No Dia da Consciência Negra, meu personagem é o capitão que pode erguer o troféu hoje no Mané

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No Dia da Consciência Negra, meu personagem é um ídolo que pode erguer a taça de campeão da Série B nesta sexta-feira, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Não é fácil ser um dos goleiros da Seleção Brasileira — titular no fim do ano passado — e topar permanecer no clube do coração depois de um rebaixamento para a segunda divisão. O goleiro Jefferson deu, talvez, um dos maiores exemplos de amor à camisa dos últimos tempos. Repetiu, por exemplo, o que fez Marcos no Palmeiras, em 2003. São Marcos acabara de se tornar pentacampeão do mundo na Copa de 2002 vestindo a camisa 1 do time de Felipão e amargou a queda para a segunda divisão. Assim como Jefferson, era o titular da Seleção, mas não arrancou o pé do Palmeiras.

A diretoria do Botafogo chegou ao limite para renovar o contrato de Jefferson. Prometeu sem saber se conseguiria cumprir o que havia sido assinado. Endividada, criou até um site para os torcedores e simpatizantes do goleiro Jefferson contribuírem financeiramente para ajudar a pagar o salário do símbolo do clube de General Severiano.

A campanha #NossoJefferson, lançada em janeiro pelo presidente Carlos Eduardo Pereira, durou oito meses. Encerrada em agosto, arrecadou pouco mais de R$ 23 mil. Menos de 10% do salário do ídolo. Jefferson renovou contrato até 2017 por R$ 250 mil mensais. Apesar da baixa adesão à vaquinha alvinegra, Jefferson continuou sendo o ícone da volta por cima do Glorioso. Hoje, no estádio batizado com o nome do maior ídolo da história do clube — Mané Garrincha — ele tem a chance de coroar a permanência no Botafogo erguendo a taça de campeão brasileiro da Série B.

Em janeiro, fiz uma entrevista com Jefferson publicada no Correio Braziliense e reproduzida aqui no blog. Uma das perguntas foi esta:

Você já foi vítima de injúria racial no mundo do futebol?

Jefferson respondeu: “Graças a Deus nunca sofri nenhum tipo de ato racista na minha carreira, mas recrimino veementemente qualquer ato de discriminação racial. Sempre fui tratado com muito respeito pelos torcedores do Botafogo e das outras equipes”.

Uma outra pergunta foi esta: Em 2002, o Marcos era titular da Seleção, foi rebaixado com o Palmeiras e permaneceu no clube para a Série B. Em 2015, você faz o mesmo no Botafogo. Por que ficou?

A resposta de Jefferson derrete o coração do torcedor alvinegro mais insensível. “Tenho uma gratidão muito grande pelo Botafogo. No momento em que eu mais precisei, foi o clube que estendeu a mão e me proporcionou retomar minha carreira após passagem pela Europa. Além disso, foi o clube que me fez chegar à Seleção, e isso ficará marcado para sempre. Em todas as minhas entrevistas, eu disse que queria encerrar a minha carreira no Botafogo e estou seguindo para esse caminho”.

Parabéns, Jefferson, o ídolo negro de uma “nação” alvinegra.