Uma tentativa de cavar pênalti contra o fraquíssimo El Salvador seguido de um discutível cartão amarelo acompanhado do incontrolável riso do árbitro norte-americano Jair Marrufo. Cinco dias depois de Tite anunciar o fim do rodízio de capitães e delegar a braçadeira a Neymar sob o argumento de que as pessoas amadurecem, o camisa 10 contrariou o discurso.
Levantamento do blog aponta que Neymar coleciona 20 cartões amarelos em 92 jogos com a camisa da Seleção principal (relação no fim deste post). Metade das advertências foram em amistosos. A quantidade é absurda se comparada com os números de pelo menos três veteranos da defesa. O lateral-direito Daniel Alves contabiliza 16 cartões amarelos. O lateral-esquerdo Marcelo, 10. O zagueiro Thiago Silva tem oito.
Com a braçadeira de capitão, são 17 jogos — 15 na era Dunga e dois sob as ordens de Tite. Neymar recebeu quatro cartões amarelos e um vermelho com a faixa no braço. Foi expulso na derrota para a Colômbia, por 2 x 0, na segunda rodada da Copa América de 2015, no Chile.
Escrevi aqui na última sexta-feira que Neymar não deveria ser o capitão. O atacante exerce a liderança técnica. Não há motivo para aumentar o fardo sobre os ombros dele pendurando uma braçadeira de capitão. Totalmente desnecessário. Por que não o volante Casemiro, o zagueiro Marquinhos — com idade para a Copa disputar a Copa do Catar, ou o experiente Thiago Silva, que pode disputar a Copa América-2019.
Cartões dos astros nas seleções
- Cristiano Ronaldo (Portugal): 22 amarelos, nenhum vermelho em 154 jogos
- Neymar (Brasil): 20 amarelos, 1 vermelho em 92 jogos
- Luis Suárez (Uruguai): 16 amarelos, 2 vermelhos em 104 jogos
- Cavani (Uruguai): 11 amarelos, 1 vermelho em 105 jogos
- Lionel Messi (Argentina): 8 amarelos, 1 vermelho em 128 jogos
- Modric (Croácia): 5 amarelos, nenhum vermelho em 115 jogos
- Hazard (Bélgica): 3 amarelos, nenhum vermelho em 94 jogos
- Griezmann (França): 2 amarelos, nenhum vermelho em 63 jogos
- Mohamed Salah (Egito): 2 amarelos, nenhum vermelho em 54 jogos
- Harry Kane (Inglaterra): nenhum amarelo, nenhum vermelho em 32 jogos
Enquanto Neymar usar a faixa, ficará muito mais preocupado em ser quem não é, ou seja, evitar cartões para honrar o posto de capitão, do que em jogar bola. Com os dois gols de pênalti nos amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, o terceiro maior artilheiro da Seleção alcançou a marca de 59 com a amarelinha. Faltam quatro para superar Ronaldo.
Em vez de falar da marca fenomenal, teve de tentar justificar o injustificável cartão amarelo contra El Salvador. “É uma falta de respeito, não só comigo como com os meus companheiros também. Jogar com cartão amarelo é complicado. O cara (árbitro) vem aqui apitar um jogo da Seleção Brasileira, que é uma seleção muito grande, e faz uma palhaçada dessa que ele fez… Eu acho que não está correto. Se ele não quiser marcar o pênalti, não tem problema nenhum, mas o cartão é desnecessário”, disse ao SporTV depois da partida.
Neymar fez uma armadilha para si. E deixou claro que está cada vez mais difícil sair dela. “Eu não sei o que eu tenho que fazer para conviver com isso, não tem como ficar em pé num lance como esse. Eu acho que tem que acabar com isso, mas não cabe a mim, tanto que eu nem falei nada, segui com o meu futebol”. Se seguir com a braçadeira, Neymar continuará tentando ser quem não é, ou seja, jamais será quem esperam que ele seja.
Todos os cartões amarelos de Neymar na Seleção (em destaque os jogos em que ele era o capitão)
Resumo: 20 cartões amarelos, 1 vermelho como capitão contra a Colômbia na Copa América de 2015, em 92 jogos pela Seleção