Ney Neymar se contundiu no último domingo e será operado neste sábado. Foto: Geoffroy van der Hasselt/AFP Neymar será operado neste sábado, em Belo Horizonte

Quanto custa uma cirurgia como a de Neymar? Nós calculamos

Publicado em Esporte

Um paciente comum pagaria pelo menos R$ 28.500 por uma cirurgia particular semelhante à que Neymar será submetido neste  sábado, em Belo Horizonte. Por convênio, cairia para R$ 8 mil. Essa é a estimativa de um conceituado ortopedista esportivo brasileiro consultado  pelo blog. O profissional, que pediu anonimato, pondera: quando se trata de celebridades, a pressão é enorme, exige muita privacidade — como, por exemplo, isolar uma ala do hospital (Mater Dei). Consequentemente, a tabela de preços dispara e os valores aumentam até três vezes.

Neymar fraturou o quinto metatarso do pé direito no clássico de domingo passado contra o Olympique de Marselha, pelo Campeonato Francês. Segundo o orçamento do ortopedista, um paciente comum com a mesma lesão gastaria R$ 6 mil com hospital; R$ 1.800 com um parafuso especial ou R$ 3.500 no caso de utilização de uma miniplaca; mais R$ 7 mil a R$ 15 mil com o cirurgião — no último caso, com um profissional badalado — e de R$ 2 mil a R$ 4 mil com anestesista. Utilizando sempre os valores mais altos, a conta fecharia em R$ 28.500.

Segundo o ortopedista, a conta é paga pelo clube. Neste caso, o Paris Saint-Germain, que desembolsou 222 milhões de euros pelo jogador mais caro da história. Há possibilidade até de que a intervenção tenha custo zero diante da repercussão e a projeção que a equipe liderada pelo médico da CBF e da Seleção Brasileira, Rodrigo Lasmar, terá com o “case”, principalmente, depois da cirurgia deste sábado.

Médicos da Seleção nunca receberam salários da CBF, pois não são considerados funcionários da entidade. Ganham apenas diárias e prêmio quando conquistam competições. Isso é bem estabelecido quando os profissionais vão trabalhar lá. Consequentemente, a escolha por Rodrigo Lasmar.

Gabriel Jesus

A escolha de Neymar pela realização da cirurgia aqui no Brasil — e não na Europa — pode ser considerado um gol de placa a favor da medicina esportiva brasileira. Se o camisa 10 da Seleção e do PSG jogasse, por exemplo, no Manchester City, sob o comando de Pep Guardiola, provavelmente receberia ordens para dar uma passadinha no consultório do amigo dele, Ramón Cugat, em Barcelona.

Foi assim com Gabriel Jesus. O atacante também poderia ter sido operado por Rodrigo Lasmar, médico escolhido por Neymar. No entanto, Pep Guardiola tirou do bolso o cartão de visita de Ramón Cugat. No início do ano passado, Jesus sofreu uma lesão parecida com a de Neymar, ou seja, uma fratura no quinto metatarso do pé direito. Jesus acatou a “sugestão” de Guardiola. Viajou para a Catalunha e até recebeu visita do amigo Neymar no consultório durante a recuperação. Ramón Cugat criou laços com Guardiola após curar o então jogador do Barcelona das constantes lesões no bíceps femoral.

O sucesso da cirurgia de Gabriel Jesus poderia ter feito Neymar escolher Ramón Cugat. Afinal, Guardiola o catapultou. A lista de clientes do badalado médico fortaleceria a convicção. Xavi Hernández, Eto’o, Fàbregas, Puyol, David Villa, Iniesta, Kompany e De Bruyne passaram pela maca do catalão. Os brasileiros  Rafinha (Bayern de Munique) e os irmãos Thiago e Rafinha Alcântara, ambos filhos do campeão mundial Mazinho, também. Assim como Neymar, Ibrahimovic preferiu outro caminho após machucar o joelho no ano passado. Partiu rumo aos EUA para ser operado pelo médico da NFL, Freddie Fu, do Pittsburgh Steelers.

Representante do Paris Saint-Germain na cirurgia marcada para o fim de semana, no Brasil, o francês Gérard Saillant também tem no currículo operações em esportistas e artistas. No mundo da bola, Ronaldo, o Fenômeno, antes da Copa de 2002. O médico também tratou do heptacampeão mundial de Fórmula 1 Michael Schumacher; acompanhou de perto a recuperação de Felipe Massa após acidente na Hungria; e operou os atores Alain Delon e Gérard Depardieu; e cuidou do craque  neo-zelandês de rúgbi Dan Carter.