com a inédita medalha de ouro e não conseguiu. Dois anos depois de levar o Brasil ao primeiro título da Copa do Mundo, em 1958, fracassou nos Jogos Olímpicos de Roma-1960 e de Tóquio-1964. As cascas de banana no caminho de Dunga são muitas. A Copa América do Chile 2015, a Copa América Centenária dos EUA 2016, os Jogos Olímpicos do Rio-2016 e as Eliminatórias para a Copa do Mundo 2018. Se passar por isso tudo, merece palmas. Se for campeão na Rússia, então, a plateia, como diria Zagallo, vai ter que engolir.     Técnicos da Seleção Olímpica   Jogos Técnico Medalha Helsinki-1952 Newton Cardoso Nenhuma Roma-1960 Vicente Feola Nenhuma Tóquio-1964 Vicente Feola Nenhuma Cidade do México-1968 Mário Celso Abreu Nenhuma Munique-1972 Antoninho Nenhuma Montreal-1976 Thomas Soares “Zizinho” Nenhuma Los Angeles-1984 Jair Picerni Prata Seul-1988 Carlos Alberto Silva Prata Atlanta-1996 Zagallo Bronze Sidney-2000 Vanderlei Luxemburgo Nenhuma Pequim-2008 Dunga Bronze Londres-2012 Mano Menezes Prata