WhatsApp Image 2019-11-14 at 19.57.04 Rival do Brasil, o bicampeão México está na final pela quarta vez. Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press Rival do Brasil, o bicampeão México está na final pela quarta vez.

Potência no Mundial Sub-17, México precisa se curar da Síndrome de Peter Pan na Copa. País não passa das oitavas na competição adulta desde 1994

Publicado em Esporte

Adversário do Brasil neste domingo, às 19h, no Bezerrão, o México é uma potência no Mundial Sub-17, mas precisa sair da terra do nunca na Copa do Mundo. O país bicampeão da categoria sofre da Síndrome de Peter Pan. A impressionante competitividade no torneio para adolescentes entre 15 e 17 anos não atinge a maioridade. Vencedor do torneio em 2005 e em 2011, o México é reprovado infantilmente ano após ano nas oitavas Copa do Mundo. Não alcança as quartas desde que recebeu o megaevento pela última vez, em 1986.

O potencial do México para formar jogadores é inegável. Não faltam talentos. Aparentemente, o pecado está na transição. A seleção está na final pela quarta vez. Derrubou o Brasil na decisão de 2005. O Uruguai, em 2011. Foi vice contra a Nigéria em 2013 e quarto colocado em 2015. Para se ter uma ideia, Argentina, Alemanha, Espanha, Itália e Uruguai jamais conquistaram o Mundial Sub-17.  Portanto, a camisa mexicana pesa demais nesta faixa etária.

Nas demais categorias, o México se apequena. Foi vice-campeão do Mundial Sub-20 em 1977. Voltou a figurar entre os quatro melhores no terceiro lugar obtido em 2011. O desempenho desanda na Copa do Mundo. As melhores campanhas foram em casa: sexto lugar nas edições de 1970 e de 1986, ou seja, jamais passou das quartas de final. Ausente na Copa em 1990, o México amarga a maldição das oitavas há sete edições consecutivas. Os carrascos em série foram Bulgária (1994), Alemanha (1998), Estados Unidos (2002), Argentina (2006 e 2010), Holanda (2014) e Brasil (2018).

Neste período de fracassos na Copa, o México foi bicampeão do Mundial Sub-17. A geração vencedora do torneio em 2005 colocou na vitrine os badalados Carlos Vela e Giovanni dos Santos, este último, cria do Barcelona. Os heróis do bi de 2011 praticamente não vingaram na seleção principal. Há claramente problema na transição dos adolescentes para a vida adulta, profissional no futebol. Assim como acontece no Brasil, jogadores se perdem na caminhada.

Questionei um amigo jornalista mexicano sobre o tema. Ele respondeu a minha indagação com vários pontos de interrogação. Não sabe se o drama mexicano tem a ver com dinheiro, a pressão da carreira profissional, os agentes, os interesses econômicos na indústria do futebol ou, quem sabe, o alto nível do jogo adulto, ou  o aperfeiçoamento nas etapas de formação.

Alguns dirão que o México conquistou a Copa das Confederações em 1999 contra o Brasil. Faturou também a medalha de ouro (contra o Brasil) nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e jamais perdeu decisão de título contra a poderosa camisa verde-amarela. Sim, é verdade, mas esse desempenho é tão pequeno quanto o domínio na região da Concacaf. É possível ir além.

A geração que disputará a final do Mundial Sub-17 contra o Brasil tem idade para chegar amadurecida na Copa do Mundo de 2026. O México receberá o torneio em parceria com os Estados Unidos e o Canadá. Os adolescentes serão homens com média de idade de 26 anos. Em tese, apostas como Efrain Álvarez e Israel Luna estarão próximos do auge.

Uma das virtudes da Liga MX, como é chamado o badalado campeonato nacional deles, é a cota para jovens. Todos os times são obrigados a conceder pelo menos 1.000 minutos de jogo para atletas menores de 21 anos. Antes, eram 750 minutos. A medida começou lá atrás, de 2005 a 2011, quando o México colocou no holofote Chicharito Hernández, Hector Moreno e Andres Guardado.

Dos 21 convocados para o Mundial Sub-17 no Brasil, oito pertencem a dois clubes: Chivas Guadalajara e Pachuca. A combinação pode ser a receita para o México superar a Síndrome de Peter Pan e finalmente tirar a seleção da terra do nunca. Afinal, sete eliminações consecutivas nas oitavas de fina do principal torneio de seleções do planeta é a prova de que a Copa do Mundo separa os homens dos meninos. Passou da hora de crescer, México!

 

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