Andre Jardine André Jardine é mais um técnico promissor em processo de fritura. Foto: Rubens Chiri/SPFC André Jardine é mais um técnico promissor ameaçado de ser queimado por um clube grande.

Dos recomeços de Osmar Loss e Maurício Barbieri ao drama de André Jardine no São Paulo

Publicado em Esporte

Os dirigentes do futebol brasileiro têm uma dificuldade imensa de estabelecer uma hierarquia entre os técnicos do futebol brasileiro, de separá-los em diferentes prateleiras. O Flamengo era muita areia para o caminhão de Maurício Barbieri. O Corinthians também para Osmar Loss. Como lembra o colega Victor Gammaro, ambos fazem bons trabalhos neste início de temporada à frente do Goiás e do Guarani, respectivamente. Não são treinadores ruins, longe disso. Eles simplesmente não estavam à altura dos desafios e das cobranças em dois clubes gigantes do país. Toparam dar um passo atrás, como fez Rogério Ceni no ano passado ao levar o Fortaleza ao título da Série B do Campeonato Brasileiro.

O São Paulo pode ser eliminado na segunda fase eliminatória da Libertadores justamente por repetir os erros dos presidentes Eduardo Bandeira de Mello e Andés Sanches. André Jardine tem todos os pré-requisitos para ser um bom técnico. Provou isso nas divisões de base. Entre os profissionais, ainda não. Mostrou na reta final do Brasileirão 2018 que não estava pronto para guiar o São Paulo no torneio continental. A diretoria tricolor não observou as prateleiras.

Em vez de entregar a responsabilidade a um figurão, a um treinador com bagagem suficiente para comandar cobras como Nenê, Diego Souza, Hernanes, Jucilei, e com lombo suportar as chicotadas da torcida, preferiu delegar a prancheta a um ambicioso aprendiz. Um novo Loss. Um novo Barbieri, André Jardine arrisca ser mais um promissor profissional queimado pela falta de visão dos cartolas. Neste caso, falo de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

Não é possível que ele não tenha prestado atenção no quintal dos vizinhos. No ano passado, Andrés Sanches escolheu Osmar Loss para tocar o trabalho deixado por Fábio Carille. Demorou a perceber que o iniciante estava tendo dificuldade. O calouro Osmar Loss foi eliminado da Libertadores pelo Colo-Colo, do Chile, nas oitavas de final. Pior do que demiti-lo, foi devolvê-lo ao cargo de auxiliar. Enfiar goela abaixo o cargo de assistente de Jair Ventura. No início, ele até topou. Porém, logo resolveu pedir as contas e deixar o clube paulista para seguir carreira solo.

Osmar Loss está no Guarani. O clube de Campinas é areia do tamanho exato do caminhão dele. Uma excelente oportunidade de crescimento. Disputa o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e participará da Série B — prioridade do Bugre. O time de Loss derrotou o Corinthians e o São Paulo. Briga com o Novorizontino pelo segundo lugar do Grupo B do Estadual.

Eduardo Bandeira de Mello despediu Paulo César Carpegiani em 2018. Apostou no auxiliar Maurício Barbieri. O aprendiz liderou 13 das 38 rodadas do Campeonato Brasileiro. Foi eliminado pelo Cruzeiro nas oitavas de final da Libertadores e pelo Corinthians, de Jair Ventura, nas semifinais da Copa do Brasil. Quando a cúpula rubro-negra percebeu que necessitava de um técnico da prateleira mais alta do mercado, Dorival Júnior não tinha mais tempo para tomar o primeiro lugar do Palmeiras.

Maurício Barbieri assumiu o Goiás. Tem campanha de 100% na temporada. Lidera o Campeonato Goiano. O time esmeraldino não sofreu gol em jogos oficiais neste ano. A equipe cabe na caçamba do caminhão dele.

Flamengo e Corinthians aprenderam a lição. Delegaram a prancheta a treinadores à altura dos desafios e das cobranças: Fábio Carille e Abel Braga, respectivamente. A temporada acaba de começar, e o São Paulo está numa encruzilhada parecida com a de rubro-negros e alvinegros em 2018: manter André Jardine até o confronto de volta com o Talleres na próxima quarta-feira, no Morumbi, como obrigação de vencer por três gols de diferença, ou mudar os rumos?

 

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