Sonia cura Patric, Sônia e o filho: unidos pela fé em 39 dias de internação Patric, Sônia e o filho: unidos pela fé em 39 dias de internação

Na saúde e na doença | Parte 2: Curada de lúpus no Japão, missionária Sônia Oliveira conta como a fé e o esposo Patric, ex-Vasco, ajudaram a transformá-la em um fenômeno nas redes sociais

Publicado em Esporte

Enquanto Patric, ex-Vasco, brilha dentro das quatro linhas com a camisa do Gamba Osaka, a ponto de ser alvo da seleção do Japão para a Copa do Qatar-2022, como mostrou a primeira parte da entrevista, a esposa dele, Sônia Oliveira, é um fenômeno nas redes sociais. Curada de lúpus — doença autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos —, ela usa o canal Princesas do Senhor no YouTube e outras ferramentas, como o WhatsApp, para viralizar o testemunho da fase mais difícil da vida: a luta pela vida.

“Foram 39 dias internada em um hospital, no Japão, onde você não conhece a língua e não tem tradutor 24 horas por dia. Era bem complicado conversar com os médicos. O corpo da minha esposa foi transformado, desfigurado. Eu olhava para ela e não reconhecia. Ela tomava quase 60mg de corticoide”, conta Patric ao blog.

Sônia Oliveira conta na entrevista a seguir que a ideia de enfrentar o tratamento gravando vídeos do leito do hospital para pessoas do mundo inteiro evitou suicídios e mudou a história de vidas que estavam conectadas com ela em outros cantos do mundo, a ponto de fazer reuniões presenciais com até 400 mulheres nas vindas ao Brasil. Um dos encontros teve a presença da empresária, atriz e ex-modelo Luiza Brunet, nomeada no ano passado embaixadora do programa Mãos Empenhadas Contra a Violência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

A medicina diz que ainda não há cura para lúpus, definida como uma doença autoimune com a qual é possível conviver, mas Patric e Sônia apontam que a receita veio dos céus. “A cura foi a fé dela com Deus e eu dando suporte por fora. Estudei sobre a doença, Li depoimentos de gente no Brasil. Mulher é muito vaidosa, fica imaginando como o marido vai olhar. O tempo dela com Deus não permitiu que ela se escondesse da sociedade”

 

As transformações de Sônia Oliveira no tratamento durante a internação no Japão

 

Patric conta que ele e Sônia fazem revisão do tratamento no Brasil. A cada consulta, o médico se surpreende. “É um japonês. Ele sempre diz: ‘poxa, você está praticamente normal’. Ela (Sônia) pede o laudo, mas ele brinca: ‘não posso fazer isso. O pessoal vai dizer que eu estou louco. Quem vai ser curado de lúpus no mundo? Mas ela acredita que Deus a curou”, relata o jogador. 

Casada há 13 anos com Patric, Sônia Oliveira chama o atacante brasileiro do Gamba Osaka de “anjo da guarda”. O jogador chegou a parar de jogar para cuidar dela no início do relacionamento, quando foi diagnosticada com “esquizofrenia e depressão profunda”, revela Sônia. Depois, encorajou a esposa no tratamento de lúpus e decidiu bancar o canal no YouTube, as viagens e os congressos em que a Sônia ajuda pessoas.

Atualmente, abraçaram a causa contra a pandemia do novo coronavírus. Além das mensagens virtuais de Sônia, Patric arrecadou alimentos para famílias carentes do Pará e do Amapá. Uma forma de agradecer pelo que Deus tem feito pelo casal na saúde e na doença. “Nesse tempo de pandemia, a minha esposa estava quase 15 dias seguidos fazendo live, arrecadando e ajudando com alimentos no Pará e no Amapá. Ela é muito sensível. Viemos de famílias pobres. Ajudamos com geladeira, alimentos, distribuímos 200 cestas básicas em cada cidade”.

 

Como funcionam as suas ações nas mídias sociais?
Sônia Oliveira — Eu me apresento como missionária de Cristo. As pessoas me conhecem nas redes sociais como missionária Sônia Oliveira. Hoje, o meu trabalho é de autoajuda. A minha única vontade e prazer é ajudar as pessoas por meio do evangelho. Trabalho com vidas de pessoas que perderam a esperança, foram desenganadas, como eu fui um dia, a encontrar força em Deus, coragem. É tudo que nós precisamos para enfrentar as dificuldades. Em alguns momentos, ficamos numa encruzilhada, sem saber para onde ir. É neste momento que devemos seguir o único caminho: Jesus. Tenho tentado mostrar isso para as pessoas.

 

Há quanto tempo faz esse trabalho?
Há três anos, fui diagnosticada com uma doença chamada Lúpus. Eu estava numa situação muito difícil. A medicina disse que o quadro era irreversível. A doença tinha atacado os meus rins. Fui submetida a um tratamento longo. Fiquei 40 dias internada. Os médicos perguntaram no hospital se eu gostava de ler, de escrever. Eles sabiam que o tratamento traria dificuldades à minha autoestima. A minha fisionomia seria destruída e ficaram preocupados sobre como eu me veria. Eu havia criado sozinha uma página na internet, mas não usava como passei a usar. Eu disse que gostava de fazer vídeo e eles me deram essa oportunidade.

 

Você começou a influenciar pessoas com vídeos de dentro do hospital?
Comecei a falar sobre o amor de Deus. Fui diagnosticada com outros problemas causados pela doença e o tratamento era muito forte. Tive começo de diabetes, osteoporose, insuficiência renal… Eu estava vivendo sob opressão. Comecei a fazer o vídeo e a dizer que tudo na vida tem jeito. Citei o meu caso. Disse que eu estava debilitada dentro de um hospital lutando pela minha vida, desenganada pelos médicos. Eu falei que me restava acreditar que Deus entraria e tomaria conta da minha vida.

 

Há três anos, fui diagnosticada com uma doença chamada lúpus. A medicina disse que o quadro era irreversível. Fiquei 39 dias internada. Os médicos perguntaram no hospital se eu gostava de ler, de escrever. Eles sabiam que o tratamento traria dificuldades à minha autoestima. A minha fisionomia seria destruída. Eu disse que gostava de fazer vídeo e eles me deram essa oportunidade. Comecei a fazer o vídeo e a dizer que tudo na vida tem jeito. Citei o meu caso. Disse que eu estava debilitada dentro de um hospital lutando pela minha vida, desenganada pelos médicos. Eu falei que me restava acreditar que Deus entraria e tomaria conta da minha vida

 

Qual foi o alcance?
Tinha uma mulher que estava disposta a tirar a própria vida. Quando ela pegou o celular, alguém compartilhou meu vídeo. Ela viu e entrou em contato comigo. Assim, começou a crescer o canal Princesas do Senhor. O nome dessa mulher é Vanice. Estive com ela, conversamos, e ela conta o testemunho. Foi assim que esse projeto começou. Temos congressos. Vou ao Brasil, uno as mulheres que me seguem e cada culto tem dado média de 300, 400 pessoas. Em 2019, fizemos cultos no Pará em Tucuruí, Castanhal e Cametá.

 

Como surgiu essa ideia?
Eu gravava vídeos diários, às 9h. Tinha uma hora. Ninguém entrava no quarto (do hospital) nesse período. Eles viram que aquilo estava me ajudando. Eu sentia dores. O tratamento era muito forte. Eu não recebia visita de ninguém, estava isolada. Na época, eu fiz uma pulso terapia. Passava o dia inteiro tomando soro. Os vídeos amenizavam a minha dor.

 

A atriz Luiza Brunet em uma das reuniões de Sônia Oliveira. Foto: Alex Santos/Promotion Brasil

 

Os vídeos também funcionavam como terapia…
Quando eu entrava ao vivo, eu me sentia outra pessoa. Esquecia os problemas. Achei um escape. Eu conseguia ver resultados (choro). Comecei a entender os sonhos de Deus para as nossas vidas. Aceitei Jesus aos 13 anos, mas, verdadeiramente, tive encontro com ele há três anos, desenganada dentro de um quarto de hospital. Esse trabalho me dá vida todos os dias. Faço o trabalho com muito amor. Quando comecei o canal eram 300 pessoas, hoje, são mais de 7.900. Falo sobre o amor de Deus um dia sim outro não. Tenho também um grupo no WhatsApp em que cerca de 200 mulheres me acompanham.

 

Fazia isso antes de botar em prática no seu canal no YouTube?
Eu sempre tive muito amor pelas pessoas. Vim de uma família muito pobre. Sofri muito preconceito na minha vida. Fui mãe com 14 anos. Meu pai me expulsou de casa. Tive uma vida muito difícil. Sempre sonhei que Deus poderia me dar oportunidade de eu fazer pelas pessoas o que não fizeram por mim. Aos 17 anos, fui diagnosticada com esquizofrenia, depressão profunda. Tive um laudo médico de que eu estava louca. Eu sou um milagre, viu.

 

Tinha uma mulher que estava disposta a tirar a própria vida. Quando ela pegou o celular, alguém compartilhou meu vídeo. Ela viu e entrou em contato comigo. Assim, começou a crescer o canal Princesas do Senhor. O nome dessa mulher é Vanice. Estive com ela, conversamos, e ela conta o testemunho. Foi assim que esse projeto começou. Quando eu entrava ao vivo, eu me sentia outra pessoa. Esquecia os problemas. Achei um escape. Eu conseguia ver resultados (choro)

 

Você conhecia o Patric quando isso aconteceu?
Isso (esquizofrenia, depressão) foi na época em que eu conheci o Patric. Eu estava em transe. Conheci o Patric numa festa. No dia seguinte, eu não o reconhecia. Eu tinha surtos sérios, mas o amor de Deus e do Patric supriram as minhas necessidades.

 

Como o Patric ajudou você?
Logo no começo do nosso relacionamento, o Patric jogava em um time pequeno da minha cidade chamada Cametá (PA). Ele parou para cuidar de mim. Foram dias bem difíceis, mas o Senhor entrou e mudou a minha vida. Dali em diante, eu sempre testemunhava onde eu ia. Estamos aqui no Japão há oito anos. Eu fazia um vídeo aqui, outro ali, mas não como é hoje.

 

Testemunhos contados para as seguidoras nas redes sociais e em turnês pelo Brasil

 

Qual é o retorno do seu canal?
Ver a alegria das pessoas. Saber que Deus usa a minha vida como instrumento para transmitir esperança, solução. Não recebo apoio, a não ser de Deus e do meu marido. Retorno financeiro nenhum. Trabalho eu, minha filha, meu genro e uma amiga chamada Sílvia. Quando estou no Japão, visito brasileiros que precisam de ajuda, de medicamentos, supro as necessidades com alimento, com o que eu posso. É uma obra que faço em oculto, quase não divulgo e atendo pessoas no WhatsApp financeiramente, espiritualmente. Quando estou no Brasil, vou para a estrada com a minha filha e a gente monta o altar. Não sou vinculada a igreja nenhuma. Até sofro preconceito.

 

O investimento é alto?
Todo o investimento financeiro, e não são baixos, custam por volta de R$ 30 40 mil por ano. Não tenho retorno financeiro. Deus tem suprido as minhas necessidades. Meu grande amigo nessa obra é o Patric. Não trabalho. Ele supre as minhas necessidades por meio do futebol. Abri mão de cirurgia plástica, tratamentos estéticos, tudo para ajudar pessoas.

 

Todo o investimento financeiro, e não são baixos, custam por volta de R$ 30 40 mil por ano. Não tenho retorno financeiro. Deus tem suprido as minhas necessidades. Meu grande amigo nessa obra é o Patric. Não trabalho. Ele supre as minhas necessidades por meio do futebol. Abri mão de cirurgia plástica, tratamentos estéticos, tudo para ajudar pessoas.

 

O Japão ajuda nesse projeto por ser um país de calma e tranquilidade?
Ajuda a ter tranquilidade, paz. Apesar de muitas coisas (catástrofes) naturais que acontecem aqui, o país tem compromisso social muito grande. Meu filho sai para a escola às 7h, volta às 16h, sozinho, mas sei que ele chegará em segurança. Além de Deus cuidar dele, os japoneses são muito cuidados. Estamos em Osaka, onde meu marido é muito amado. Os japoneses são maravilhosos com a gente. Quando estive doente, recebia presentes. Tenho paz para fazer o meu trabalho com amor.

 

Os japoneses têm acesso à sua palavra?
Tenho alcançado alguns japoneses. Três ou quatro estão na igreja, hoje, por meio do canal. O amigo indica e eles vão escutando. Acabam me conhecendo. É muito difícil falar, conversar, porque o idioma é muito difícil. Tenho muitos seguidores japoneses e de todas as partes do mundo que, quando publico alguma coisa, estão sempre ali curtindo, mandando mensagens, se esforçando para falar comigo.

 

Treze anos de casados: “O Patric é o meu anjo da guarda”

 

E o Patric? Como vê isso? Qual é a participação dele nesta ideia?

O Patric é um instrumento de Deus na minha vida. Meu amor, meu melhor amigo. É quem me apoia, investe. Tudo tem vindo da vida dele. Deus tem abençoado a carreira dele e, com isso, Deus tem suprido as viagens que eu faço, as pessoas que eu chamo para o evento. Ele é o meu anjo da guarda, aquele que está ao meu lado. Ele sabe o quanto eu amo fazer isso e apoia.

 

Patric ajudou a mudar a sua vida?
É o melhor presente que Deus me enviou. Quando eu conheci o Patric, eu não era mãe, não cuidava da minha filha, de mim, eu não tinha vida. Ele cuidou de mim, da minha família, dela (filha), e hoje é ele quem me dá força. Temos 13 anos de casamento. A gente se conheceu num dia e depois estávamos morando juntos. Ele é o amor da minha vida. Ele tem olhado para mim e falado que tem orgulho de mim. Ele é a minha estrutura.

 

Vim de uma família muito pobre. Sofri muito preconceito na minha vida. Fui mãe com 14 anos. Meu pai me expulsou de casa. Tive uma vida muito difícil. Sempre sonhei que Deus poderia me dar oportunidade de eu fazer pelas pessoas o que não fizeram por mim. Aos 17 anos, fui diagnosticada com esquizofrenia, depressão profunda. Tive um laudo médico de que eu estava louca. Eu sou um milagre. Patric é o melhor presente que Deus me enviou. Quando eu conheci o Patric, eu não era mãe, não cuidava da minha filha, de mim, eu não tinha vida. Ele cuidou. É o meu anjo da guarda

 

Quais são os seus projetos?
Meu objetivo é abrir uma ONG. Ter uma casa de apoio, onde eu possa ajudar mulheres que, assim como eu, tem dificuldades na vida. Quero ajudar pessoas que não têm aonde ficar em caso de doença. Só quando a gente passa o que eu passei, é desenganado pela medicina, a gente sabe o quanto é difícil superar momentos como esse.

 

Você perdeu um irmão…
Um ano antes de eu adoecer, eu perdi um irmão com câncer. Ele morava no interior. Mesmo eu tendo condições financeiras de tirá-lo do interior e levá-lo para a capital, a dificuldade foi muito grande. Eu consegui o tratamento, mas (a doença) estava muito avançada. Ali nasceu a ideia de abrir uma casa de apoio, um lugar para as pessoas ficarem enquanto esperam seus tratamentos.

 

Essa seria mais uma parte da sua gratidão pela cura?
Pretendo contar ao mundo o que Deus fez na minha vida. Estou à espera de uma igreja que queira se unir a mim. Até aqui, Deus tem me suprido. Quando disseram que iria morrer, Deus me deu vida. Quero usá-la para contar que Ele mudou a minha e pode mudar a sua.

 

***FIM***

 

 

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