Di Santo Di Santo chamou a atenção de Hugo Tocalli no Audax Italiano do Chile. Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press Di Santo chamou a atenção de Hugo Tocalli no Audax Italiano do Chile.

Um bate-papo com Hugo Tocalli: primeiro técnico a convocar Di Santo para a seleção da Argentina fala sobre o reforço do Atlético-MG

Publicado em Esporte

Aos 71 anos, Hugo Daniel Tocalli é um dos símbolos da era mais vitoriosa da história das divisões de base da seleção da Argentina. Em parceria com José Pékerman, foi auxiliar técnico, treinador e coordenador das categorias inferiores da AFA numa época em que o país conquistou cinco de sete títulos do Mundial Sub-20 de 1995 a 2007 e a primeira das duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004.

O olhar clínico para detectar talentos, a rede de informantes e um pouquinho de astúcia ajudaram Hugo Tocalli a transformar a estreia de Messi com a camisa alviceleste da Argentina Sub-20 praticamente em um jogo oficial em 29 de junho de 2004. A intenção era evitar que a Espanha naturalizasse a joia do Barcelona e leva-lo ao Sul-Americano e ao Mundial de 2005.

Hugo Tocalli teve a mesma perspicácia em 2007. Ele soube que, do lado chileno da Cordilheira dos Andes, um moleque argentino de 18 anos nascido em Mendoza disparava a fazer gols com a camisa do modesto Audax Italiano. O prodígio balançou a rede inclusive na fase de grupos de 2007 da Libertadores contra o São Paulo em um empate por 2 x 2, no Morumbi. O treinador agiu rapidamente e convocou Franco Di Santo — apresentando nesta terça-feira, em Belo Horizonte, como reforço do Atlético-MG —  para o Campeonato Sul-Americano Sub-20 de 2007.

“Eu observei Franco Di Santo no Audax Italiano do Chile em 2006. Não o conhecia nem havia visto jogar. Gostei dele e o chamei para disputar o Sul-Americano Sub-20 do Paraguai em 2007”, lembra Hugo Tocalli em entrevista ao blog Drible de Corpo.

 

Hugo Tocalli chamou Di Santo para o Sul-Americano Sub-20 2007. Foto AFA

 

O então treinador da Argentina Sub-20 conta o que o agradou em Di Santo. “Era um centroavante muito interessante, com boa movimentação e muita técnica”. Inscrito com a camisa 16 no Sul-Americano, o jogador era o único estrangeiro na lista dos convocados. Entrou em campo cinco vezes e fez um gol no massacre por 6 x 0 sobre a Venezuela na fase de grupos.

O Brasil de Willian, Alexandre Pato, Cássio, Fagner e Luiz Adriano conquistou o título continental da categoria e a Argentina amargou o vice. Di Santo sentiu o peso da camisa e dos concorrentes e ficou fora da lista final para o Mundial Sub-20 2007, no Canadá. “Não deixei Di Santo fora por falta de condição técnica, pelo contrário. Eu sempre gostei bastante dele, mas na época eu tinha Sergio Agüero, Zárate e Piatti. Depois do Sul-Americano Sub-20, Di Santo foi para a Inglaterra (passou por Chelsea, Blackburn e Wigan) e estou contente com a chegada dele ao Brasil”, comentou Hugo Tocalli durante o bate-papo.

 

“Eu observei Franco Di Santo no Audax Italiano do Chile em 2006. Não o conhecia nem havia visto jogar. Gostei dele e o chamei para disputar o Campeonato Sul-Americano Sub-20 do Paraguai em 2007”

Hugo Tocalli

 

Sem Di Santo, a Argentina conquistou o Mundial Sub-20 2007 com uma geração formada por Sergio Romero, Federico Fazio, Gabriel Mercado, Éver Banega, Sergio Agüero e Ángel Di María.

Hugo Tocalli diz o que a torcida do Galo pode esperar de Di Santo. “Pode oferecer muito. É um centroavante técnico, goleador, letal, bastante rápido. Não é um velocista, mas é rápido. Tem bons movimentos e eu acredito que ele vai se dar muito bem no futebol brasileiro. Essas são as características dele desde que o conheci, não sei como está agora”, observou.

Atento ao futebol brasileiro, Hugo Tocalli mostrou perplexidade diante da quantidade de atacantes estrangeiros em atividade no futebol brasileiro. “Estou surpreso. O futebol brasileiro  sempre formou muitos camisas 9. Ver tantos centroavantes estrangeiros jogando no futebol brasileiro é surpreendente, mas aqui na Argentina também estão acontecendo muitas coisas que ninguém entende. O futebol está assim em toda parte do mundo”, riu Tocalli.

 

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